Publicado em 15/07/2024 as 5:00pm
Coluna Debora Corsi: MEMÓRIAS
Você conhece um versículo do Antigo Testamento que diz: “Quero trazer à memória o que me...
Você conhece um versículo do Antigo Testamento que diz: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança”? Ele se encontra em Lamentações 3:21.
Independentemente da sua resposta, convido você a refletir sobre estas palavras. Sempre que leio este versículo, me concentro na palavra ESPERANÇA, pois muitas das nossas memórias não nos conduzem ao campo das possibilidades. Isso ocorre porque vivemos entre a ansiedade e medo.
Ao longo do nosso dia, diversas lembranças passam por nossa mente, e basta um evento desagradável para que nosso cérebro retorne ao passado, comparando momentos ou pessoas, ou conjecturando o que pode ou não acontecer. O presente, muitas vezes, é comprometido por falsas expectativas e lembranças traumáticas.
A chamada do versículo 21 de Lamentações é um alerta para revisarmos o que estamos recordando, pois, nossa saúde emocional também depende disso. Ninguém tem uma bola de cristal para prever o futuro, assim como não existe uma borracha para apagar os fracassos do passado. O que realmente precisamos é treinar nossa mente diariamente. Aqui vão algumas dicas para reflexão:
1.Não perca tempo com pensamentos que não edificam.
2.Se um pensamento não vai mudar sua vida, não gaste nem dez minutos com ele
3.Quando uma lembrança te paralisa, reaja, pois nem todas são saudades. Alguns pensamentos surgem apenas para frustrar nosso dia.
4.O passado não deve ser carregado. Perdoe-se e liberte-se.
5.Seu cérebro não é um depósito de lixo; portanto, descarte palavras que tentam sequestrar sua mente.
É claro que existem memórias saudáveis, e elas fazem parte da história que construímos até aqui. Em reuniões familiares, sempre há alguém que resolve contar sobre a infância, as fases divertidas na escola, as barreiras superadas para alcançar uma conquista desejada e tantos outros episódios que podem até fazer nossos olhos lacrimejarem, mas que deixam nossa alma leve. Nesses momentos, vale a pena se apegar a essas memórias, pois elas trazem bem-estar.
Segundo a doutora Sonia Maria Dozzia Brucki, coordenadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), quando nos lembramos de algum fato, as áreas cerebrais ativadas são semelhantes às que foram ativadas quando vivemos aquela experiência, incluindo aspectos visuais, auditivos, olfativos, prazerosos ou dolorosos que aquela situação nos proporcionou. "Se você tem lembranças positivas, por exemplo, essa sensação de bem-estar será reativada, e vice-versa", afirma a neurologista.
Apesar disso, as memórias de cunho positivo e negativo não ativam as mesmas regiões do cérebro, segundo uma revisão sistemática publicada na revista Brazilian Journal of Psychiatry em 2015. (Fonte: "Tem uma lembrança feliz? Guarde-a bem! Ela pode tratar depressão e traumas" - 23/07/2022 - UOL VivaBem)
Terminarei o texto da mesma forma que comecei, ou seja, fazendo-lhe uma pergunta: o que você traz à memória te dá esperança ou desespero?