Publicado em 15/07/2024 as 9:00pm
Coluna Liza Andrews: O Segredo Para Se Tornar Fotogênico
Sem dúvida, os smartphones revolucionaram nossa comunicação, substituindo as chamadas...
Sem dúvida, os smartphones revolucionaram nossa comunicação, substituindo as chamadas telefônicas por mensagens de texto; assim como a forma de fazermos compras e realizarmos tarefas, uma vez que temos nossos bancos, restaurantes e lojas favoritas na ponta dos dedos.
O que percebi, depois de duas décadas ensinando meu curso “Como se Tornar Fotogênico,” foi que os smartphones também mudaram a forma como as pessoas lidam com suas fotos.
Se uma câmera sem visor tivesse sido embutida na parte traseira do smartphone, seria a mera inclusão de outro dispositivo, como uma lanterna ou uma calculadora. Mas uma câmera de fazer “selfies” que permite que nos vejamos na tela é outro departamento. Criou-se uma nova relação com a experiência de tirar fotos e lidar com a autoimagem.
Por volta de 2015, comecei a ouvir opiniões polêmicas sobre o uso das “câmeras de selfie”, e iniciei uma pesquisa sobre o assunto, fazendo uma pergunta simples: “Qual é a sua experiência emocional ao tirar selfies?” Minha amostra incluiu 522 pessoas, e resultou em algumas conclusões. Explicarei os detalhes técnicos do uso dessa câmera compacta — que muitas vezes distorce a imagem—e, o mais importante, a psicologia por trás disso.
Quando tudo o que tínhamos eram câmeras regulares, era operacionalmente difícil para alguém tirar suas próprias fotos. Quem teve prática aprendeu a esticar os braços nos ângulos certos para isso; ou profissionalmente, usamos tripés e controle remoto. A maioria das pessoas, entretanto, tinha suas fotos tiradas por outras pessoas. Com isso, tiveram que aprender a posar e, com a prática, nos tornávamos fotogênicos— na tentativa e erro. Alguém tiraria uma foto sua, você olharia depois de revelada, e descobriria se aquele sorriso ou pose te favoreceu ou não. Se assim fosse, você a repetiria. Se não, tentaria outra coisa. Até modelos e estrelas de cinema prestavam atenção ao que faziam com seus rostos e corpos para garantir uma ótima foto. Outros, após algumas tentativas frustradas, se autodenominavam “não fotogênicos” e evitavam ao máximo serem fotografados.
Com a criação dos smartphones e suas câmaras de selfie, fomos apresentados a esta nova tecnologia que permitia que alguém olhasse para si próprio e posasse até ficar satisfeito com sua expressão e sorriso. Para alguns, essa tecnologia de clicar na hora certa era considerada “mágica,” uma oportunidade de estar no controle e sempre ter uma boa aparência. Mais de dez anos depois, aqui estão as razões pelas quais inúmeros indivíduos ainda não gostam de selfies, e por que as selfies podem ser um obstáculo para que nos tornemos verdadeiramente fotogênicos.
Entenda que é tudo uma questão de autoconhecimento, não da câmera utilizada. Não existem ferramentas mágicas. Tornar-se fotogênico depende do quão familiarizado você está com suas expressões faciais. No meu método, esse estudo do seu rosto se chama “Mapeamento Corporal,” e é essencial para que você fique bem diante das câmeras.
Em essência, independentemente da câmera que você usa, ou se você consegue ou não ver seu rosto antes de se fotografar, você só se destacará na arte de ser fotogênico se não fugir da prática.
Pessoas que adoram tirar fotos se beneficiam ao tirar selfies porque, ao olharem para si mesmas e tentarem poses diferentes, estão acidentalmente "mapeando o corpo". Elas aprendem quais ângulos e expressões funcionam melhor e, eventualmente, pelo bom senso, repetirão apenas as poses que funcionam.
No outro extremo do espectro, para quem não gosta de tirar fotos, a teórica facilidade de se fazer selfies pode ser extremamente frustrante quando eles não conseguem. Isto ocorre pois em geral, quem não se acha fotogênico evita as câmeras e por isso não pratica. Se antes eles odiavam ser fotografados, não é diferente quando ganham uma câmera de selfies. Na verdade, tirar selfies pode até dificultar toda a “experiência da sessão de fotos,” já que essas pessoas passarão mais tempo se vendo na tela e lutando para encontrar a pose certa. A ansiedade os fará clicar antes de estarem prontos. Provavelmente não gostarão do resultado e perpetuarão a idéia de que não são fotogênicos.
Observe que o verdadeiro problema é a falta de familiaridade em tirar fotos. Indivíduos inexperientes com câmeras podem ainda piorar as coisas por estarem se fotografando sob luzes ruins, que enfatizam olheiras e linhas faciais; aproximando a câmera demais do rosto ou num ângulo errado, que causa distorção. Se algum desses problemas lhe parecem familiares, recomendo abraçar o desafio de tirar o máximo de selfies possível.
Dicas do Especialista:
1- Mantenha a câmera acima de você e a alguma distância (não muito perto do seu rosto).
2- Tire fotos olhando para frente e de ambos os lados do rosto, com sorrisos pequenos, médios e grandes.
3- Depois encare as fotos como se fossem de outra pessoa. Tente não se emocionar nem apagar as “fotos ruins”.
4-Analise para se melhorar: Olhe para as fotos, e anote o que gostou e o que não gostou.
5- Dê um descanso e, um ou dois dias depois, leia suas anotações e tire uma nova série de fotos, nas mesmas poses, evitando o que você não gostou. Por exemplo, posso pensar que se der uma “sorrisão”, muitas linhas se formarão ao redor dos meus olhos, então praticarei um sorriso médio.
Um erro comum é que as pessoas não explorem a área cinzenta entre o que gostam e o que não gostam. Digamos que eu não goste do meu sorriso mais amplo, pois rugas se formam e me fazem parecer mais velha, e pro extremo, vou direto para uma expressão séria, que faz com que minhas bochechas afundem, me fazendo também parecer velha. Como não gostei de ambas as opções, posso desistir geral, presumindo que “estou acabada e não tenho esperança".
Não siga esse caminho dos extremos. Se um sorriso amplo e uma expressão séria me envelhecer, o tesouro esta no meio-termo. Tenho trabalhado com pessoas de todas as idades e tipos de corpo. Ao adquirirem conhecimento de seus corpos e praticarem diante de uma câmera, qualquer pessoa – e eu realmente quero dizer qualquer pessoa – pode se tornar fotogênica.
Treino final: Esta é parte do curso avançado onde você treina sua mente além de seu corpo. Pegue um pequeno tripé para o seu telefone e use a câmera da parte de trás, em vez da câmera de selfie.
Dessa forma, você praticará como os modelos, e isso oferece múltiplos benefícios. Ao olhar para a câmera de trás e não ver seu rosto, você precisa focar no que está fazendo com os olhos, no sorriso, nas posições da cabeça. Não tenha pressa, faça uma pose e antes de apertar o botão do controle remoto, pense no que você está fazendo com cada parte do seu rosto.
Depois repita a analise que fez anteriormente com as selfies. Olhe cada foto e veja se o resultado foi bom ou ruim. Se for ruim, novamente, não apague. Analise e coloque em palavras o que deu errado. Seu sorriso é muito grande ou muito pequeno, parece falso? Seus olhos estão muito abertos, você parece desconfortável? Faça anotações para não repetir os mesmos erros. Anote também o que funciona bem e tente repetir nos próximos ensaios.
Selfies podem ser divertidas quando você tiver mais experiência. Já a câmera na parte de trás do seu telefone fornece treinamentos valiosos que o prepararão para se tornar verdadeiramente fotogênico —-e para sempre. Em selfies, ou para posar para qualquer fotógrafo.