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Publicado em 26/08/2024 as 11:00pm

Coluna Arilda: Entrevista com a escritora Silvana Pereira

Silvana Pereira, mineira de Belo Horizonte, vive nos Estados Unidos há mais de 27 anos....


Silvana Pereira, mineira de Belo Horizonte, vive nos Estados Unidos há mais de 27 anos. Recentemente, veio com toda a sua família para um ano sabático e para estudar no CFNI, em Dallas, TX. Na época, estava acompanhada de seus três filhos pré-adolescentes e de seu esposo, Edson Pereira, também escritor, com quem está casada há 45 anos. Eles são avós de quantos netinhos.

Silvana é terapeuta familiar sistêmica, psicodramatista, facilitadora em constelação sistêmica, líder cristã e escritora. Já publicou seis livros, entre eles “Coragem para Vencer o Medo” e o best-seller “10 Atitudes de uma Mulher de Sucesso”, que já teve mais de 21 edições e lhe rendeu o prêmio Areté de literatura. Ela também foi apresentadora do programa “Toque de Vida” na WLRN/PBS na Flórida. Há mais de 35 anos, trabalha com mulheres, realizando palestras no Brasil, na Europa e nos EUA, além de atendimentos individuais e em grupo.

Qual é seu público-alvo morando nos EUA?

Sempre tive meu foco na comunidade brasileira, pois acredito nela. Se uma pessoa teve a coragem de sair do seu país em busca de algo melhor, isso já diz muito sobre ela. Está realmente em busca de crescimento e, de certa forma, de uma quebra de paradigmas. Como imigrante, conheço bem os desafios enfrentados em um novo país, incluindo dificuldades, frustrações e perdas. Geralmente, após decepções, as pessoas se deparam com suas crenças e bagagens emocionais não resolvidas, o que pode sabotar, bloquear e até paralisar aqueles lutadores corajosos e com boas intenções.

O que é terapia sistêmica?

É uma abordagem terapêutica que observa o indivíduo em seu contexto familiar, não isoladamente, mas dentro do sistema em que está inserido. Isso possibilita uma visão mais ampla das relações, das dificuldades e dos problemas, bem como das soluções. Ninguém é uma ilha. O foco está na compreensão dos padrões repetitivos. A terapia sistêmica busca resolver conflitos e emaranhamentos familiares e melhorar o desempenho dos papéis. Em minha abordagem, utilizo duas ferramentas que considero complementares: o psicodrama e a constelação sistêmica, por serem psicoterapias breves e de ação rápida.

Por que você escolheu ser terapeuta e há quanto tempo trabalha nessa área?

Sou apaixonada por ver pessoas rompendo seus limites, crescendo e se desenvolvendo. Acredito que o ser humano é espírito, alma e corpo, e por isso é tão importante trabalhar nas três áreas em conjunto — emocional, espiritual e física — de forma holística e não fragmentada. Quanto mais compreendemos o indivíduo em sua totalidade (cérebro e espírito, corpo e mente, razão e emoção), mais eficazmente podemos ajudar e cuidar no processo de cura das dores e feridas. Sou prova viva desse processo, alguém que decidiu fazer as pazes com a própria história e, com isso, desenvolver meu propósito e missão. Estou nessa área há mais de 35 anos.

E sua trajetória como escritora? De onde vem sua inspiração e motivação para escrever?

Minha inspiração vem de Deus, que me conecta com minha essência e com minha jornada de cura interior. A maior parte do que escrevo vem da superação dos inúmeros traumas que vivenciei na infância e adolescência. Sou motivada pelo desejo de ajudar as pessoas a superarem suas dores e crenças. Meu primeiro livro, “Coragem para Vencer o Medo”, surgiu do desejo de compartilhar um pouco da minha história e da experiência de superar muitos medos e crenças. O segundo, “10 Atitudes de uma Mulher de Sucesso”, aborda a trajetória de 10 mulheres que entraram para a história depois de superarem o anonimato e deixarem um legado de sucesso por tomar atitudes diante da crise e da impossibilidade. A história de cada uma delas me motivou a escrever a minha própria história de superação. O terceiro livro, “O Segredo para Ser uma Mulher Vencedora”, foca na questão da confiança, um tema que é a dor de muitas pessoas devido a decepções em algum momento da vida, entre outros livros.

Qual é a sua opinião sobre a maior dificuldade que, principalmente, as mulheres encontram para buscar terapia?

Geralmente, a resistência das mulheres vem da crença de que podem dar conta sozinhas, de que não precisam de ajuda, de se considerarem fortes e de estarem ocupadas com tudo ao seu redor. Quando elas finalmente procuram ajuda profissional, muitas vezes já estão enfrentando seu limite de exaustão. Além disso, a experiência negativa na primeira tentativa de buscar terapia pode impedir que procurem ajuda novamente.

Qual é o seu tema favorito?

Existem vários temas que amo, como a cura do feminino através da cura da criança interior e da relação materna, a dependência emocional, a autoestima e o valor próprio. No entanto, hoje em dia, o tema que considero mais importante é o “Cansaço Emocional”. Muitas mulheres estão cansadas e não sabem o motivo exato. Na verdade, estão exaustas de não ver resultados, de cuidar dos filhos, da casa, do trabalho e do excesso de responsabilidades. Muitas vivem sem equilíbrio em todas essas áreas e nem percebem, o que afeta as dimensões emocional, física, mental e espiritual.

Quanto tempo leva para uma pessoa resolver um problema?

Isso depende de vários fatores. Primeiro, a pessoa precisa querer mudar seus resultados. Acredito que pelo menos 50% da responsabilidade deve ser da própria pessoa. Eu sempre dou 100% do meu esforço. Outro fator decisivo é o método utilizado. O meu foi testado e personalizado, o que faz uma grande diferença. Aplicando o que funcionou para mim, como superar meus bloqueios e desafios, posso ajudar meus clientes de forma mais eficaz.

O que você aprendeu com suas experiências negativas e como elas ajudam na construção do seu método?

Aprendi que não vivemos sozinhos. Assim como se diz que precisamos de uma tribo para criar nossos filhos, acredito que esse conceito se aplica ao nosso crescimento emocional. Somos seres relacionais, e é nos relacionamentos que nos ferimos, mas também é neles que aprendemos e nos curamos. Muitas pessoas, para evitar sofrer novamente, constroem um muro ao seu redor, o que as protege de certa forma, mas também as isola. No isolamento não há vida, é apenas uma questão de tempo. Assim, foram nas experiências negativas que encontrei o combustível para criar um método eficaz de superação, um caminho que percorri e ajudo outras pessoas a seguir.

Como você descobriu que seu destino era ajudar mulheres?

No início, antes mesmo de ter qualquer formação, em Belo Horizonte, havia uma amiga muito querida, próxima da família, que sempre me ajudou com meus três filhos pequenos. Durante esse tempo, ela compartilhava suas dificuldades e traumas. Apesar de ser uma pessoa muito estudada, com duas faculdades, não conseguia romper com seus desafios na vida. Senti muita compaixão por sua história, o que despertou meu interesse em estudar para ajudá-la. E foi daí que tudo começou.

Você tem algum projeto para o futuro?

Sim, tenho vários projetos. Um deles, que está prestes a ser lançado, é uma “Mentoria” para mulheres guerreiras que estão cansadas da jornada.

Qual benefício seu projeto de mentoria trouxe para as mulheres que participaram?

A mentoria é uma jornada que leva mulheres cansadas e sobrecarregadas a se tornarem mais leves, felizes, eficientes e saudáveis, ajudando-as a superar traumas e dilemas, viver em equilíbrio e descobrir seu propósito. Os resultados são consistentes em áreas como corpo, alma, relacionamentos e espírito. Geralmente, essas mulheres estão exaustas pelos filhos que amam, mas que as deixam sem forças, pelas demandas do marido que amam, pelo trabalho duro que não traz resultados financeiros visíveis, ou pela tentativa de cuidar do corpo e não ver os resultados esperados.

Alguma dica para quem deseja também ajudar pessoas?

Acredito que tudo passa pela própria cura interior, crescimento pessoal e emocional, e pela disposição de enfrentar seus dilemas e problemas. Só conseguimos ajudar o outro de forma eficaz até onde já avançamos. Assim, você poderá levar os outros a trilhar o caminho que você já percorreu. Isso faz a diferença, apesar de cada pessoa ter sua própria história.

Cite alguma experiência que te motiva e encoraja a continuar fazendo o que está fazendo hoje.

Os resultados na vida das pessoas que ajudo são o que faz meus olhos brilharem. Receber testemunhos de transformação, como mulheres que superaram problemas conjugais ou traumas de abuso na infância e se tornaram bem-sucedidas em suas carreiras, me motiva a continuar.

Quais são as maiores lições que você aprendeu ao trabalhar com mulheres que enfrentam esses desafios?

O amor e a empatia são fundamentais. Todos nós temos nossas dores e somos marcados pela nossa história. Precisamos ser alcançados pela misericórdia, sem julgamento. As histórias são muito parecidas, mudam apenas o endereço. Não devemos julgar as escolhas dos outros, mas estender a mão, como Jesus fez inúmeras vezes na parábola do bom Samaritano.

Como você gostaria de ser lembrada?

“Como alguém que ajudou outras mulheres a crescer e viver sua essência e seu propósito.”



 

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