O Impacto Econômico das Deportações de Imigrantes Ilegais: é um bom negócio para o país?

As deportações de imigrantes ilegais nos Estados Unidos se tornaram um tema central nas discussões políticas e sociais do país desde a posse do presidente Donald Trump. Atualmente, cerca de 11 milhões de pessoas vivem sem autorização no território americano, representando aproximadamente 3% da população dos EUA. Esse número expressivo reflete um problema complexo que transcende meras questões de legalidade, envolvendo aspectos econômicos, sociais e humanos.

Para entender o tamanho do problema, vejamos o aspecto da renda: a renda média dos imigrantes ilegais é significativamente inferior à dos cidadãos americanos. Enquanto a renda anual média nos Estados Unidos é estimada em cerca de 50 mil dólares, muitos imigrantes indocumentados recebem somente entre 25 mil e 36 mil dólares por ano. Essa disparidade destaca a vulnerabilidade econômica desse grupo, que, em muitos casos, se vê obrigado a aceitar empregos mal remunerados e com pouca proteção trabalhista.

Uma possível expulsão em massa de imigrantes ilegais pode gerar uma série de repercussões econômicas graves. O setor agrícola, por exemplo, é altamente dependente da mão de obra imigrante, onde cerca de 42% da força de trabalho contratada é composta por imigrantes sem documentos. Os agricultores temem que uma deportação em larga escala resulte em uma crise de mão de obra, elevando os custos de produção, que inevitavelmente será repassada aos consumidores através do aumento dos preços dos alimentos.

Além da agricultura, outros setores da economia americana também são propensos a sofrer sérios impactos. A construção civil, por exemplo, assim como o setor de serviços, é substancialmente ocupada por trabalhadores indocumentados. ​Estima-se que a deportação em massa possa resultar em uma queda do PIB dos EUA de até 8%, um fato que preocuparia as autoridades e a sociedade como um todo​. Essa previsão de queda econômica representa um grande desafio que exigirá que a administração equilibre suas promessas de campanha com os interesses econômicos do país.

Adicionalmente, a contribuição dos imigrantes ilegais para a economia é significativa. Dados recentes indicam que esses trabalhadores pagaram mais de US$ 25,7 bilhões à Previdência Social dos Estados Unidos em 2022, embora não tenham acesso a esses benefícios. A deportação desses imigrantes poderia reduzir em até US$ 20 bilhões o fluxo de caixa anual do sistema previdenciário, colocando ainda mais pressão sobre um sistema já vulnerável.

Além de todo o revés econômico que uma deportação em massa traria, há de se levar em conta também as dimensões humana e política. As comunidades onde esses imigrantes vivem sofreriam um impacto significativo, que pode resultar em críticas e impopularidade para o governo.

Em suma, o assunto das deportações de imigrantes ilegais é um assunto extremamente complexo, que, se levado ao extremo, traria consequências agudas para o país – para as quais a administração Trump não deve estar indiferente.

Ricardo Miranda é economista com MBA em Finanças e Mestrado em Administração

Quem tiver alguma sugestão de tema relacionado à Economia e Finanças, ou tenha alguma dúvida específica, entre em contato: ricardo@simplekeyrealty.net