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Publicado em 9/03/2025 as 2:30pm

Coluna Marisa Abel: Do flerte à conquista: o Brasil e seu caminho até o Oscar

Fonte: Por Marisa Abel

Coluna Marisa Abel: Do flerte à conquista: o Brasil e seu caminho até o Oscar Ainda Estou Aqui

 


Ao longo dos anos, o Brasil tem flertado com o Oscar, e milhões torceram para que, em 2025, esse flerte virasse namoro. Das três indicações do filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, conquistamos uma vitória — um marco significativo que mostra que as portas do Oscar começam a se abrir para o cinema brasileiro.

A edição mais recente da premiação, realizada no domingo passado, mobilizou brasileiros nos Estados Unidos, no Brasil e ao redor do mundo, que pararam para acompanhar o evento. No Brasil, em pleno Carnaval, milhares de pessoas interromperam a folia para torcer pelas categorias em que a produção brasileira foi nomeada. Em um clima de euforia semelhante ao de uma Copa do Mundo, celebraram a vitória e lamentaram as perdas, demonstrando o quanto o reconhecimento no Oscar era desejado.

Central do Brasil

Apesar de talentos brasileiros — músicos, diretores, atores e produtores — já terem recebido indicações e até prêmios na maior premiação do cinema mundial, nenhuma obra 100% nacional havia conquistado a estatueta até domingo passado, quando finalmente o brasileiro Walter Salles subiu ao palco para receber o troféu de Melhor Filme Internacional (antiga categoria de Melhor Filme Estrangeiro).

Ainda estávamos na disputa de Melhor Filme e também de Melhor Atriz, com Fernanda Torres representando o Brasil, mas, infelizmente, não fomos premiados nessas categorias. Apesar da torcida fervorosa dos brasileiros, que acompanharam a cerimônia com o coração na mão, os prêmios acabaram indo para outros nomes. Fernanda Torres, que brilhou na categoria Melhor Atriz (Best Actress in a Leading Role), competiu com grandes talentos como Cynthia Erivo (Wicked), Demi Moore (The Substance), Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez) e Mikey Madison (Anora), mas o troféu foi para a jovem Madison. Já o prêmio de Melhor Filme ficou com o próprio Anora, deixando o Brasil com o gostinho de "quase lá".

Cidade de Deus

A noite, no entanto, foi histórica para o cinema nacional. A vitória de “Ainda Estou Aqui” como  Melhor Filme Internacional marcou um momento de celebração para o cinema brasileiro, mostrando que estamos cada vez mais perto de consolidar nossa presença no Oscar.

O Brasil pode não ter levado todas as estatuetas que desejava, mas a indicação em três categorias e a vitória em uma delas mostram que estamos no caminho certo. E, quem sabe, em breve, esse flerte com o Oscar se torne um romance duradouro.

O Beijo da Mulher Aranha

Retrospectiva da relação Brasil e Oscar antes de 2025:

Aqui preparei para vocês uma breve análise da relação entre o Brasil e o Oscar: a primeira indicação genuinamente brasileira foi em 1963, com O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, marco do cinema nacional e primeiro filme sul-americano indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (hoje chamado de Melhor Filme Internacional). Eu super recomendo; é um filme marcante que merece ser assistido.

O pagador de promessas

Nos anos de 1980, tivemos O Beijo da Mulher Aranha (1985), que recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor (Héctor Babenco), Melhor Ator (William Hurt, que venceu) e Melhor Roteiro Adaptado. No entanto, como era uma coprodução entre Brasil e Estados Unidos, não foi reconhecido como uma produção nacional (brasileira) pela Academia.

Foi só na década de 1990 que o Brasil voltou com força ao radar do Oscar, com três indicações a Melhor Filme Estrangeiro: O Quatrilho (1996), O Que É Isso, Companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999). Este último rendeu ainda uma indicação histórica de Melhor Atriz para Fernanda Montenegro, a primeira e única brasileira indicada em uma categoria de atuação até então.

O quatrlho

Nos anos 2000, Cidade de Deus (2003) brilhou com quatro indicações ao Oscar: Melhor Diretor (Fernando Meirelles), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição.

Nessa trajetória, nomes como Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Selton Mello e do diretor Walter Salles, têm sido presenças constantes em obras que chegaram perto de conquistar a estatueta.

O que é isso companheiro

Agora, em 2025, Ainda Estou Aqui marcou um novo capítulo: pela primeira vez, um filme brasileiro foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, além de concorrer também nas categorias de Melhor Atriz (com Fernanda Torres) e Melhor Filme Internacional, categoria em que o Brasil finalmente levou a estatueta para casa. O Brasil já mostrou que tem talento e histórias que conquistam o mundo, e essa vitória consolida o cinema nacional como uma força criativa no cenário global.

Walter e Fernanda Torres

Ainda Estou Aqui

O filme, dirigido por Walter Salles, é um drama biográfico baseado na autobiografia de Marcelo Rubens Paiva e foca na história de sua mãe, Eunice Facciolla Paiva, interpretada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. Ambientado durante a ditadura militar no Brasil, a trama acompanha o desaparecimento de Rubens Paiva (Selton Mello), ex-deputado federal, e o impacto da repressão sobre sua esposa Eunice e filhos, que também são perseguidos pelos militares.

Walter Salles com o Oscar

Fotos: Reprodução

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