Publicado em 13/03/2025 as 10:30am
Coluna Debora Corsi: Sororidade: A Força da União Feminina
Ainda vivemos em um mundo onde as mulheres enfrentam diversas formas de preconceito e...
Ainda vivemos em um mundo onde as mulheres enfrentam diversas formas de preconceito e violência. Em muitos países, elas ainda são privadas de direitos fundamentais, como estudar, trabalhar ou até mesmo decidir sobre a própria vida dentro do casamento. Algumas sequer podem mostrar o rosto em público. Diante desse cenário, a sororidade precisa ser fortalecida, pois sua essência vai além dos discursos motivacionais; trata-se de um compromisso real de apoio entre mulheres.
Mas o que, de fato, significa sororidade?
“É o sentimento de irmandade, empatia, solidariedade e união entre mulheres, baseado na partilha de uma identidade de gênero. É uma conduta que reflete esse sentimento, sobretudo na luta contra todas as formas de exclusão, opressão e violência. (Do latim soror, ‘irmã’ + -(i)dade.)”
O movimento da sororidade é olhar para outra mulher com mais empatia, pois o diálogo entre nós pode ser terapêutico e transformador. No entanto, ainda vemos que, no Dia Internacional da Mulher, muitas instituições não dão à data o reconhecimento e a seriedade que ela merece. Por isso, antes de julgar uma mulher, busque compreendê-la. Ao invés de críticas, ofereça uma mão estendida. Não se trata de defender erros, mas de ampliar essa rede de apoio para combater a violência física, psicológica e social.
Agora, proponho um exercício de reflexão: imagine que você está lendo um jornal e se depara com a seguinte notícia:
"Uma mulher foi assaltada e violentada enquanto caminhava sozinha por uma rua perto de sua casa. Ela usava uma minissaia e uma blusa decotada."
Antes de continuar a leitura, qual foi o seu primeiro pensamento? Muitas pessoas, infelizmente, julgam a vítima: "Ela estava pedindo", "O que fazia sozinha naquela rua vestida assim?"
Agora, imagine outra manchete:
"Um homem foi assaltado enquanto caminhava sozinho por uma rua pouco movimentada. Ele vestia uma calça justa e uma camiseta."
Alguém questionaria suas roupas? Provavelmente não. O julgamento, nesse caso, seria diferente: "Que mundo perigoso!", "Que fatalidade!" “Precisamos de mais policiais!”
Percebe a diferença de percepção? Muitas vezes, o maior julgamento vem de outras mulheres. E é aí que precisamos fortalecer a sororidade. Quando entendermos, de fato, a importância da empatia e da solidariedade feminina, poderemos salvar vidas.
O Dia Internacional da Mulher não deve ser apenas uma ocasião para receber flores e homenagens, mas um momento de reflexão e luta por respeito, igualdade e reconhecimento. O verdadeiro presente que buscamos é o direito de ocupar espaços, ingressar no mercado de trabalho sem barreiras, ser promovidas por competência e viver sem medo.
Queremos reduzir drasticamente a estatística do Relógio da Violência, do Instituto Maria da Penha, que revela que, a cada:
2 minutos, uma mulher é agredida
14 segundos, uma mulher é vítima de assédio.
26 segundos, uma mulher é vítima de ofensa verbal.
46 segundos, uma mulher é vítima de assédio no trabalho.
166 segundos uma mulher é vítima de ameaça com faca ou arma de fogo.
225 segundos, uma mulher é vítima de espancamento ou tentativa de estrangulamento.
Que essa data, celebrada em 8 de março, fique marcada pelas conquistas que já alcançamos e pelos muitos desafios que ainda precisamos vencer. Não vamos desistir, pois a força da união feminina tem o poder de transformar realidades.