Nova York, primavera de 2025. Os principais jornais americanos estampam manchetes alarmantes sobre o aumento das tarifas comerciais com a China e outros países. Quem lê pensa que o mundo está prestes a acabar. A tensão paira sobre os mercados e o resultado é previsível: o S&P 500 recua, as bolsas oscilam e a palavra do momento é instabilidade.

Mas é justamente nesses cenários que surgem as melhores oportunidades. Como diz Douglas Carvalho, especialista em investimentos e fundador da plataforma Imigrante Investidor:
“É nos momentos de maior medo que surgem as melhores chances de multiplicar o patrimônio. Quando muitos choram, outros vendem lenços — cabe a cada indivíduo escolher qual desses personagens vai encarnar.”

Conversei com Douglas para entender o que está acontecendo na economia americana e como os brasileiros que vivem aqui podem agir agora para construir seu futuro financeiro.

Arilda: Douglas, o mercado está turbulento com essas novas tarifas. Isso assusta os investidores iniciantes?

Douglas: Com certeza. A primeira reação de quem não está acostumado com a bolsa é o medo. Quando a mídia mostra quedas de dois dígitos no índice S&P 500, o instinto é sair correndo. Mas o investidor de verdade sabe que essas quedas muitas vezes representam ativos em promoção. É como se você quisesse comprar um iPhone e ele aparecesse com 30% de desconto — você não correria pra loja? (risos) Pois é, com ações de boas empresas, o raciocínio deve ser o mesmo.

Arilda: E por que esse é um momento especialmente estratégico para os brasileiros que vivem nos EUA?

Douglas: Primeiro, porque a maior parte dos brasileiros está no setor de serviços básicos — e a elasticidade de demanda nesses setores é bem menor do que em bens de consumo, como roupas e eletrônicos. Segundo, porque eles podem investir tanto na bolsa americana quanto na brasileira. Assim, aproveitam oportunidades dos dois lados.

Muitas empresas brasileiras listadas na bolsa são de commodities, que também têm elasticidade menor. Normalmente, em períodos como esse, os investidores migram seu dinheiro para operações mais seguras. Na pandemia, a Vale — empresa mineradora — cresceu absurdamente. O mundo em crise buscou reforçar reservas de um item básico: o minério de ferro. E ele é justamente produzido na região de Governador Valadares, de onde vêm muitos brasileiros que hoje vivem aqui. China, Inglaterra, França e, claro, os EUA compraram toneladas e mais toneladas de ferro do Brasil, fazendo a ação subir vertiginosamente.

Arilda: O leitor não sabe, mas fui sua aluna e comecei a investir após suas aulas. Por muito tempo, associei a bolsa a uma coisa muito complicada e para pessoas muito ricas. Você acha que a maioria pensa assim também?

Douglas: No Brasil, apenas 1,6% da população investe na bolsa. Os outros 98,4% provavelmente nunca tiveram nem contato com o assunto. Isso gera um medo natural do desconhecido e, por isso, muitos nem buscam esclarecer esse tema — acabam por viver a vida inteira acreditando nesse mito.

A internet ajudou a espalhar o conhecimento, mas ainda é uma grande luta da minha parte abrir os olhos das pessoas para essas oportunidades de melhoria financeira pessoal.

Arilda: Qual sua dica para as pessoas começarem no mundo dos investimentos?

Douglas: Essa é fácil e objetiva:
1. Abra uma conta em uma corretora.
2. Deposite alguns poucos dólares nela.
3. Compre ativos que geram resultado em dividendos — assim, você verá que funciona.
4. Pegue seus dividendos, deposite mais alguns dólares, junte tudo e compre mais ações.
5. Repita o processo até seu patrimônio ficar grande o suficiente para manter seu estilo de vida apenas com os rendimentos.

Arilda: Quero reforçar a pergunta: agora é um bom momento para investir?

Douglas: É justamente nesses momentos que quem está preparado consegue crescer. Já vi muitos alunos saírem do zero e construírem um patrimônio real apenas por saberem como agir quando todos estão paralisados. Tudo começa com uma decisão: parar de dar desculpas e começar a investir no próprio futuro.

Uma das minhas paixões é velejar — e lá aprendi lições valiosas que trago para os investimentos. Certa vez, ouvi de um velejador experiente:
“Em mar calmo, qualquer um domina o barco. Mas é na tempestade que se aprende a velejar de verdade.”