Coluna Debora Corsi: Insubstituíveis

A famosa frase: “Ninguém é insubstituível”, que significa que qualquer pessoa pode ser trocada por outra, enfatizando a ideia de que não existe um ser único na Terra. Essa afirmativa é muito utilizada nas empresas por “líderes” que se utilizam da pressão para amedrontar seus subordinados.

Sabemos que nem todas as pessoas que faltam ao trabalho o fazem sem um motivo real, mas é comum alguns acreditarem que a maioria inventa desculpas para não comparecer à empresa. São julgamentos sem provas, baseados apenas em achismos ou comparações aleatórias.

Ao demitir um colaborador valioso, a empresa não perde apenas um salário na folha; perde uma bagagem, um olhar, uma história que não pode ser transferida. Pode até encontrar alguém mais técnico ou eficiente, mas nunca igual.

O ser humano não é feito em máquinas que possuem uma matriz para gerar repetições. Somos seres complexos, que demandam diversos especialistas para explicar o funcionamento de cada órgão do corpo. Sabemos que cada indivíduo possui DNA, digitais, íris, voz, língua e arcada dentária únicas, que não se repetem em nenhum outro. Só por esse motivo, já podemos compreender que somos únicos.

Portanto, a frase “ninguém é insubstituível” não procede.

É claro que nem todos compartilham dessa opinião. Por isso, convido os leitores a responderem algumas perguntas, com o intuito de defender ou rebater esse conceito:

Quem substituiu:

  • Martin Luther King, conhecido por sua incansável luta pelos direitos civis, inspirado por suas crenças cristãs e pelo ativismo não violento? Ele proclamou a famosa frase: “Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados pelo caráter, e não pela cor da pele.”
  • Albert Einstein, físico alemão que revolucionou a física moderna com suas teorias e descobertas?
  • Ludwig van Beethoven, pianista, regente e compositor alemão, que produziu cerca de 200 obras, como sonatas, sinfonias, concertos, quartetos para cordas e a ópera “Fidélio”? Mesmo após perder a audição, compôs grandes sinfonias.
  • Ayrton Senna, piloto de Fórmula 1, considerado o maior ídolo brasileiro do automobilismo?
  • Rosalind Franklin? Se hoje milhares de procedimentos médicos são possíveis por meio da análise de DNA, deve-se muito a essa química britânica, que participou da descoberta de sua estrutura molecular. Com apenas onze anos, já ensinava química e física aos colegas de escola e recebia prêmios anualmente por seu desempenho.
  • Whitney Houston, estrela da música norte-americana que conquistou enorme sucesso. Dona de uma voz poderosa, foi chamada por críticos e pelo público de The Voice (“A Voz”)?

É impossível listar todos os nomes das pessoas que marcaram a história e se tornaram inesquecíveis. Não se trata de romantismo, mas de fato.

Desses seis nomes apresentados, é possível identificar quem os substituiu?

E essa reflexão pode ir além: quem substitui pai, mãe, filhos? Quem ocupa esse espaço quando eles se vão?

Seguindo esse raciocínio, eu quero ser tão relevante neste mundo, que, quando eu partir, as pessoas que convivem comigo possam dizer: “Não encontraremos ninguém igual a ela.”

Portanto, resta a pergunta final: quem é capaz de ocupar o seu lugar? Será que realmente existe um substituto?

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