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Publicado em 26/02/2008 as 12:00am

A cinco meses, Pequim-08 segue virada do avesso

A cidade de Pequim está atrás de tapumes. Vários locais estão por terminar, sejam viadutos, pontes, hotéis, jardins e até a sede da principal TV do país, a CCTV.

 A cidade de Pequim está atrás de tapumes. Vários locais estão por terminar, sejam viadutos, pontes, hotéis, jardins e até a sede da principal TV do país, a CCTV. E isso faltando pouco mais de cinco meses para as Olimpíadas. O que mais impressiona, porém, é a terra arrasada no entorno do estádio olímpico, conhecido como o Ninho do Pássaro por seu desenho.

Mas o prazo de construção é mais ainda apertado. A idéia é terminar até meados de maio todas as obras na capital, para dar tempo da poeira e cimento dos canteiros assentarem. Afinal, se os trabalhos se estenderem, será em vão o esforço de despoluição do ar pequinês.

Enquanto o estádio olímpico está nos retoques finais, com mais eletricistas que pedreiros em suas dependências, a redondeza da praça esportiva é uma coleção de entulhos, com direito a bueiros que mais parecem chaminés depois de tanta terra retirada. Ou seja, não dá para visualizar como será o urbanismo e os acessos ao local.

A impressão que fica é que não vai dar tempo para cumprir os prazos, mesmo que o histórico olímpico mostre o contrário - em Atenas-2004, os Jogos começaram com vários locais de competição apresentando cimento fresco, pintura inacabada e acessos improvisados.

A vila olímpica também está inacabada. Dos cinco prédios, os quatro mais baixos estão prontos. Mas o maior, com 35 andares e o topo em forma de chama, ainda está sem o formato final. As linhas imitando o fogo olímpico só se vislumbram no outdoor do futuro "Pangu Plaza", mas não no prédio em si.

As folgas no período do Ano Novo chinês, que aconteceu no dia 7 de fevereiro do calendário cristão, paralisaram as obras por alguns dias. Foram operários de menos, visitantes demais. A cena mais repetida era os turistas apontando suas câmeras aproveitando os buracos entre os tapumes que cercam os quarteirões ao redor do edifício mais celebrado da Olimpíada de 2008. Os curiosos sobem em viadutos, guard-rails e muros para tentar o melhor ângulo para as fotos.

O frio intenso na cidade, com a temperatura rondando OºC nesta época, também impede que as árvores e gramados a decorarem a área possam ser plantados com antecipação.

Para construir os 12 novos estádios e ginásios, o governo chinês afirma que demoliu pouco mais de 6.000 imóveis e deslocou 14 mil pessoas - ONGs européias divulgam um número bem maior, cravando que mais de um milhão de moradores foram afetados.

A prefeitura de Pequim determinou que as construções particulares parassem suas obras no final de 2007. Só continuam as que estão na fase de acabamento. Com isso, dezenas de guindastes estão parados, esperando o fim dos Jogos Olímpicos, para continuar empilhando andares.

Com crescimento anual de sua economia na faixa dos 10% nas últimas três décadas, a China se transformou no maior consumidor mundial de aço e concreto. E suas cidades, incluindo a capital, viraram um imenso canteiro de obra, substituindo os antigos hutongs (vielas de casas térreas, com paredes cinzas e portas vermelhas) por conjuntos habitacionais e prédios de escritórios de fachada de acrílico.

Fonte: (uol.com.br)

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