Publicado em 24/04/2012 as 12:00am
Paciência do Palmeiras com Felipão é a maior em 37 anos
Paciência do Palmeiras com Felipão é a maior em 37 anos
O período de um ano e dez meses sem títulos, na segunda passagem do técnico do penta mundial pelo Palmeiras, encontra seu paralelo mais recente só no voto de confiança dado pelo São Paulo a José Poy nos anos 1970.
A diretoria do clube do Morumbi segurou o treinador argentino apesar da ausência de troféus por 25 meses, entre julho de 1973 e agosto de 1975, até a conquista do Paulista daquela temporada.
Desde então, nos quatro maiores clubes do Estado, passagens tão longas sem títulos viraram peça de museu.
Alguns meses, ou no máximo um ano, de resultados ruins significam demissão.
Raros são os casos que fogem da regra. Tite teve apoio no Corinthians por quase um ano e dois meses até faturar o Brasileiro-2011. Na década de 1980, Rubens Minelli durou um ano e quatro meses no Palmeiras sem conseguir tirá-lo do jejum de taças.
Mas nenhum deles sobreviveu a tantos fracassos e a ambiente político tão negativo quanto o atual Scolari.
A derrota por 3 a 2 para o Guarani, que provocou a eliminação palmeirense nas quartas de final do Paulista, só reforçou as opiniões tanto da situação quanto da oposição do clube de que manter o treinador é rasgar dinheiro.
Scolari é o técnico mais bem pago do país, com salário de R$ 700 mil mensais. Mas, desde que voltou ao Palmeiras, falhou ao levar o time à Libertadores, acumulou vexames, como a goleada por 6 a 0 ante o Coritiba, e teve as semifinais da Sul-Americana de 2010 e do Paulista de 2011 como maiores feitos.
Apesar dos fiascos e de problemas de relacionamento com vários diretores, sobrevive no cargo. Segundo o vice de futebol Roberto Frizzo, o técnico deve ficar até o fim do contrato, em dezembro.
Para membros da oposição, a insistência da diretoria com Scolari se deve ao fato de o presidente Arnaldo Tirone ter dificuldade para tomar decisões radicais, como a demissão de um treinador.
Mas o escudo que protege o técnico vai além. Trocar o comando do time significaria derrubar toda a estrutura que foi montada em torno dele.
Ao longo de quase dois anos, Scolari ganhou poder para fazer o que bem quisesse. Provocou demissões e contratações nos departamentos administrativo, jurídico, de marketing e na assessoria de imprensa. Ficou rodeado por gente de sua confiança. Ficou intocável.
"Quando a confiança deixar de existir, ele sai", declarou o gerente de futebol do Palmeiras, César Sampaio.
Fonte: (da uol)