Publicado em 2/07/2012 as 12:00am
Mineiro é contratado pelo Boston Celtics
Fabrício de Melo deixou Juiz de Fora para realizar o sonho de atuar na NBA. Ele é o novo reforço do Boston Celtics
Fabrício de Melo deixou Juiz de Fora para realizar o sonho de atuar na NBA. Ele é o novo reforço do Boston Celtics
Ele é o novo reforço do Boston Celtics@
da redação
Fabrício Melo, 21 anos, ou simplesmente Fab Melo, que em Belo Horizonte, jogando pelo Olympico Club, do Bairro da Serra, ficou conhecido pelo apelido de Boleta, dado por seu treinador, em alusão a outro jogador que ele havia comandado em outro clube, no Ginástico, tornou-se o primeiro jogador mineiro a entrar para o mais cobiçado campeonato de basquete do mundo, a NBA. Ele foi a 22ª escolha do draft, pelo Boston Celtics, sendo o sexto brasileiro na história da competição.
A história de Boleta começou em Juiz de Fora, sua terra natal, jogando pelo Olímpico local, uma coincidência, e tinha como técnico Zé Ricardo. Um dia, ainda em JF, tentaram levá-lo para o vôlei, por causa de seu tamanho, na época, 2,08m, aos 14 anos. Mas a tentativa deu errado. Ao saltar para tentar cortar uma bola, acabou trombando e engarranchando na rede. Não quis mais saber daquilo. Voltou para o basquete.
E o adolescente, que chamava a atenção pelo tamanho, tinha muitos sonhos. Queria crescer no basquete, ser jogador profissional. Foi o que o levou a BH, acompanhado por um ex-jogador de Elmon Rabelo, o ex-pivô Maurão, que começou no Olympico e depois defendeu o Ginástico, onde se encontrou com o treinador, que foi também o responsável pelo surgimento de Gersão, campeão pan-americano em Indianápolis 87.
"Quando cheguei, um auxiliar técnico do Olympico se aproximou, entusiasmado e me perguntou se eu tinha visto o cara. Claro que tinha. Como não enxergar um cara daquele tamanho. Fui conversar com ele, que me pediu para fazer um período de testes. Isso era uma segunda-feira. Ele treinou todos os dias daquela semana e na sexta me perguntou se tinha sido aprovado. Minhas resposta foi para que ele estivesse na porta do clube, no dia seguinte, sábado, de manhã. Conversei com a direção do clube, que precisava ir a Juiz de For a e acertar com a família dele. No dia seguinte, formos para JF. Já fui levando o papel de transferência", contou Elmon.
E na cidade de Boleta, um pequeno problema. "Seu time, o Olímpico local, tinha uma torneio a disputar e pediram que ele disputasse como forma de despedida. Era em Uberlândia e sabia que ia chover de gente em cima. Por isso, assinamos, com a família, a transferência. Aí, quando foram em cima, já não dava mais tempo. Ele era jogador do Olympico", contou Elmon.
E foi na casa do treinador, que Boleta, ou Tab Melo foi morar. "Ele não tinha onde ficar. Aí, resolvi que seria lá em casa mesmo. Ficou lá enquanto jogou no clube. Até na hora de ir para os EUA", continuou o ex-treinador.
Boleta ganhou um monte de amigos. Mas dois eram especiais, os irmãos Luciano e Marcelo Starlig. Era na casa deles que o menino pobre, filho de uma faxineira, em Juiz de Fora, passava os finais de semana. "Ele vinha aqui pra casa sempre. Faz parte da nossa família. O mais engraçado é que ele dormia ou na minha cama ou do meu irmão, Marcelo, mas como é muito grande, as pernas sobravam do lado de for a da cama", contou Luciano.
A aplicação e a força de vontade de Boleta é destacada por outro treinador, Matheus Barcelos, que sucedeu Elmon no Olympico. "Ele é muito aplicado. Todos os dias, na hora do almoço, ficava na quadra. Pedia para que eu ajudasse. É inteligente. Pega rápido as coisas." Em 2006, foi convocado para a Seleção Brasileira infanto-juvenil.
Embora Elmon não fosse mais seu treinador, Boleta seguia morando na sua casa. "O pensamento era não deixar que ele fosse para qualquer outro clube do Brasil. O pensamento sempre foi levá-lo para os EUA."
Foi quando Elmon teve a ideia de falar com um ex-jogador que também começou no Olympico e que depois jogou no Minas, tendo disputado a Liga Nacional, o ex-ala Rodrigo Viegas, que tinha feito high school nos EUA. "Chamei o Rodrigo na minha casa e falei pra ele. Quando ele entrou e viu o tamanho do cara, ficou de olhos arregalados. O Rodrigo encaminhou tudo depois. Arranjou uma escola em Miami e de lá, ele foi para a Universidade de Syracuse, em New York." Lá se destacou, com médias que chamam a atenção, como 7,8 pontos por jogo, 5,8 rebotes.
Syracuse apostava nele para a fase decisiva do Campeonato Universitário, no entanto, ele acabou ficando de fora. O motivo: notas ruins. Isso o impediu de integrar o time, mas não de estar no NBA Camping, a fase de testes, que acabou aprovado. Já outro brasileiro, Scott Machado, não teve a mesma sorte de Boleta. Não foi escolhido e agora, terá de participar dos chamados "torneios de verão", para tentar uma das últimas vagas.
A ESCOLHA
O Boston Celtics fez a 21ª e a 22ª escolha do draft da NBA. Na primeira oportunidade o time optou por Jared Sullinger, ala-pivô que defendia a Ohio State. Depois, escolheu o brasileiro, que ainda não sabe falar inglês fluentemente e deve demorar para receber chances na equipe de Boston.
Por ter sido o 22º escolhido, Melo superou Leandrinho, Tiago Splitter e Anderson Varejão, pois foi selecionado antes deles. Em 2003, Leandro Barbosa foi a 28ª opção, assim como Tiago Splitter em 2007. Varejão foi o 30º escolhido em 2004.
Além de Fab Melo, há a possibilidade de Scott Machado, filho de brasileiros, ser escolhido por uma equipe da NBA no draft desta temporada. Ele jogou na NCAA pela Universidade de Iona e deve ser lembrado na segunda rodada.
Já a primeira escolha do draft nesta temporada da NBA ficou por conta do New Orleans Hornets, que apostará no ala-pivô Anthony Davis para fazer uma temporada melhor. Depois dele, vieram ainda Michael Kidd-Gilchrist (Charlotte Bobcats) e Bradley Beal (Washington Wizards).
Fonte: Brazilian Times