Publicado em 6/04/2015 as 12:00am
Paulo Orlando no Royals, Brasil ganha mais um representante na MLB
O defensor externo foi confirmado no elenco do Kansas City Royals. Com ele, são três brasileiros na liga
Paulo Orlando segue o caminho já trilhado por Yan Gomes, que joga como recebedor (catcher) no Cleveland Indians, e pelo arremessador Andre Rienzo, contratado do Miami Marlins, mas cedido a um afiliado de liga menor depois de duas temporadas defendendo o Chicago White Sox. Longe da mulher Fabrícia e da filha Maria Eduardo, de cinco anos, que moram em São Paulo, resiste para chegar ao ponto alto de sua carreira.
- Minha mãe era faxineira de um médico que presidia o Santo Amaro, e lá tinha beisebol. Ele me chamou e eu fui jogar. Mas depois de um tempo não queria mais. Quando tinha 13 anos, eu sonhava em jogar futebol, mas minha mãe nunca me levou para fazer os testes. Um irmão dela trabalhava no Ituano e disse para eu esperar até os 15 anos. Acho que eu não iria longe - comentou Paulo Orlando, que joga nas três posições de outfielder e torce pelo Corinthians.
Sem o futebol, ele viu surgir o atletismo em sua vida enquanto jogava beisebol sem compromisso. Começou no colégio, ganhou uma prova de 100m e uma oportunidade no Centro Olímpico do Ibirapuera. Tornou-se promessa nos 200m e 400m rasos e chegou a disputar o Campeonato Mundial Júnior em 2004, na Itália, disputando a final dos 400m e terminando em oitavo lugar na prova vencida pelo americano LaShawn Merritt. Na época, já era atleta do Pinheiros e recebia um salário, com condições para ajudar a família.
Um pouco antes de eu correr, ainda estava jogando beisebol, mas não tinha onde jogar no adulto. Um técnico (Mauro) me deu dinheiro para eu fazer um teste com o Orlando Santana, um cubano que foi técnico da seleção brasileira e ajudava jogadores brasileiros a irem para fora do país. Mas não passei. Ele achou que eu fosse arremessador (pitcher), que é o mais normal para jogar fora. Fui embora triste - comentou Paulo.
Mas Orlando Santana parece ter se arrependido. Ele entrou em contato novamente e informou que um olheiro do Chicago White Sox estaria no Brasil. Paulo Orlando, então, passou a treinar com mais intensidade e sua velocidade acabou ajudando a garantir uma chance no beisebol profissional, dando o primeiro passo para chegar à MLB, com um contrato de quatro anos.
Mesmo nos planos da Confederação Brasileira de Atletismo para disputar os Jogos Pan-Americano, Paulo Orlando encarou o desafio no beisebol. Queria saber até onde poderia ir. Chegou longe, mas antes iniciou nas ligas caribenhas. Primeiro pela República Dominicana. Voltou para o Brasil desanimado. Não entendia bem os números do esporte e acreditava ter decepcionado. Orlando Santana informou o contrário, e ele tomou gosto.
- E que coisa engraçada. Deixei de disputar o Pan no atletismo, mas acabei jogando com a seleção brasileira de beisebol - brincou Paulo Orlando, que atuou na campanha do Brasil em 2007, que terminou com um sétimo lugar, com uma vitória sobre a Nicarágua e duas derrotas (Estados Unidos e República Dominicana).
Nos 10 anos em que está fora do Brasil, ele vem lutando contra a saudade da família. Apenas no período que passou na Venezuela conseguiu levar a mulher Fabrícia, que também foi atleta, no salto triplo, e a filha Maria Eduarda para passar algum tempo ao seu lado. Agora, a esperança é de que possa fazer uma boa temporada com o Kansas City Royals para se estabelecer de vez nos Estados Unidos.
- Sempre venho assinando contratos de uma temporada (está desde 2008 ligado aos Royals). Isso é desgastante. A competição é muito grande para estar no time e preciso estar produzindo sempre - disse Paulo Orlando, pela primeira vez no elenco de 25 jogadores de um time da MLB e com estreia dos Royals marcada para segunda-feira, em casa, justamente contra o Chicago White Sox.
Fonte: Da Redação