Publicado em 8/12/2016 as 11:14pm
Ex-indocumentado, brasileiro é uma das atrações no UFC NY
Ex-indocumentado, brasileiro é uma das atrações no UFC NY
Mudanças de planos para a próxima luta do brasileiro Glover Teixeira no UFC. Inicialmente agendado para enfrentar Jimi Manuwa no UFC 208, em Brooklyn (Nova York), dia 11 de fevereiro, ele agora deve enfrentar Jared Cannonier. De acordo com o site norte-americano ‘MMA Fighting’, Manuwa será remanejado para o card do UFC Londres, dia 18 de março.
No Ultimate desde 2015, Cannonier já realizou três lutas na organização, com dois triunfos e um revés. Curiosamente, apenas uma foi na categoria dos meio-pesados, a vitória sobre Ion Cutelaba no TUF Finale 24, no último sábado (03).
Glover, 37 anos, não luta desde agosto deste ano, quando foi nocauteado em apenas 13 segundos por Anthony Johnson, no UFC 202. Número três no ranking da categoria, o mineiro soma oito vitórias e três derrotas na organização, e já chegou a disputar o título da divisão, mas foi superado por Jon Jones.
Além de Glover, mais dois brasileiros foram escalados para o card do UFC 208 em NY. Pela categoria dos moscas, Wilson Reis enfrenta o japonês Ulka Sasaki, enquanto o peso pesado Luis Henrique KLB mede forças com o polonês Marcin Tybura.
Conheça a trajetória do ex-imigrante indocumentado
Danbury, em Connecticut, é conhecida por ser uma das cidades americanas com alta concentração de brasileiros. Foi lá, entre seus 80 mil habitantes, que o mineiro Glover Teixeira chegou há mais de 15 anos anos em busca de um sonho comum entre os seis mil moradores de sua cidade natal, Sobrália: ganhar a vida e os dólares nos Estados Unidos.
Ao atravessar pelo México para a Califórnia, ele não sabia, no entanto, que seria apresentado a um emprego ainda mais pesado do que o trabalho em firmas de construção que o aguardavam. Glover conheceu o boxe, o jiu-jitsu e se tornou lutador profissional, mas devido ao seu status ilegal nos EUA, encontrou as portas fechadas no maior evento de MMA no mundo, o Ultimate Fighting Championship (UFC).
A história de Glover Teixeira termina com final feliz. Em dezembro de 2011, o brasileiro conquistou seu Green Card depois de enfrentar um processo de mais de três anos e, de quebra, a assinatura de contrato com o UFC. “Foi um erro, mas já paguei por isso”, diz sobre ter entrado ilegalmente nos EUA. “Os três anos que passei no Brasil (de 2009 ao final de 2011, enquanto seu Green Card não saía) foram como uma cadeia para mim. Não por morar no Brasil, mas por não poder lutar num evento que era meu sonho”, recorda.
‘Coiote’ pediu que lutador fizesse a travessia com cocaína
Glover lembra de cada detalhe de sua ida para os EUA, em 1999. Ele voou para a Colômbia, de onde pegou um barco para a Guatemala. De lá, foi para o México, onde ficou em Tijuana em uma casa com mais de uma dezena de pessoas esperando o momento ideal para atravessar a fronteira conduzidos por “coiotes”, os responsáveis por levar os imigrantes ilegais para o país.
“Tinha que esperar a neblinar baixar para passar de madrugada. Ficamos oito dias esperando”, recorda-se. “O coiote chegava para você e falava: ‘Vai ter que passar com cocaína’. Eu falei que não faria isso de jeito nenhum. Se eu fosse pego sem droga, seria deportado. Com droga, seria preso”.
A jornada aconteceu dois anos antes do atentado de 11 de setembro de 2001, quando a preocupação de entrada de estrangeiros cresceu no país. Para o jovem mineiro, a travessia não causava medo, era apenas uma aventura. E um custo alto também: US$ 8.500, com juros de 4%, que só conseguiria pagar após dois anos de trabalho em firmas de construção civil, a maioria comandadas por brasileiro. Ele ganhava US$ 7 por hora, mas sofria no inverno, quando o trabalho era escasso.
Fonte: Brazilian Times