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Publicado em 24/07/2017 as 3:00pm

Ex-alunas da rede pública ganham bolsa para jogar futebol e fazer faculdade nos EUA

Ana Paula Silva Santos e Thayla Ventura Grigório, de 19 anos, moram na Zona Leste de São Paulo e participaram de programa de Consulado Americano e Sesc.

Ex-alunas da rede pública ganham bolsa para jogar futebol e fazer faculdade nos EUA Ana Paula (à esquerda) e Thayla batem bola sob os olhares atentos dos meninos

Com o inglês afiado e habilidade no futebol, duas ex-alunas da rede pública deixam a Zona Leste de São Paulo para fazer faculdade nos Estados Unidos no início de agosto. Elas ganharam uma bolsa-atleta das universidades William Carey University, no Mississipi, e Trinidad State Junior College, no Colorado, que inclui as despesas de mensalidade, hospedagem, transporte e alimentação. Em contrapartida, terão de tirar boas notas e jogar bola.

Ana Paula Silva Santos e Thayla Ventura Grigório, ambas de 19 anos, jogam futebol desde criança, mas nunca imaginaram que o esporte as levaria tão longe. Na infância e na adolescência não muito distante tiveram de vencer o machismo para jogar. Thayla gostava de bater bola com o irmão e os primos na rua.

Ana Paula, desde bem novinha, já participava de times, mas sempre compostos por meninos. Só aos 14 anos integrou a primeira equipe formada apenas por meninas. "Cansamos de ouvir coisas do tipo: 'não tem louça para lavar?', 'futebol é coisa de moleque', ou xingamentos como 'mulher macho'", conta Thayla.

Ana Paula reforça que o preconceito não vem apenas de meninos, mas acontece também de serem julgadas por outras garotas. A barreira do gênero, no entanto, nunca as impediu de jogar. Foi o talento e o gosto pelo futebol que levaram Thayla e Ana Paula a um projeto chamado Estrelas do Esporte, que alia a prática de esportes, curso de inglês e aulas de liderança exclusivamente para alunos da rede pública. O programa é uma parceria entre Sesc e Consulado Americano.

SONHO

Sonho Foi no "Estrelas" que elas se conheceram em 2013, ainda no segundo ano do ensino médio, e passaram a jogar juntas no Sesc Itaquera, além de fazer curso de inglês. Mas a vontade de fazer faculdade do exterior veio quando, durante o programa, viajaram para o estado do Tennessee, nos Estados Unidos, e conheceram algumas universidades.

"Eu tinha um sonho, mas achava que era impossível, que era algo só para ricos. Mas fui para o Tennessee e conheci o time feminino, conhecemos o estádio onde só tinha jogo feminino. Isso me marcou", diz Thayla.

Animadas com a possibilidade de conseguir uma bolsa, as meninas chegaram até o EducationUSA, organização americana que apoia alunos brasileiros de baixa renda no processo de candidatura para as universidades americanas, inclusive arcando com os custos da inscrição (o application).

O application de atletas exige o currículo esportivo, vídeo e carta de recomendações de treinadores.

Ambas vão fazer graduação em educação física. Thayla quer trabalhar com futebol feminino e retribuir as oportunidades que teve. Ana Paula sonha em entrar para a Liga Nacional dos Estados Unidos. "Mas se eu não conseguir, eu tenho meu diploma, vou poder exercer minha profissão, ajudar pessoas como todos os meus professores já me ajudaram, e vou voltar feliz."

A única desvantagem é a distância de 1.400 quilômetros entre a faculdade de uma e da outra, e da família, que cará no Brasil. "Vou sentir falta da comida. Não é nem das coisas exóticas, é que adoro meu arroz e feijão", ri Ana Paula.

Fonte: Redação - Brazilian Times

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