Estádio da Copa foi erguido em terreno com bombas e corpos da 2ª Guerra

Em pouco mais de um mês, as principais seleções do planeta disputarão a Copa do Mundo sobre um terreno onde estavam 386 bombas e restos mortais de soldados.A Arena de Volgogrado foi construída à beira do Rio Volga, onde há 75 anos os exércitos soviético e nazista travaram a batalha mais sangrenta e decisiva da Segunda Guerra Mundial, chamada na Rússia de Grande Guerra Patriótica.

O combate durou cinco meses, uma semana e três dias e vitimou quase 2 milhões de pessoas entre 23 de agosto de 1942 e 2 de fevereiro de 1943. Ficou conhecida como a Batalha de Stalingrado -nome que Volgogrado ostentou até 1961 em homenagem a Josef Stálin.

"Todo este terreno está sobre o que foi um campo de batalha", disse Serguei Kamin, diretor do projeto e funcionário da construtora Stroitransgaz. "Antes de erguermos esta arena, estava aqui o antigo estádio de Volgogrado, que foi totalmente derrubado. Mas ele não era tão grande. Quando fomos cavar novas áreas, descobrimos todas estas bombas e ossadas de combatentes", completou.

A menos de um quilômetro do estádio encontra-se o monte conhecido como Mamaiev Kurgan. A montanha que hoje abriga uma estátua de 85 metros da Mãe Pátria (Rodina Mat) e um grande monumento a todas os soldados soviéticos mortos, trocou de mãos por diversas vezes durante a Batalha de Stalingrado até ser dominada de vez pelos soviéticos.

Ao fim do combate, a cada metro quadrado do solo era possível encontrar entre 500 e 1.250 detritos de metal, das balas disparadas.

"A verdade é que toda nossa cidade, que precisou ser reconstruída, está sobre um campo de batalha, onde quase dois milhões de pessoas morreram. Com o estádio, não seria diferente", disse Andrei Kosalapov, prefeito de Volgogrado.

Na noite de quarta-feira (9), a arena para 45 mil espectadores erguida ao valor de 16 bilhões de rublos (R$ 912 milhões) recebeu seu último jogo-teste antes do Mundial. Na final da Copa da Rússia, o Tosno derrotou o Avangrad Kursk por 2 a 1 e foi campeão.Pouco mais de 40 mil espectadores estiveram presentes em uma decisão que teve distribuição de entradas gratuitas.

A data da final foi escolhida pela União Russa de Futebol. O dia todo em Volgogrado -assim como no resto do país- foi marcado por comemorações do Dia da Vitória, referente ao triunfo dos Aliados sobre os Nazistas na Segunda Guerra.

Parada militar, homenagem aos veteranos, queima de fogos e milhares de pessoas prestando homenagens em uma verdadeira procissão ao Mamaiev Kurgan marcaram as festividades.Elas começaram já no domingo, com show de luzes na Rodina Mat, acompanhado por centenas de moradores do município e turistas.

Por onde se ande na cidade há lembranças da guerra. No centro, há a chamada Alameda dos Heróis e outros monumentos. Na estação de trens, esculturas simbolizando combates já dão às boas-vindas aos turistas.Na Copa do Mundo, Volgogrado será sede de quatro jogos, todos eles na primeira fase: Tunísia x Inglaterra (18/6), Nigéria x Islândia (22/6), Arábia Saudita x Egito (25/6) e Japão x Polônia (28/6).

Após o Mundial, o estádio de Volgogrado será casa da equipe local, o Rotor. Por isso, suas arquibancadas levam as cores azul e branca.O time, entretanto, corre enormes riscos de cair para a terceira divisão. No fim de semana, entrará na última rodada da segunda divisão na penúltima posição.Sua média de público é de 3,7 mil torcedores por partida. Isso, porém, não preocupa Andrei Bocharov, governador da região de Volgogrado.

"Nossa cidade ama o futebol. Ninguém tem dúvidas disso. Então não importa a divisão, sempre haverá gente para assistir aos jogos. Mas espero que em breve estejamos na primeira divisão", afirmou."Em 1943, logo após o fim da Batalha de Stalingrado, com a cidade destruída tivemos um jogo aqui. Isso mostra o amor pelo futebol", completou.

A partida a que ele se refere aconteceu em maio daquele ano e envolveu o Traktor Stalingrado e o Spartak Moscou. O time da casa venceu o encontro que ficou conhecido como "a partida nas ruínas de Stalingrado".

Fonte: noticiasaominuto.com.br (Com informações da Folhapress)