Publicado em 8/03/2023 as 4:00am
Coluna Esporte Total
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Imbatível! Quem vai para Verstappen?
Supremacia da Red Bull é absurda no calor escaldante do Bahrein
Luzes acesas, ronco forte dos motores, aceleração total, “Taca-lê pau nesse carrinho muleke voador”. Sem zika, bom ritmo e confiabilidade, super Max parte em busca do tricampeonato neste início de temporada.
A primeira corrida da temporada de Fórmula 1 chegou na noite do deserto iluminada por 7.125 postes de luzes na cidade Sakhir, no pequeno Bahrein, segundo menor país da Ásia, maior apenas que a paradisíaca Maldivas e suas ilhas. Com temperatura na casa dos 35 a 40°C, a pista emitia ondas de calor como nos filmes alusivos ao deserto do Saara.
Alheio a todas essas adversidades de temperatura, Verstappen e Red Bull podem se tornar a nova dinastia da Fórmula 1. A temporada de 2023 começa exatamente como terminou 2022. Passeio na na pista e supremacia absurda do bicampeão “muleke voador” Super Max Verstappen. A dobradinha da Red Bull foi uma verdadeira ducha de água fria e, goleada na concorrência que prometia desbancar o reinado do holandês bicampeão de apenas 24 anos.
A temporada se desenha mais uma vez com o predomínio da Red Bull tendo a Ferrari (apesar do abandono de Leclerc) como segunda força. No entanto, o bom desempenho do veterano “Don Alonso” promete colocar a Aston Martin no papel de uma provável surpresa ao longo das 23 corridas do calendário deste ano. Lembrando que o próximo GP acontece no dia 19 na Arábia Saudita, e a qualquer momento a Mercedes pode ressurgir das cinzas.
O consumo abrasivo dos pneus no GP do Bahrain, fez com que os pilotos apostassem em uma ou duas paradas para troca. Verstappen foi um dos primeiros a usar essa estratégia e deixou a ponta provisória para seu companheiro o mexicano Sergio Pérez. Na volta 19, o “brabo” holandês já era líder novamente, com o ferrarista Charles Leclerc em segundo. Perez em terceiro, Sainz em quarto e o apagado 7 vezes campeão Hamilton fechando o top cinco da prova.
O rendimento do líder absoluto Verstappen começou a fazer a diferença e mostrando que ele veio para essa temporada com sangue nos olhos. Goste ou odeie, a verdade é que o jovem holandês Max Verstappen dá as cartas na categoria e caminha firme e disposto a manter a majestade com a conquista do tricampeonato.
A goleada moral da Red Bull só não foi maior porque Pérez passou boa parte da prova atrás de Charles Leclerc, depois de ser ultrapassado na largada. Precisou de quase dez voltas de pneus macios contra duros para deixar o monegasco para trás. Leclerc se encaminhava para um fácil terceiro lugar quando, a 15 voltas do fim, viu o motor parar e teve de abandonar para o pior dos mundos da Ferrari.
Verstappen chegou à vitória 36 na carreira, é difícil vislumbrar um cenário em que ele não alcance e supere as 41 vitórias de Ayrton Senna ainda neste ano para se tornar o quinto maior vencedor de corridas da história. Claro que tudo vai depender de como a temporada se desenvolva. Pérez ficou no segundo, enquanto Alonso, na estreia pela Aston Martin, conseguiu um pódio.
Don Fernando Alonso, “faca nos dentes”
Um dos momentos mais emocionantes da corrida aconteceu entre as voltas 37 e 39, na briga do espanhol Don Alonso e Hamilton pela quinta posição. Na primeira tentativa, o espanhol chegou a ultrapassar o heptacampeã, mas levou o troco na retomada de velocidade na curva. Em seguida, ele com faca nos dentes e sangue nos olhos foi pra cima e repetiu a manobra e, com mais potência no motor Mercedes da Aston Martin, acabou deixando o inglês para trás comendo poeira, ou melhor, borracha queimada, assumindo o quinto lugar.
Na volta 41, uma pane na Ferrari de Leclerc provocou a entrada do safety car. O monegasco teve que abandonar a corrida quando estava na terceira posição e seu parça Sainz passou a ocupar o terceiro posto. Com a parada, a Aston Martin configurou com seus dois pilotos entre os seis primeiros. Alonso virou quarto e Stroll o sexto. Com Hamilton em quinto.
E foi com faca nos dentes que Don Alonso, aos 42 anos, mostrou todo seu talento. Ele partiu na captura da Ferrari de Sainz, e na volta 46, ultrapassou a Ferrari de forma espetacular, pulando para terceiro e garantindo lugar no pódio, ao lado de Pérez e Verstappen. Ao cruzar a linda de chegada ele fez zigue-zagues após receber a bandeirada como forma de comemoração ainda na pista.
Mercedes decepciona e Ferrari quebra
Mercedes vai ter que tirar leite de pedra. O sentimento dos pilotos da Mercedes após a primeira corrida da temporada é de frustração e decepção. Depois de prometer um carro competitivo para a equipe voltar a brigar por títulos após um 2022 abaixo do esperado, o que se viu no GP do Bahrein foi que os problemas permanecem, para revolta de Lewis Hamilton e George Russell, que lamentaram um "retrocesso" do carro.
Mesmo com Hamilton na quinta posição no Bahrein e Russel cruzando em sétimo, os pilotos da Mercedes acham pouco e veem a equipe atrás não apenas da Red Bull e da Ferrari, como em 2022, mas também superada pela Aston Martin, com Don Fernando Alonso em terceiro no circuito de Sahkir e com Lance Stroll em sexto.
Hamilton até brigou por posição com Alonso e chegou a encostar na Ferrari de Carlos Sainz, mas não teve força para fazer a ultrapassagem pelo quarto lugar e admitiu que falta algo no carro novo da Mercedes.
"Definitivamente não podemos lutar contra eles no momento (pilotos da Ferrari). Eles foram muito mais rápidos do que nós, assim como os Astons. Somos a quarta equipe mais rápida agora, ao contrário da terceira no ano passado", lamentou Hamilton. "Estamos indo para trás, então realmente temos muito trabalho a fazer para fechar essa lacuna.”
Os pilotos devem se reunir com a equipe ao longo da semana para buscar soluções. Daqui a pouco temos o GP da Arábia Saudita e algo terá de ser feito no carro para evitar mais decepção em temporada longa, de 23 provas.
"O fato é que não tivemos desempenho suficiente no carro. O treino superou nossas expectativas, mas na corrida voltamos à realidade e precisamos continuar trabalhando (no desenvolvimento do carro)", lamentou Russell. "Talvez tenhamos sido um pouco conservadores demais com o design e estamos perdendo demais de downforce de desempenho. Com todas essas mudanças que fizemos para tentar melhorar o carro, provavelmente parecemos ser o time que agora tem menos evolução", continuou.
A bronca de Russel não parou por aí. "Passamos do time que mais tem para o que menos tem. E talvez com as mudanças que a FIA fez durante o inverno, isso resolveu muitos dos problemas e talvez tenhamos ido longe demais", disse. "Mas eu não sou engenheiro, não sou aerodinâmico, então realmente não sei, não sei, vamos nos reunir."
Coluna: Esporte Total
Texto by: Roberto Vieira
Jornalista e Comentarista Esportivo