Publicado em 1/08/2023 as 5:00pm
COLUNA ESPORTE TOTAL POR ROBERTO VIEIRA
Quem para Max Verstappen? Max Verstappen é o cara! O “muleke voador” é o piloto...
Quem para Max Verstappen?
Max Verstappen é o cara! O “muleke voador” é o piloto proeminente na Fórmula 1 atual. Goste ou odeie, o jovem holandês é absurdamente superior a todos os pilotos do grid. No GP da Bélgica no domingo (30), ele largou no P6 e chegou 22 segundos à frente do segundo colocado seu parceiro de equipe. Max literalmente dá as cartas na categoria e caminha facilmente para um tricampeonato incontestável. Se no primeiro título foi necessário superar um gênio do esporte com seu foguete prateado, na atual temporada mostra um cenário mais tranquilo. Lewis Hamilton e a Mercedes não ameaçam e literalmente arrastam e reconhecem ( de acordo com Toto Wolff ) a superioridade do “muleke voador” e seu touro indomável.
Como em toda em qualquer hegemonia nascente, fica a dúvida acerca da sua capacidade de duração. Ninguém duvida do talento absurdo de um piloto como Verstappen, só mesmo os haters mais apaixonados e as “viúvas dos ex-pilotos do grid”. Mas a duração de uma sequência vencedora depende de muitas variáveis para além do simples talento. Afinal, estamos falando de F1. Não basta ser bom de braço e guiar uma carroça. Na temporada de 2026, muda tudo. Daí vamos ver quem é quem.
Carro bom ele tem. Se a Red Bull só foi lhe entregar uma máquina excelente em 2021, o desse ano é igualmente competitivo, e com um regulamento completamente novo, a tendência é a dos taurinos continuarem na mesma toada. A RBR não é uma equipe de fábrica, mas ganhou cancha para fechar uma parceria tão vantajosa como a que fechou com a Honda. Verstappen está no cockpit certo na hora certa.
O que quero dizer com ‘’hora certa’’? Simples: Verstappen está em uma Red Bull que trabalha com foco no seu sucesso. Não há um piloto mais talentoso ao seu lado ou ameaça a tal condição. Sérgio Perez, seu companheiro atual, sabe disso. Pierre Gasly e Alexander Albon também sabiam. Isso não diminui em nada o seu talento, pelo contrário. Se ele é o queridinho da equipe austríaca e tem uma equipe técnica altamente qualificada trabalhando para colocá-lo no topo, tal condição não caiu do céu. Max teve que mostrar na pista ser merecedor de tal ‘’privilégio’’. E mostrou.
Não há batismo de fogo maior e melhor que disputar o título pela primeira vez contra um gênio do esporte que já venceu sete vezes. A disputa insana com Lewis Hamilton foi das mais tensas, provavelmente a maior de todas, fazendo da temporada de 2021 a melhor da última década, na minha humilde opinião. Verstappen ganhou uma maturidade absurda ao duelar com o heptacampeão, algo a servir em futuras ocasiões e duelos difíceis.
Como disse, não sei se Verstappen estabelecerá uma hegemonia arrebatadora na F1. Ele mesmo já deixou no ar a possibilidade de sair da categoria após o término do seu contrato com a Red Bull, a duração vai até 2028. Além disso, o desejo de explorar outras modalidades no automobilismo também foi explicitada.
Verstappen é do jeito que é e nunca escondeu nada. Seu estilo vulcânico, amado por uns e odiado por outros, é sua marca registrada desde a estreia em 2016. O mundo da F1 é carregado, pouco amistoso e cercado de pressão. Um piloto autêntico como ele pode não querer mais conviver com essa parafernália toda e seguir outros caminhos. Com um bicampeonato na mão e um tri encaminhado, Vespa tem muito por conquistar, o seu nome já está marcado na história da categoria. Os outros que lutem para construir suas respectivas trajetórias.
Quem irá parar Max Verstappen? Não sei. Ele próprio não sabe. O certo é que muitas variáveis estão em jogo para tentar elucidar tal questionamento. O grid atual da F1 é repleto de pilotos jovens e talentosos, além de um heptacampeão que dispensa apresentações. Mas o vulcânico holandês também é talentoso, e com carro bom nas mãos, sabe como chegar ao topo. Quem quiser desafiá-lo que lute. Os próximos anos vão proporcionar novos espetáculos do atual campeão mundial.
Com a impressionante sequência de vitórias, o holandês agora vai aproveitar as férias com uma vantagem de 125 pontos sobre o segundo colocado, Perez, no campeonato de pilotos. A próxima corrida acontecerá na Holanda em 27 de agosto, onde o piloto contará com o apoio entusiasmado da torcida laranja.
Por que os pilotos deixam rivais passarem na linha de detecção do DRS
O DRS, sistema de redução de arrasto, é um dos artifícios mais importantes para ultrapassagens na F1 nos últimos anos. Trata-se da asa móvel, como o dispositivo ficou mais conhecido no Brasil.
Mas nos últimos tempos, com o aumento do número de zonas em que o sistema pode ser utilizado, sendo que a FIA tem colocado trechos consecutivos em vários circuitos, tem ficado mais latente que saber usar o artifício estrategicamente é essencial para ter mais benefícios.
E se tem um piloto que já mostrou isso no passado e, de novo, no GP da Áustria, é Max Verstappen. O holandês claramente chega a evitar fazer uma ultrapassagem em certo ponto do traçado para não ficar vulnerável no seguinte, também com zona de DRS, e poder realizar o ataque em um momento que não dá chance para os rivais tentarem um retorno.
De forma até polêmica, ele escancarou essa tática há dois anos, no GP da Arábia Saudita de 2021. Ele estava logo à frente de Lewis Hamilton, mas como tinha usado uma manobra ilegal para permanecer na liderança, a direção de prova mandou que ele devolvesse a posição para o adversário.
O que Verstappen fez foi tentar deixar Hamilton passar logo antes do ponto de detecção da asa móvel, que verifica se o carro de trás está dentro da diferença máxima de um segundo em que pode abrir a asa. Percebendo a estratégia do rival, Hamilton freou atrás do piloto da Red Bull para não fazer a ultrapassagem. Verstappen diminuiu ainda mais a velocidade e os dois chegaram a se tocar no meio de uma reta.
Pouco depois, Verstappen novamente deixou Hamilton passar no mesmo ponto e conseguiu atacar para fazer a ultrapassagem novamente. Só que a direção de prova não aceitou a manobra e mandou o holandês ceder novamente a posição.
Em 2022, foi a vez de Verstappen e Leclerc travarem mais uma briga estratégica na linha de detecção do circuito saudita. Os dois freavam bruscamente antes da última curva para tentarem estar atrás no ponto em que o sistema detecta quem terá o direito de usar o DRS na curva seguinte, o que causava momentos estranhos de pilotos lutando para não estarem à frente.