Publicado em 31/08/2023 as 8:00am
Inteligência Artificial na Fórmula 1
Coluna Esporte Total
Tão importante quanto o piloto, uso da inteligência artificial pode ajudar definir título na Fórmula 1
Estratégias e tomadas de decisões que podem definir um título são processadas através da Inteligência Artificial. A FIA contratou a Metro-France para espalhar sensores em todos os pontos dos circuitos para ter precisão nas tomadas de decisão durante as corridas. Hoje é chover no molhado falar do domínio absurdo de Max Verstappen nos últimos dois anos. Mas, além do talento, hoje vamos conhecer um pouco porque a Red Bull tem a melhor performance nas pistas além do melhor piloto.
Na volta das férias, o Belga/Holandês parece não ter desligado a mente das pistas um só minuto. Super Max correndo em casa supera mudanças alternadas de pista seca e molhada e, controla caos nas diversas paralizações para vencer no quintal de casa. Verstappen chegou a nona vitória consecutiva e igualando o recorde estabelecido por Sabastian Vettel em 2013.
O “Muleke Voador” vem atropelando a concorrência e batendo todos os recordes possíveis. Ele manteve seu recorde de 100% de vitórias em Zandvoort desde que o local voltou ao calendário em 2021. Max vem mostrando a cada corrida que que além do talento absurdo sobre os concorrentes, a parceria da Red Bull com a gigante da Inteligência Artificial Oracle, traz precisão na telemetria e até na tomada de decisão quanto a meteorologia.
Guerra de informações
O sucesso do ChatGPT nas redes sociais desde o seu lançamento levantou as discussões sobre a Inteligência Artificial para novos patamares. Isso também fez com que muitas áreas da indústria passassem a avaliar o impacto que o avanço da IA terá sobre elas nos próximos anos, tanto em termos de como explorar isso com sucesso e se pode substituir a força humana.
A Fórmula 1 não é diferente, com as equipes já usando a inteligência artificial em uma grande gama de atividades, incluindo ajustes do carro, direção de desenvolvimento e distribuição de recursos. Ela tem um papel no planejamento das estratégias de corrida, e levantou debates sobre a possibilidade de os robôs assumirem completamente o pitwall.
Uma vez que a F1 é uma guerra entre equipes, e qualquer informação detalhada que a escuderia austríaca e a Oracle forneçam sobre como pretendem desencadear a IA só ajudaria a informar os rivais a fazerem a mesma coisa.
Tecnologia ajuda a processar uma enorme quantidade de dados para elaborar estratégias e tomar decisões que podem ser decisivas a cada corrida.
A tecnologia está presente em praticamente todo tipo de processo que conhecemos, e no mundo esportivo não é diferente. Diversas categorias usam novas ferramentas para modernizar e aprimorar suas competições. A maior e mais prestigiada categoria do automobilismo mundial, é claro, merece seu destaque. A Fórmula 1, teve sua primeira corrida em abril de 1950 e, em seus 73 anos de história, passou por muitas evoluções nos carros, equipes e regulamento.
O processo de incremento da tecnologia no esporte foi natural e acompanhou suas evoluções, conta Fábio Delatore, professor de engenharia elétrica da FEI. Ele cita como exemplo a telemetria, que é a utilização de sensores no carro para a coleta de dados em tempo real, além do uso dos gêmeos digitais, que consiste na virtualização dos componentes físicos para ambientes de simulação, o que permite ao piloto e à equipe predizer comportamentos do carro mesmo antes de ele entrar em pista.
Depende muito do sistema. Se for um sistema especialista para padrões médicos, ele é extraído dos grandes bancos de dados clínicos que são referenciados por certos tipos de doenças ou certos tipos de pacientes. Se forem dados de trânsito, serão utilizadas as câmeras ou sensores de trânsito disponíveis.
Hoje, o processo de digitalização em que estamos inseridos é tão imenso que existem sensores que podem extrair dados de praticamente qualquer processo natural ou industrial que possamos imaginar. Praticamente todas as experiências que você pode imaginar são digitais: suas viagens, seus registros médicos, suas preferências…Por exemplo, quando você se senta em frente à televisão e ela recomenda o que assistir, é baseado no que você já fez antes naquela plataforma. Às vezes, tudo isso é o alimento dos algoritmos de IA.
As equipes de F1 reinventam suas estratégias a cada ano e sempre apostam em tecnologias de ponta para se sobressair diante dos rivais. A principal novidade de 2023 é o uso da Inteligência Artificial. Alguns sistemas da IA já estavam sendo usados por algumas equipes para logística e acerto na parte técnica dos carros, mas a Red Bull do bicampeão Max Verstappen, passou a usar nesta temporada em todo sistema de telemetria do carro. Sensores espalhados por cada milímetro do carro informa com precisão aos engenheiros o que fazer em milésimo de segundos. A IA auxilia também na montagem da estratégia de corrida.
A Red Bull, assinou um contrato com a empresa de tecnologia Norte-Americana, Oracle, a fim de implantar a Inteligência Artificial e o Machine Learning para trabalhar com mais eficiência. Essas tecnologias estão sendo fundamentais na tomada de decisões estratégicas e troca de dados da equipe. O chefe da equipe, Christian Horner, disse que a IA e o ML terão impacto em tudo realizado por eles, desde a análise dos pilotos presentes no grid até o desenvolvimento dos carros e, principalmente, na formação de estratégias de corrida.
O investimento da equipe está sendo muito importante para os testes da IA dentro do universo da Fórmula 1, pois as implicações e riscos são menores, além do desenvolvimento ser mais rápido. Isso possibilita melhoras mais rápidas dos protótipos, antes de serem feitos no mundo real.
Entretanto, a F1 continuará preservando a tomada de decisões dos pilotos nas pistas, por este motivo a ideia de ter carros guiados por computadores ainda é distante. O uso da Inteligência Artificial irá aparecer mais dentro dos boxes e nas fábricas, auxiliando os engenheiros e a equipe estratégica nas pistas.
No próximo domingo (3) o GP de Monza será palco de mais emoção e muita velocidade…
Texto By: Roberto Vieira
Jornalista e comentarista esportivo