Coluna esportes: ATÉ BILES SE CURVA DIANTE DE REBECA ANDRADE

Numa manifestação praticamente inédita em competições planetárias, como os Jogos Olímpicos de Paris, as americanas Simone Biles - considerada a maior ginasta da história - e Jordan Chiles se curvaram e prestaram reverência à brasileira Rebeca Andrade, no  todo do pódio da prova de solo da competição olímpica de ginástica artística. A brasileira havia conquistado a medalha de ouro no solo, deixando Biles em segundo e Chiles em terceiro. Foi a quarta medalha olímpica da brasileira em Paris, depois do bronze por equipes e das pratas no individual geral e no salto. 

Com tais conquistas somadas ao ouro no salto e à prata no individual geral nas Olimpíadas de Tóquio-2020, Rebeca chegou a seis medalhas olímpicas, tornando-se a atleta brasileira recordista de pódios olímpicos, com seis. Assim, ela superou os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, que têm cinco, cada. 

Rebeca levou o ouro no solo com 14.166, pouco à frente de Biles, prata, com 14.133. A também americana Jordan Chiles levou o bronze, com 13.766. A reverência prestada à Rebeca pelas duas americanas surpreendeu a todos na Arena. A ideia foi de Chiles, que fez a sugestão para a colega de equipe Biles. As americanas consideraram importante também o fato de que, pela primeira vez na história olímpica, três mulheres negras tenham subido ao pódio numa competição da modalidade.

"A Rebeca é incrível. Ela é uma rainha. Estávamos muito animadas. Decidimos demonstrar nosso respeito. A Jordan disse que deveríamos fazer e eu disse que sim. É por isso que fizemos. Era o correto a ser feito. Amo Rebeca. Ela é incrível. Ela é uma pessoa maravilhosa e uma ginasta melhor ainda. Ela me ajuda a estar concentrada. Ela me faz competir melhor. É uma pessoa com muito talento, vejo que ela ainda terá uma longa carreira. Estou animada para ver o que mais vem para ela. Mas agora ela e todas nós precisamos relaxar", declarou, em entrevista coletiva,  Biles, que tem 11 medalhas olímpicas, sendo sete ouros, duas pratas e dois bronzes no Rio-2016, Tóquio-2020 e Paris-2024, além de 30 medalhas em Mundiais, sendo 23 de ouro.

Emocionada pelas medalhas conquistadas em Paris e pelo reconhecimento das adversárias, da mídia esportiva e do público, Rebeca Andrade teve de conter a ansiedade na prova de solo, porque havia sido a segunda a se apresentar e teve de esperar que outras sete fizessem suas séries.

"(O choro) foi porque eu terminei a competição inteira. Orei para que eu aproveitasse, voltasse sem me lesionar, sem nada de ruim acontecer. Não acredito, mas acredito porque foi o que pedi para Deus. Terminei com chave de ouro, estou explodindo!", festejou, sem antecipar se vai continuar a fazer as provas de solo e do individual geral, rumo aos Jogos de Los Angeles-2028.

A brasileira comentou sobre a representatividade de três mulheres negras no pódio de um esporte que até cerca de 20 anos era dominado por atletas brancas do Leste Europeu e da América do Norte. 

"A gente tinha  feito isso no Mundial, e poder repetir isso agora em uma Olimpíada, onde o mundo inteiro está vendo a gente é mostrar a potência dos negros, mostrar que, independente das dificuldades, a gente pode, sim, fazer acontecer. Porque ou as pessoas aplaudem, ou elas engolem. E a gente está aqui mostrando que é possível. Eu estou muito orgulhosa. Eu me amo, eu amo a cor da minha pele. Mas também não me fecho só nisso", argumentou Rebeca. "É poder incentivar e continuar mostrando que talvez seja um pouco mais difícil para você, mas é o teu sonho. Ninguém tem o direito de falar 'não' para você. A gente conseguiu provar isso."

No Brasil, a ex-ginasta Daiane dos Santos, ouro no solo no Mundial de 2003 e ídolo da ginástica no Brasil no começo da primeira década deste século, exaltou as conquistas de Rebeca ao comentar o evento pela Rede Globo.

"A coroação da Rebeca ali como rainha, nossa queen. É muito bonito ver esse gesto da Simone Biles e da Jordan. Elas sabem a importância desse pódio, sabem a importância da Rebeca Andrade para o mundo da ginástica", analisou a comentarista.  

Daiane prosseguiu, combatendo o racismo no esporte e na sociedade.

“A gente tem que lembrar e observar a importância da pessoa preta para o esporte brasileiro e mundial. As três melhores do mundo no solo são mulheres pretas. Num momento em que vivemos tantos ataques de preconceito racial, com Vinícius Júnior à frente pedindo para as pessoas pararem de observar a cor da pele e observar o talento, a Rebeca falou sobre representar a todos. Sim, ela representa a todos. Mas a representatividade de 56% de uma nação que é excluída, subjugada e que quando ganha é pertencente, mas quando não ganha?” , questionou.      

Também na segunda-feira, no surfe, em Teahupoo, no Tahiti, o Brasil manteve sua tradição, ao conquistar duas medalhas. No feminino, Tatiana Weston-Webb obteve a medalha de prata, ao perder a final para a americana Caroline Marks. Foi a primeira medalha olímpica feminina do país no surfe olímpico. No masculino, Gabriel Medina obteve o bronze, ao duelar com o peruano Alonso Correa. Em Tóquio-2020, o brasileiro Italo Ferreira havia conquistado a primeira medalha de ouro olímpica da história da modalidade.

Imagens fornecidas como cortesia pelo Comitê Olímpico Brasileiro

VÔLEI FEMININO AVANÇA PARA AS SEMIFINAIS

Bicampeã olímpica em Pequim-2008 e Londres-2012,  a seleção brasileira feminina de vôlei deu mais um passo rumo ao objetivo do tricampeonato, ao derrotar a República Dominicana por 3 sets a 0 (25/22, 25/13 e 25/17), pelas quartas de final do torneio olímpico da modalidade. Com isto, avançou às semifinais do torneio e já sabe que irá lutar por medalha. Em caso de vitória nas semifinais, vai obter o ouro ou a prata, e se perder nas semis, ainda poderá disputar o bronze.  

Em Paris, a seleção venceu todos os jogos por 3 set  0, contra Quênia, Japão, Polônia e República Dominicana. O rival da semifinal será Estados Unidos ou Polônia. As semifinais serão nesta quinta, dia 8; a decisão do bronze no sábado, dia 10, e a do ouro, no domingo, dia 11. 

O destaque brasileiro foi a ponteira Gabi, com 20 acertos, seguida por Ana Cristina, com 14, e Rosaria, com 11. No duelo com as dominicanas, Gabi atacou bolas difíceis e colaborou até no bloqueio, fazendo três pontos neste tipo de jogada.

"Viemos aqui para buscar o ouro. Qualquer resultado menor que esse será uma frustração muito grande. Mas acreditamos no processo, no dia a dia. Sabemos da dificuldade das quartas de final, e agora é ir jogo a jogo", afirmou ela.

Em sua terceira participação nas Olimpíadas, a capitã da equipe vem usando as memórias da Rio-2016 e de Tóquio-2020 como motivação para ela e para todo o grupo.

"Eu me preparei muito. Quero demais esse ouro. Passei por uma frustração grande na Rio 2016. Nos últimos Jogos Olímpicos, saímos com a prata, que é muito importante, mas também foi frustrante. Os três anos de preparação (para Paris) foram pensando no ouro. Acredito na força do grupo", enfatizou, sem escolher adversários na semifinal:

"Qualquer um que vier agora, Estados Unidos ou Polônia, vai ser muito difícil. São times dificílimos, e estamos engasgados com os dois. A Polônia tirou nosso bronze na Liga das Nações, e os EUA ganharam na última final olímpica. É preparar, estudar, descansar. Precisamos trazer nossa energia, agressividade, jogar com raiva mesmo."

Imagens fornecidas como cortesia pelo Comitê Olímpico Brasileiro

JOGOS DECISIVOS NA COPA DO BRASIL 

Nesta quarta-feira, dia 7 de agosto, haverá seis jogos de volta decisivos das oitavas de final da Copa do Brasil. As equipes que se classificarem irão garantir, além da vaga na fase seguinte do torneio, uma premiação de R$ 4,5 milhões. 

No que chegou a ser apontado como final antecipada da competição, o Palmeiras vai receber o Flamengo no Allianz Parque, nesta quarta, às 20h de Brasília. Na semana passada, no Rio, o rubro-negro venceu por 2 a 0. Com isso, estará classificado mesmo que perca por um gol de diferença. Já  o Palmeiras precisará ganhar por dois gols de vantagem, para levar a disputa aos pênaltis; ou por três, para conquistar a vaga de forma direta. Também nesta quarta, às 19h, em Bragança Paulista, o Red Bull Bragantino vai receber o Athletico-PR. No jogo de ida, em Curitia, o rubro-negro paranaense venceu por 2 a 0. Assim, o Athletico-PR tem diante do Bragantino a mesma vantagem que o Flamengo tem diante do Palmeiras. Outro confronto desta quarta-feira vai envolver Fluminense e Juventude, às 21h30m, no Maracanã. No jogo de ida, em Caxias do Sul, o Juventude levou a melhor por 3 a 2. Com isso, precisa do empate neste segundo jogo para assegurar a classificação. Já o Fluminense precisa ganhar por um gol de vantagem, para levar a disputa para os pênaltis; ou por dois, para se classificar diretamente.

Três confrontos estão totalmente em aberto, por causa dos empates nos jogos de ida. Em Belo Horizonte, às 19h, se enfrentam Atlético Mineiro e CRB, que empataram por 2 a 2 na semana passada, em Maceió. Quem ganhar se classifica. Se houver nova igualdade, a decisão vai para os pênaltis. Da mesma forma, no Couto Pereira, em Curitiba - a arena do Grêmio segue sem utilização, devido às enchentes no Rio Grande do Sul - os gremistas vão receber o Corinthians, às 21h30m. No jogo de ida, houve empate sem gols. O panorama é igual ao do jogo citado antes. Outra chave ainda empatada diz respeito ao duelo Bahia x Botafogo, em Salvador, às 19h. Na semana passada, no Rio, houve empate em 1 a 1. A situação é semelhante àquela dos outros dois em que houve empates nos jogos de ida. 

Taça da Copa do Brasil — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

TOQUE DE BOLA

MORTE DE ADÍLIO -  Morreu no Rio, aos 68 anos, nesta segunda-feira, dia 5, o ex-apoiador Adílio. O jogador integrou a equipe do Flamengo dos anos 80, que dentre outros títulos foi campeão da Libertadores da América e do Mundial de Clubes de 1981. 

LÁ EM MINAS

AMÉRICA - Para a sequência da Série B do Campeonato Brasileiro, o América está avançando nas negociações no sentido de contratar Daniel Júnior, ex-apoiador do Cruzeiro. O jogador de 22 anos estava no Vitória, mas aos poucos foi perdendo espaço na equipe de Salvador. O jogador deverá chegar ao alviverde por empréstimo até o fim deste ano. No início deste ano, ele teve uma curta passagem pelo Akhmat Grozny, do futebol russo, de onde foi para o Vitória.

ATLÉTICO -  Chegou a Belo Horizonte o mais novo reforço do Galo: o atacante Deyverson, que disputou a última temporada pelo Cuiabá. O atleta de 33 anos deverá assinar com a equipe mineira até dezembro de 2025. Deyverson apresenta as características que o técnico Gabriel Milito havia solicitado à diretoria do clube: alguém muito eficiente no jogo aéreo e capaz de efetuar as jogadas de tabela como pivô. 

CRUZEIRO - Pelo Campeonato Brasileiro, nesta segunda-feira, em Cariacica, no Espírito Santo, o Cruzeiro perdeu para o Fortaleza por 2 a 1. O gol cruzeirense foi de Matheus Henrique. Com o resultado, o Cruzeiro se manteve em quinto lugar na Série A, com 35 pontos. Apesar da derrota, segundo o Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais, a probabilidade de o Cruzeiro jogar a Libertadores em 2025 é de 76,4%.