Publicado em 26/10/2008 as 12:00am
"Entre a cruz e o punhal" nas mãos de coiote
"Ameaçaram minha irmã de morte caso eu não comece a pagar logo minha dívida", afirma maranhense
Todos os anos, milhares de imigrantes se arriscam em travessias clandestinas pelas fronteiras norte-americanas. Além de se expor ao risco de ser pego pela polícia de imigração, culminando em prisão e deportação, essas pessoas se sujeitam a condições subhumanas durante o percurso e encaram dívidas que chegam a $15 mil dólares.
O caso do maranhense J.L, que não quer ser identificado, é só um exemplo de um problema cada vez mais comum. Ele, que chegou ao país com a ajuda dos ‘coiotes’ e num período que o dólar está em alta no Brasil, está tendo dificuldades de conseguir empregos e não sabe como fará para pagar a dívida, cobrada constantemente pelos agenciadores que o trouxera. “ Não sei o que fazer, está tudo diferente do que eu imaginava. Eu pensava que era só ‘cair’ aqui e seria fácil arrumar trabalho, mas agora to com essa dívida e sem emprego. Com o dólar em alta, a pressão por parte das pessoas que me trouxeram aumentou. Eu tenho que pagar em dólar e eles querem aproveitar esta alta para receberem mais”, tenta explicar.
O susto da alta da moeda , que para muitos brasileiros que aqui trabalham foi motivo de comemoração, para J.L foi mais motivo de lamento e desespero. “Minha vida se tornou um inferno, já recebi ameaças contra a minha família, recebo notícias falando que juraram minha irmã de morte caso eu nao pague logo o valor combinado. Não durmo desde que eu cheguei nesse lugar”, desabafa.
Como se não bastasse tudo isso, o valor a ser pago não pára de crescer, pois eles me cobram juros. “Informaram que minha dívida tem um juros de $17 dólares por dia, não vejo como sair dessa armadilha. Eu e minha família corremos risco de vida e tenho que me virar para fazer dinheiro nesse país, mesmo com essa crise que estão falando por aí”, afirma desesperado pois caso retorne ao Brasil pode ser assassinado e ficando aqui está com problemas de encontrar emprego. “Se eu pudesse mudar tudo, certamente não estaria aqui. Eu voltaria com certeza. Deve ter muitas pessoas, assim como eu, que estão em dívida com “coiotes”, e se tornam escravas desse problema”, continua.
Fonte: (Da redação)