Publicado em 30/06/2014 as 12:00am
Lei permite que crianças imigrantes abusadas fiquem nos EUA
Ele ainda é um adolescente, mas Wilfredo Vasquez já viu muito em sua vida. Sua história começa em Anamoros, uma cidade localizada na região Sudeste de El Salvado. Aos 16 anos de idade, sozinho, vivendo na pobreza, ameaçado por gangues violentas em seu bai
Da redação
Ele ainda é um adolescente, mas Wilfredo Vasquez já viu muito em sua vida. Sua história começa em Anamoros, uma cidade localizada na região Sudeste de El Salvado. Aos 16 anos de idade, sozinho, vivendo na pobreza, ameaçado por gangues violentas em seu bairro e praticamente abandonado por seus pais, ele decidiu deixar tudo pra trás e se mudar para os Estados Unidos.
Vasquez sabia que se não se juntasse às gangues, ele seria morto. Como não queria participar desta vida de crime, porque sabia que poderia morrer muito cedo, economizou US$100 para pagar uma viagem de ônibus até a Guatemala, e atravessou para o México através do rio Suchiate.
Durante a viagem, ele disse que foi detido por soldados mexicanos e interrogado. Seu sotaque salvadorenho o traiu e por pouco não foi impedido de seguir viagem. O adolescente levou duas semanas para chegar à fronteira com o Texas, comia em terminais rodoviários e dormia sempre que podia.
Com a ajuda de imigrantes mais velhos, Vasquez nadou o Rio Grande, até o Texas e se emocionou ao pisar em solo estadunidense pela primeira vez. Seus únicos pertences eram as roupas que usava e alguns dólares no bolso. O rapaz foi detido por agentes de fronteira, próximo à Houston e enviado para um centro de detenção.
Ele passou três meses neste centro e depois foi liberado sob a custódia de um parente que vivia na Geórgia. Vasquez agora é um cidadão dos Estados Unidos, graças a uma lei de imigração pouco conhecida que ajuda menores indocumentados que chegam sozinhos neste país.
A lei, conhecida oficialmente como “Special Immigrant Juvenile Status”, foi promulgada pelo Congresso em 1990. Em 2008, ela foi ampliada e atualizada sob a nova legislação. De acordo com o Departamento de Segurança Interna, o propósito do programa SIJ é ajudar as crianças estrangeiras nos Estados Unidos que foram abusadas, abandonadas ou negligenciadas. Os menores que aprovados podem viver e trabalhar legalmente nos Estados Unidos.
Rebeca Salmão é uma advogada de imigração e diretora-executivo do “Access to Law”, uma organização que presta serviços jurídicos de baixo custo. Ela disse que a aplicação para este benefício imigração é difícil porque o candidato tem que provar a sua história em nível estadual e federal.
Segundo a advogada, “nem todas as crianças que se aplicam, recebem o benefício e nem todas que entram pode se quer aplicar. Você tem que provar ter sido abandonada, maltratada ou negligenciada. Você tem que viver sem os seus pais. Há requisitos mínimos, mas depois há também o rigoroso processo de imigração, por isso nem toda criança consegue entrar neste programa".
Dezenas de milhares de crianças chegaram aos Estados Unidos, sozinhas, este ano, a maioria da América Central. Mas Salmon diz muito poucas podem realmente se qualificar para este benefício de imigração, ao contrário de Vasquez, que foi capaz de provar que foi vítima de abuso, abandono e negligência.
Vasquez completou 18 anos no início deste ano. Ele está aprendendo Inglês na escola e tirar boas notas. "Meu sonho é me formar no ensino médio e, em seguida, ir para a faculdade, porque eu quero ser um médico", disse ele.
Fonte: Brazilian Times