Publicado em 25/07/2018 as 12:00pm
Crianças imigrantes passam por medicação forçada em centros de detenção
Detidas, drogadas e injetadas. É assim que as crianças imigrantes que precisam do apoio à saúde mental, mas detidas em instalações do governo, estão sendo tratadas de acordo comum processo aberto em um Tribunal da California.
De acordo com o The Sacramento Bee, as crianças do Centro de Tratamento de Shiloh, em Manvel, no Texas, tiveram prescrito até 10 doses e pílulas diferentes de cada vez e os funcionários ainda disseram que elas nunca sairiam do centro se recusassem a tomar a medicação.
Um denunciante declarou que os membros da equipe em Shiloh provocavam as crianças para elas ficarem irritadas e depois justificava que precisavam de injeções para se acalmarem.
Outro processo, apresentado em nome de cinco crianças imigrantes nos Tribunal Distrital de Los Angeles, em junho, alega que as políticas do Escritório de Reassentamento de Refugiados estão causando sérios danos às crianças. A queixa acusa a agência de deter crianças em condições excessivamente restritivas, medicá-las à força e não reunir as crianças com suas famílias.
Lucas, um menino de 12 anos da Guatemala, é um dos queixosos. Ele está detido no centro de Shiloh. Segundo sua irmã mais velha, que mora em Los Angeles, quando ele estava na Guatemala, Lucas era um menino feliz e falante. No entanto, sua detenção e o medo de não se reunir com sua família o deixaram deprimido. Ele foi colocado em medicação psicotrópica e transferido para Shiloh. A equipe disse que ele não será libertado até que seja avaliado como "psicologicamente correto".
O jornal trata este caso como apenas “mais um escândalo manchando a imagem da grande América de Donald Trump”. Mas esse tem sido o mais impressionante.
A jornalista Lea Labaki fala que “não sabe o que é ser um garoto imigrante, viajar sozinho para um país desconhecido ou ser separado da família na fronteira. Mas sabe o que é experimentar um tratamento psiquiátrico forçado quando criança”.
Ela destaca que passou muitos anos da sua adolescência em enfermarias psiquiátricas. “Começa com as mãos de estranhos em cima de você, segurando você. Você está despojado e recebe uma injeção. Você sente como se estivesse perdendo o controle, sendo preso em seu próprio corpo”, fala.
A supermedicação de crianças com problemas de saúde mental ou outras deficiências é comum nas instituições. A Human Rights Watch documentou tais práticas na Rússia, Sérvia e Brasil, onde os pesquisadores frequentemente encontraram crianças como zumbis no meio de instalações barulhentas. Na maioria dos casos, o objetivo da supermedicação parece ser disciplinar e conveniente para a equipe, em vez de tratamento.
Isso não quer dizer que as crianças em Shiloh e em outras instalações não tenham necessidades de saúde mental. Claro que eles ficarão traumatizados e precisarão de tratamento. Como você se sentiria se tivesse que fugir da violência em seu país natal e acabar detido sozinho em uma terra estrangeira?
Mas o tratamento psiquiátrico forçado não ajuda. Essas crianças precisam ser libertadas e reunidas com suas famílias, em vez de serem injetadas à força com drogas psicotrópicas. “Eu sei o dano que isso causa. Nenhuma criança deveria ter que suportar isso”, finaliza a jornalista.
Fonte: Redação - Brazilian Times