Publicado em 24/08/2018 as 5:00pm
Mais um brasileiro denuncia “perseguição do ICE” em aeroporto de Boston
“Me algemaram, fui tratado como lixo e só devolveram as minhas coisas quando cheguei em São Paulo”, afirma Thiago
Após o Brazilian Times divulgar a denúncia feita pela vereadora de Framingham (Massachusetts), Margareth Shepard, sobre situações de brasileiros que estariam sendo barrados no aeroporto de Boston e levados para prisões, a redação recebeu alguns e-mails de outros compatriotas que passaram pelo mesmo problema.
A reportagem do Brazilian Times conversou com Mary G. Sequeto, que estava indignada com o que aconteceu com o seu filho, Thiago Gomes Jardim. “Desculpe o desabafo, mas precisa contar a minha história, pois eu tenho contribuído muito para este país e ver meu filho sendo tratado como marginal é revoltante”, fala ela que foi policial no Brasil. “Nunca imaginei meu filho ser algemado e colocado dentro de uma viatura sem ter feito nada errado”, continuou.
O BV teve acesso ao áudio da conversa entre ela e o jovem de apenas 19 anos de idade. “Fui preso, me algemaram, pegaram minhas coisas e só devolveram quando eu cheguei em São Paulo”, disse Thiago.
Ele confirmou que assim como aconteceu com os outros dois brasileiros citados no Brazilian Times, ele também passou pela mesma situação. “Cheguei na imigração, me levaram para uma sala e depois para outra, onde tinha apenas uma mesinha, fizeram várias perguntas, me revistaram e me levaram para o presidio”, fala ressaltando que ao chegar no centro de detenção foi revistado novamente.
Thiago relata que recebeu uma carteirinha como identificação de detento e foi obrigado a usar uniformes de presidiário. “Passei por exames médicos e fui colocado em uma cela”, afirma. “Me acordaram as cinco horas da manhã do dia seguinte e serviram um café horrível e voltei para a cela”, continua.
De acordo com os relatos de Thiago, ás 7h ele foi novamente retirado da cela e recebeu a informação de que estava livre. “Vesti as minhas roupas, me algemaram e só tiraram as algemas quando estava na porta do avião”, se revolta.
Mary informou ao BT que abriu um processo e vai buscar os seus direitos, pois seu filho não incorreu em nenhum erro. “Inclusive eu estou com um processo para legalizá-lo. Se ele não podia entrar, era só enviá-lo de volta e não fazer ele passar por todo este transtorno que com certeza vai causar traumas”, afirma.
Ela ressaltou que também está indignada com o escritório que cuida do seu caso de legalização, baseado no U-Visa. “Quando soube da detenção do meu filho, eu fui correndo no escritório, mas alegaram que não adianta processo, pois este é um processo padrão da polícia de imigração”, fala ressaltando que “foi policial durante 20 anos no Brasil e se mudou para os Estados Unidos em busca de proteção por ter colocando bandidos perigosos na cadeia. “Eu pensei que estaria segura aqui, mas vendo este tipo de atitude, não me sinto tão segura”, finaliza.
Fonte: Redação - Brazilian Times