Publicado em 16/09/2018 as 12:00pm
Como o governo Trump está limitando também a imigração legal aos EUA
Além de defender projetos de reforma migratória que tramitam no Congresso, governo tem criado uma série de medidas administrativas para dificultar a emissão de vistos e interromper permissões já concedidas.
Quando Donald Trump venceu as eleições, em novembro de 2016, tudo indicava que imigrantes ilegais enfrentariam muitas dificuldades nos Estados Unidos. Mas pouca gente imaginou que as novas políticas do presidente americano afetariam também estrangeiros que vivem legalmente no país.
Ainda na campanha, Trump falava em construir um muro na fronteira com o México e em deportar milhares de pessoas em situação irregular. Mas, desde que ele assumiu a Casa Branca, estrangeiros passaram a temer também a possibilidade de perder direitos adquirido e até mesmo o visto que lhes permite morar, estudar ou trabalhar nos EUA.
Esse receio tem motivado muita gente a entrar com o processo para conseguir o green card (visto de moradia permanente) e, se têm direito, a pedir a nacionalidade americana.
"Muitas pessoas pediram a cidadania em 2015 porque queriam votar nas eleições de 2016. Mas, desde então, só estão fazendo isso porque não querem perder a residência permanente. Todo mundo tem medo e busca uma condição mais estável", comenta Roby Powers, advogada especialista em imigração que trabalha no Texas.
Segundo ela, muita gente tende a esperar pela reforma migratória que vem sendo discutida no Congresso antes de dar entrada na papelada para mudar o próprio status.
"Mas estamos recomendando aos que podem solicitar algum tipo de permissão para melhorar a situação que o façam imediatamente", diz a advogada, que é integrante da Associação Americana de Advogados de Imigração (AILA, em inglês).
"O governo Trump tenta reduzir o número de imigrantes legais nos EUA, especialmente aqueles que pertencem ao grupo de trabalhadores qualificados, de refugiados e de solicitantes de asilo", explica Alex Noweasteh, analista para assuntos migratórios do Instituto CATO, centro de estudos com sede em Washington (EUA).
O governo, por exemplo, tem incentivado o debate no Congresso de propostas para mudar as regras migratórias. Em agosto de 2017, durante um evento na Casa Branca, Trump declarou apoio a uma proposta batizada de Lei da Reforma da Imigração dos EUA para um Emprego Forte. Se aprovada, ela poderia reduzir em 50% a migração legal no país em dez anos, de acordo com estimativa dos autores do projeto, os senadores Tom Cotton (Arkansas) e David Perdue (Georgia).
O texto previa limitar a entrada de pessoas pouco qualificadas no país, eliminar a loteria de vistos e estabelecer um sistema migratório baseado em "mérito". Assim como outros projetos do tipo, a proposta não avançou no Congresso americano.
Especialistas consideram que, diante do fracasso das iniciativas legislativas, o governo tem optado por adotar medidas administrativas para limitar a entrada e permanência legal de estrangeiros no país.
Segundo Nowrasteh, a Casa Branca tem sido mais bem-sucedida em minar a imigração legal que em conseguir financiamento para construir o muro na fronteira com o México.
"As autoridades reduzem a imigração legal aumentando as barreiras burocráticas para a tramitação de vistos e os custos. Solicitam a apresentação de documentos desnecessários para dificultar o processo", assinala o analista.
Powers concorda. "De forma geral, os processos estão demorando mais. Estão dificultando tanto a imigração legal quanto a obtenção de cidadania", diz ele.
Michael Bars, porta-voz do Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS, na sigla em inglês), disse que essa agência governamental busca salvaguardar o cumprimento da legislação de imigração no país.
Fonte: Redação - Brazilian Times