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Publicado em 15/10/2018 as 2:00pm

“Eles pegaram meu pai e o trancaram”, é a única lembrança que menina tem dos EUA

Com um sorriso travesso, Filomena, de 5 anos de idade, ergue a mão direita e se transforma em...

Com um sorriso travesso, Filomena, de 5 anos de idade, ergue a mão direita e se transforma em um condutor de gado. Ela designa sua prima de três anos de idade o papel nada invejável de touro. "O touro que está indo para os Estados Unidos", grita Filomena em espanhol, dirigindo sua prima que virou touro na cabana de madeira, de apenas um cômodo.

Nesta brincadeira, não fica claro se ela acha que os EUA são uma terra prometida ou algo mais sinistro.

Para a família de Filomena, são os dois: o país onde uma pessoa pode ganhar o dobro em uma hora do que sua família faz o dia todo vendendo batatas. O país onde quatro policiais da Patrulha da Fronteira separaram, à força, Filomena de seu pai e depois a enviou para morar por quase três meses em um abrigo na cidade de New York antes de deportá-la.

O país onde o pai de Filomena gostaria de voltar depois de ser arrancado da filha, porque, apesar de tudo o que aconteceu, e apesar de querer permanecer com a família intacta, ele não vê esperança na Guatemala.

Filomena, no entanto, é jovem demais para entender a nuance de tudo isso. Perguntada sobre o que ela lembra dos Estados Unidos, ela diz uma única frase devastadora: "Eles levaram meu pai e o trancaram".

Depois da administração Trump terminar a sua política de separação familiar, parece que o Governo Federal está novamente considerando planos que poderiam dividir pais e filhos na fronteira dos EUA com o México.

O presidente Trump disse a repórteres na Casa Branca no sábado, dia 13: "Eu vou dizer o seguinte: se eles sentirem que haverá separação, eles não virão".

Para o pai de Filomena, Nazario Jacinto Carrillo, a decisão de sair do seu país de origem aconteceu gradualmente, devido à pobreza da família e a longa história de migração da região. A cabana da família tem uma cama e não tem eletricidade. A comida é escassa; eles subsistem com uma dieta escassa principalmente de batatas e milho. Ele não tem trabalho, exceto durante os quatro meses de colheita da batata, quando a família ganha US$ 4 por dia, e trabalho ocasional em uma plantação de café. “Todos nós, guatemaltecos, estamos indo para os Estados Unidos. Indo com crianças. E eles estão conseguindo”, disse ele. “Minhas intenções eram nobres. Eu fui para trabalhar, para dar um futuro para minha família”.

Nazario insiste que Filomena queria ir aos Estados Unidos para aprender inglês; que ele não teria a levado se ela não quisesse ir, mas ele teria uma chance melhor de entrar se a menina estivesse junta dele.

Ele havia sido informado por outras pessoas que fizeram a viagem de que seriam mantidos em detenção por alguns dias e depois liberados.

Havia verdade nesse boato. O governo Obama deportou mais pessoas do que qualquer outro presidente, mas ele traçou uma linha quando se tratava de crianças, praticando o que era chamado de "pegar e soltar", uma política de usar alternativas de detenção, como monitores de tornozelo e check-ins.

Foi essa política que enfureceu o presidente Donald Trump e o Procurador-geral Jeff Sessions, e levou-os a promulgar a política de "tolerância zero" de processar criminalmente todos os adultos que atravessassem a fronteira ilegalmente e separá-los de seus filhos. Tudo começou algumas semanas antes de Nazario e Filomena partirem para os EUA.

Ele pagou a um “coiote” um adiantamento de US $ 2.600 emprestado de um banco local para levar os dois aos EUA. Sua viagem durou sete dias, viajando sem escalas, de ônibus e táxi. Eles passaram pelas autoridades mexicanas de imigração, mas a Patrulha da Fronteira os prendeu quando cruzaram a fronteira para a Califórnia. Seis agentes os cercaram, segundo ele.

Após a prisão, ele foi separado da filha, enviado para um centro de detenção privado em San Diego, e Filomena para um abrigo em NY. Nazario não sabe ler nem escrever, e ele disse que usou a impressão digital para assinar seus documentos de deportação. Ele disse que assinou porque lhe foi prometido que Filomena seria devolvida a ele dentro de uma semana. Demorou quase três meses, período em que ele e a esposa não puderam falar com afilha, pois foram informados por uma assistente social de que ela chorava muito e não podia conversar.

De volta à Guatemala, Nazario também chorou sem parar e disse que perdeu a cabeça e sente-se impotente. "Se eu soubesse que eles iam levar minha filha embora, eu não teria tentado sair de casa".

Agora que ele está de volta, Nazario diz que sua maior preocupação é o dinheiro que ele deve ao banco o qual usou para sua viagem fracassada.

Ele disse que ainda deve ao coiote o valor de US $ 2.000. Ele deve ao banco mais US $ 2.600. Ele tinha planejado pagar os dois depois que conseguisse um emprego nos EUA.

Ele paga ao coiote US $ 4 por mês desde sua deportação - juros sobre uma dívida que ele não tem ideia de como vai pagar. O oficial de empréstimos do banco também foi à sua casa procurando por ele, quando surgiram as primeiras notícias de que ele estava entre os pais que foram separados de seus filhos e deportados.

Fonte: Redação - Brazilian Times

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