Detentos do ICE no Texas são 15 vezes mais propensas a ter COVID-19 que pessoas livres

Os detidos em centros de detenção para imigrantes no Texas têm uma probabilidade 15 vezes maior de ter COVID-19 do que as pessoas da população em geral do estado, considerando casos ativos. Mais de 1.200 testeram positivos desde o início da pandemia.

Estes dados foram divulgados sobre as últimas taxas de infecção baseadas em casos ativos relatados pelo Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês) e pelo Departamento de Serviços de Saúde do Estado do Texas.

Apesar das altas taxas de infecção, as autoridades do ICE estão falhando em fornecer distanciamento social e atendimento médico adequados aos detentos, de acordo com relatos de quase 30 detidos em todo o estado.

Em junho de 2020, Israel Rodriguez foi libertado das instalações de detenção Joe Corley, que fica ao ao norte de Houston, depois de quase um ano em prisão imigratória. Ele tem 31 anos e disse que o atendimento médico estava bem abaixo do normal, incluindo o testes de COVID-19 que eram poucos.

"Eu tinha um amigo da Birmânia. Ele ficou na cama por quatro dias e não conseguia sair da cama e tossia muito, estava com febre e calafrios e apresentava todos os sintomas citados pelos especialistas em saúde relacionados à doença", disse. "Ele não foi testado", acrescentou.

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O próprio Rodriguez teve febre e pediu exames mas foi negado. Ele pediu novamente logo antes de ser libertado, porque estava planejando ver seu pai que tem câncer. “Mas a enfermeira não quis fazer o teste”, afirmou.

"Uma enfermeira me disse especificamente 'não', que o ICE havia dito para a equipe médica que não deveria testar os detentos, que deveriam se abster de fazê-lo e isso só deveria ser feito nos casos mais graves”, acrescentou Israel.

Na mesma instalação, Roger Ernesto La O Muñoz disse que teve uma experiência semelhante. “Eles negaram um teste de COVID-19 para mim, em particular. E eles não fazem testes generalizados", disse ele em espanhol.

Ele disse ao Texas Newsroom que a única vez em que viu pessoas sendo testadas foi quando houve grandes grupos com sintomas ou quando as pessoas estavam para ser deportadas.

No Centro de Processamento de El Paso, uma detida disse que não foi testada até que ficou acamada. Outra mulher na mesma unidade afirmou que tinha dores no corpo e na garganta e recebeu o aval para os testes somente depois de apresentar febre. Ela estava alojada com outras mulheres que deram positivo para COVID-19.

O ICE disse que eles aumentaram a realização dos testes e seus números mostram que mais de um quarto dos detidos testaram positivos. A taxa de teste positivo para a população em geral no Texas é de 15%.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.