Metade dos imigrantes em centro detenção na Califórnia testaram positivo para a COVID-19

Metade dos imigrantes presos em no centro de detenção Mesa Verde, em Bakersfield, na Califórnia, foram confirmados com COVID-19, depois que um juiz federal ordenou que o Departamento Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês) realizasse testes entre os detidos, pelo menos semanalmente.

Um dos detidos está atualmente hospitalizado com sintomas graves de COVID-19, enquanto o resto dos que tiveram resultado positivo foram colocados em quarentena, em um dormitório na instalação, que pertence e é operada pela empresa com sede na Flórida, The GEO Group.

Atualmente, 106 homens estão detidos neste centro de detenção, que possui 400 leitos. “Estamos realmente com medo de nunca mais voltar para nossas famílias fora”, disse Hugo Lucas, um dos detidos, através de um comunicado. Até agora, ele deu negativo para o coronavírus.

Em 6 de agosto, o juiz distrital Vince Chhabria ordenou que o ICE e o GEO testassem semanalmente todos os detidos na instalação e parassem temporariamente de aceitar novos detentos.

O tribunal federal de São Francisco foi um dos primeiros do país a ordenar o teste de rotina entre detentos.

Chhabria interveio depois que e-mails do ICE revelados durante o litígio, em maio, mostraram que os oficiais da imigração se opuseram aos testes generalizados para o coronavírus em Mesa Verde. O diretor do escritório de campo do ICE, David Jennings, que supervisiona as instalações, disse na época que eles não tinham lugar para segregar os detidos que recusaram o teste ou foram confirmados como positivos.

“O teste em Mesa Verde por meio da intervenção deste tribunal é uma diferença fundamental entre este e outros centros de detenção no país”, disse Bree Bernwanger, do Lawyers’ Committee for Civil Rights, que representa os detidos no caso. "Não é apenas o distanciamento social que agora é facilitado, mas o fato de que o status de saúde dos detentos está sendo monitorado... isso simplesmente não está acontecendo em outros lugares".

Desde então, dois funcionários da GEO foram confirmados com COVID-19. Outros 29, que realizaram o teste por conta própria, também foram diagnosticados com o coronavírus, desde meados de junho, incluindo alguns que já se recuperaram e foram liberados para trabalhar, de acordo com a advogada da empresa, Susan Coleman, durante uma audiência na manhão de terça-feira, dia 18, com a juíza.

“O que aconteceu em Mesa Verde mostra que, em última análise, não há maneira segura de continuar a prender um grande número de imigrantes nas condições em que o ICE os coloca”, disse Ahilan Arulanantham , advogado da American Civil Liberties Union (ACLU, sigla em inglês).

Documentos judiciais mostram que no dia 7 de agosto, o escritório do ICE, em Bakersfield, recebeu kits de teste rápido suficientes para todos os detidos, uma semana depois que os primeiros dois detidos foram diagnosticados com COVID-19. “Mas as autoridades de imigração optaram por testes mais lentos, que demoravam a forcencer os resultados”, disse Emi MacLean, uma advogada do Gabinete de Defensoria Pública de São Francisco. “O atraso significou que as pessoas que foram confirmadas com COVID-19 depois, dormiram com dezenas de outras pessoas”, acrescentou ela.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.