Relatório mostra que brasileiros voltaram a usar esquema “cai-cai” na fronteira

Um recente relatório divulgado pelas autoridades de imigração dos Estados Unidos abordou o aumento da imigração ilegal na administração do presidente Joe Biden. Os dados mostraram que o esquema “cai-cai”, bastante usado por brasileiros também voltou.

De acordo com as autoridades brasileiras e norte-americanas entrevistadas pelo relatório a estratégia tinha sido abandonada quase por completo no governo Trump, quando o então presidente republicano adotou práticas como separação entre pais e filhos, deportação sumária de menores e obrigação de esperar para uma resposta ao pedido de asilo em território mexicano.

Mas todas essas medidas restritivas foram revistas e, parcial ou totalmente, extintas no governo Trump e no governo Biden. Desta forma, houve uma retomada do “cai-cai”.

Eleito na promessa de tornar o sistema imigratório “mais humano” e criar um caminho de obtenção da cidadania a 11 milhões de imigrantes que já viviam no país de forma ilegal, Biden enfrenta uma crise na fronteira, com a chegada de quase 1,3 milhão de pessoas. Destes, 95.000 eram menores desacompanhados.

O aumento levou Biden a nomear a vice-presidente para lidar com a questão. Em uma recente visita à Guatemala, Kamala Harris foi clara: “Não venha para os EUA”, disse ela.

O apelo, no entanto, dificilmente teve qualquer efeito sobre aqueles que querem tentar a vida nos Estados Unidos, principalmente os brasileiros que foram destacados no relatório.

O período de desemprego e pandemia levou a primeira grande onda de brasileiros a atravessarem a fronteira. Hoje, segundo o IBGE, o desemprego no Brasil se aproxima de 15% e a inflação está elevada, principalmente em produtos básicos como alimentos.

Em uma entrevista para a BBC Brasil, a socióloga Sueli Siqueira, disse que “o desespero com a política e a economia do Brasil” e a “crença de que Biden facilitaria a vida dos imigrantes” impulsionou o afluxo de brasileiros, que deve permanecer elevado por muitos meses.

Ela também observou que as características dessa imigração, principalmente familiar, também indicam que essas pessoas buscam uma mudança permanente de país, um reassentamento e um novo começo de vida, e não apenas trabalhar para guardar dinheiro por algumas temporadas e depois voltar ao Brasil.

O relatório mostrou que muitas famílias brasileiras se entregam aos agentes do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteira (CBP, sigla em inglês) logo após atravessar a fronteira. Elas buscam a oportunidade de serem liberadas para dentro dos EUA e responderem ao processo em liberdade.

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