Contribuintes de Illinois pagarão US$ 160 milhões para garantir abrigo aos imigrantes em Chicago (IL) durante o inverno

Na semana passada, o Governador J.B. Pritzker anunciou uma alocação adicional de $160 milhões em recursos do estado de Illinois para auxiliar migrantes recém-chegados em Chicago a se reinstalarem, dos quais $65 milhões serão destinados à criação de um abrigo temporário "winterized", evitando que pessoas durmam ao relento no inverno rigoroso.

O anúncio aconteceu em um dia atípico de temperatura elevada em Chicago, na casa dos 60 graus Fahrenheit (cerca de 15 graus Celsius), mas com previsões indicando uma queda para até 17 graus Fahrenheit (-8 graus Celsius) na próxima semana. A maioria dos aproximadamente 24.000 solicitantes de asilo que chegaram a Chicago desde a chegada de ônibus enviados pelo Governador Greg Abbot no ano passado provêm de climas consideravelmente mais quentes, tornando-os especialmente vulneráveis aos invernos intensos da região.

Cidades nos EUA, incluindo Nova York, têm enfrentado desafios para abrigar solicitantes de asilo à medida que o clima de inverno se estabelece, enquanto lidam com o aumento constante na população migrante. Autoridades estaduais indicaram que aproximadamente 700 novos migrantes chegam semanalmente.

A perspectiva de desafios semelhantes se estende a Nova York, que enfrenta dificuldades em acomodar sua crescente população migrante, e a Denver, que foi levada a flexibilizar suas regras de permanência em abrigos durante uma recente onda de frio.

O prefeito de Nova York, Eric Adams, anunciou cortes significativos no orçamento na quinta-feira, alertando que isso é apenas o começo sem o suporte estadual e federal para as dezenas de milhares de migrantes que chegaram desde a última primavera.

Em Massachusetts, defensores de famílias migrantes têm recorrido a locais como salas de espera de aeroportos, salas de hospitais e igrejas, após o estado limitar o número de leitos em abrigos familiares e oferecer poucas opções para aqueles enfrentando a falta de moradia.

Segundo autoridades, Illinois já comprometeu mais de $638 milhões para lidar com a crise humanitária dos solicitantes de asilo. Os fundos adicionais provêm do Departamento de Serviços Humanos de Illinois, e Chicago, responsável por abrigar os recém-chegados, também investiu centenas de milhões de dólares para acomodá-los.

Pritzker afirmou que o estado interveio devido à lentidão das ações da cidade. Chicago tem sido alvo de críticas por parte de grupos de direitos dos imigrantes, líderes locais e residentes, questionando a gestão da crise, que depende fortemente de voluntários.

"A cidade tem seguido seu próprio processo metodológico. E não tem avançado rápido o suficiente", afirmou Pritzker em uma coletiva de imprensa em um edifício do governo em Chicago. "Estamos intervindo para tentar ajudar e acelerar esse processo."

O prefeito Brandon Johnson, que assumiu o cargo em maio, considera o problema como herdado e destaca os esforços da cidade para resolvê-lo. No início desta semana, ele anunciou novos limites para o tempo que os migrantes podem permanecer nos abrigos da cidade e previu mais recursos vindos do estado e do condado.

Cerca de 2.500 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, aguardam acomodação em abrigos municipais, enquanto dormem dentro ou fora de delegacias de polícia ou no Aeroporto Internacional O'Hare, conforme informado pelas autoridades locais.

Dos $160 milhões recém-investidos pelo estado, $30 milhões serão destinados à criação de um centro de recepção e boas-vindas, para melhor atender aqueles que chegam a Chicago e já têm acomodação providenciada por amigos ou familiares, ou planejam seguir para outro local, segundo o governador.

Outros $65 milhões serão direcionados para ajudar Chicago a estabelecer um "abrigo temporário winterizado", oferecendo moradia temporária para até 2.000 pessoas. Autoridades estaduais não esclareceram imediatamente se isso se refere a tendas ou abrigos de alvenaria.

Além disso, $65 milhões adicionais serão destinados a serviços como assistência de aluguel e auxílio com documentação, incluindo permissões de trabalho, com o objetivo de ajudar as pessoas a viverem de forma independente o mais rápido possível.

Pritzker apelou ao Congresso para assumir a responsabilidade e resolver o problema. "Estamos sendo forçados a tentar resolver um problema do tamanho de um federal em nível estadual e local", afirmou.

No início desta semana, Johnson anunciou planos para limitar as estadias nos abrigos a 60 dias. A cidade tem utilizado espaços comerciais, hotéis e instalações do parque distrital como abrigos após os migrantes serem transferidos das delegacias de polícia. Detalhes sobre o que acontecerá se as pessoas não conseguirem habitação permanente nesse prazo não foram fornecidos. Johnson também propôs tendas winterizadas, mas as autoridades locais enfrentam desafios para encontrar um local adequado.

Johnson e prefeitos de outras quatro cidades, incluindo Nova York, escreveram para o presidente Joe Biden no início deste mês, pedindo mais recursos federais. Eles se reuniram com o chefe de gabinete da Casa Branca e autoridades do Departamento de Segurança Interna no dia seguinte.

A cidade de Nova York já gastou $1,45 bilhão na crise humanitária neste ano fiscal e está a caminho de gastar quase $11 bilhões nos próximos dois anos, conforme anunciado por Adams, que prevê cortes que afetarão bibliotecas aos domingos, redução de gastos com pré-escola e congelamento de contratações na polícia.

"Nenhuma cidade deveria ser deixada sozinha para lidar com uma crise humanitária nacional", afirmou Adams, um democrata. "Sem o apoio significativo e oportuno de Washington, D.C., o orçamento de hoje será apenas o começo."

O anúncio foi alvo de críticas de diversas frentes, incluindo o Diretor Executivo da Coalizão de Imigração, Murad Awawdeh, que acusou Adams de culpar os solicitantes de asilo em vez de melhorar o sistema de abrigos da cidade.

Adams afirmou que mais de 122.700 solicitantes de asilo passaram pelo sistema de admissão da cidade de Nova York desde a última primavera. O pedido de Biden ao Congresso, buscando $1,4 bilhão para auxiliar os governos estaduais e locais a fornecerem abrigo e serviços para migrantes, aguarda aprovação e financiamento, conforme o Congresso aprovou uma resolução temporária para manter o funcionamento do governo, sem abordar as solicitações de financiamento específicas de Biden para a fronteira. A aprovação e o aumento no financiamento local permanecem incertos.