Grupos acusam oficiais federais de atuarem contra imigrantes em Tribunal da Filadélfia (PA)

Grupos de direitos dos imigrantes se uniram do lado de fora do Centro de Justiça Criminal para apresentar acusações de que autoridades de imigração estão atuando contra aqueles acusados de crimes na cidade. Erika Guadalupe Nunez, diretora executiva da Juntos, uma organização de direitos dos imigrantes liderada pela comunidade, afirmou que autoridades federais estão agindo contra pessoas presas em Filadélfia (Pensilvânia) para detenção e deportação, citando uma dúzia de prisões no último ano.

"Temos conhecimento de inúmeros casos em que agentes de imigração estão detendo membros da comunidade de imigrantes assim que saem do centro de justiça criminal", disse ela. "Muitas pessoas detidas ainda estão em processos criminais... outras tiveram suas acusações retiradas, e outras participaram plenamente de seu processo legal e aceitaram a sentença, apenas para serem duplamente punidas com sua atenção forçada no centro de processamento do Vale de Moshannon."

Anna Pelico, do Movimento Santuário, falou por meio de um intérprete para dizer que ela frequentemente ouve falar de problemas semelhantes. "Fico tão frustrada porque não sei como ajudá-los quando eles me contam o que estão passando", disse Pelico.

Membros da comunidade jurídica também se juntaram para denunciar as prisões, alegando que elas minam o status de Filadélfia como uma cidade acolhedora e impactam desnecessariamente indivíduos e famílias vulneráveis.

Os relatos oferecem uma visão sem precedentes do sistema de detenção do ICE pelos olhos de especialistas contratados para investigar queixas de violações dos direitos civis. O promotor do distrito de Filadélfia, Larry Krasner, acredita que isso está afastando as pessoas do sistema judiciário. "Eu preciso de vítimas que se apresentem sem medo. O ICE está arruinando isso para pessoas indocumentadas", disse Krasner.

"Eu preciso de testemunhas que se apresentem sem medo, testemunhas para vítimas que são cidadãos americanos, testemunhas para vítimas que não são cidadãos americanos. O ICE está arruinando isso." Krasner acrescentou que pessoalmente testemunhou pessoas indocumentadas sendo atacadas porque não podem relatar crimes cometidos contra elas.

"Posso apontar especificamente para pessoas que conheço que são empreiteiras. Que são indocumentadas. Que trabalham 14 horas por dia e estão aqui há uma década. Que são alvo específico de criminosos nos Estados Unidos que sabem que elas não estão em posição de poder chamar a polícia se suas ferramentas forem roubadas... se uma arma for apontada para elas... e seu dinheiro for levado - isso está acontecendo com vítimas... está acontecendo com testemunhas."

Keisha Hudson, defensora-chefe da Associação de Defensores de Filadélfia, também tinha histórias para contar. "A prática do ICE de percorrer os corredores do tribunal, sentar do lado de fora das salas de audiência e literalmente prender pessoas assim que colocam os pés fora deste tribunal mina a capacidade do tribunal de fornecer acesso igual à justiça e destrói a confiança na segurança do tribunal e no sistema judicial", disse Hudson.

Oficiais da agência de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês) não comentaram o assunto.