Publicado em 4/09/2024 as 9:00pm
Conheça os perigos do “deserto da morte”, nova rota usada por imigrantes indocumentados para entrar nos EUA
Uma das regiões mais áridas e perigosas dos Estados Unidos, conhecida como o “Deserto da...
Uma das regiões mais áridas e perigosas dos Estados Unidos, conhecida como o “Deserto da Morte”, localizado na fronteira entre o Arizona e o México, tem se tornado a nova rota para imigrantes indocumentados que tentam entrar no país. Com a intensificação da fiscalização no Texas, principal ponto de entrada, os coiotes — como são conhecidos os traficantes de pessoas — estão desviando suas operações para essa área inóspita, onde as chances de sobrevivência são reduzidas e a vigilância das autoridades é mais difícil.
O Arizona, agora a principal alternativa ao Texas, oferece um caminho de entrada mais arriscado. O Deserto da Morte faz fronteira com territórios controlados pelo Cartel de Sinaloa, uma das organizações criminosas mais poderosas e violentas do México. Para escapar da fiscalização, muitos coiotes optam por levar os imigrantes para áreas mais remotas, longe do muro que separa os dois países. Ali, o risco de detecção diminui, mas o preço a pagar é alto: temperaturas escaldantes, vegetação traiçoeira e a presença de cobras venenosas.
"A maior causa de mortes é a hipertermia", explica Paul Nixon, voluntário da organização Green Valley Samaritans, que patrulha a região em busca de imigrantes perdidos. "As pessoas viajam em condições extremas e, quando ficam superaquecidas, perdem a capacidade de raciocinar. Elas andam em círculos, ficam exaustas e, em muitos casos, acabam morrendo."
A equipe do Fantástico, um programa da Rede Globo de Televisão, capturou imagens exclusivas de grupos de imigrantes cruzando o muro que divide o México dos Estados Unidos. Entre eles, havia homens, mulheres e crianças, todos visivelmente exaustos após uma longa e perigosa jornada. Uma mulher de Honduras relatou que sua travessia durou um mês, tempo suficiente para expor sua família a condições desumanas.
No lado mexicano, um coiote, responsável por guiar um desses grupos, aceitou falar com a equipe do programa. Ele justificou sua atuação pela "necessidade", afirmando que seu maior temor é ser preso pelos militares mexicanos sob acusação de tráfico humano. "Não vejo isso como tráfico", disse. "Estou ajudando pessoas que estão desesperadas para entrar nos Estados Unidos."
Entre 2021 e 2023, os Estados Unidos registraram números recordes de travessias ilegais, com cerca de 2 milhões de entradas por ano. Esse aumento no fluxo migratório levou a uma intensificação das deportações, que quase dobraram entre 2022 e 2023. Em junho deste ano, o presidente Joe Biden assinou uma medida que amplia os poderes das autoridades de imigração, permitindo a deportação imediata de imigrantes apreendidos logo após cruzarem a fronteira.
O Deserto da Morte, com seu cenário desolador e riscos extremos, reflete a dura realidade enfrentada por milhares de imigrantes que, em busca de um futuro melhor, arriscam suas vidas em uma jornada incerta. Enquanto a fiscalização nas fronteiras continua a se intensificar, o número de pessoas dispostas a enfrentar essa perigosa travessia não dá sinais de diminuir.
Fonte: Da redação