Publicado em 21/09/2024 as 5:00am
Prefeito de North Miami chama falas de Trump de que imigrantes comem animais domésticos de "racistas" e "desprezíveis"
Fonte: Da redação
O prefeito de North Miami (Flórida), Alix Desulme, condenou os recentes comentários do ex-presidente Donald Trump sobre imigrantes haitianos como "racistas" e "desprezíveis". Em uma entrevista ao South Florida Roundup da WLRN, Desulme respondeu às declarações inflamatórias feitas por Trump durante um debate presidencial televisionado em 10 de setembro, onde o ex-presidente alegou que imigrantes haitianos estavam envolvidos em atividades criminosas estranhas, incluindo o sequestro de animais de estimação em Springfield, Ohio.
Desulme, um dos principais líderes haitiano-americanos do sul da Flórida, criticou as declarações de Trump como parte de uma estratégia de campanha anti-imigração mais ampla. "Foi profundamente preocupante ouvir um candidato presidencial fazer essas afirmações falsas diante de 67 milhões de telespectadores. É extremamente divisivo", afirmou.
Os comentários de Trump, amplificados por seu companheiro de chapa, JD Vance, provocaram duras críticas de líderes comunitários. Funcionários de Springfield relataram não haver evidências credíveis que sustentassem as alegações de Trump, destacando as consequências perigosas de tal retórica. "Este é um dos atos mais odiosos que já vimos na política dos EUA", observou Desulme, enfatizando o impacto sobre a comunidade haitiana, que representa uma parte significativa da população de North Miami.
O prefeito apontou que a diáspora haitiana — com mais de um milhão de membros nos EUA — está sofrendo as consequências das palavras de Trump. Ele ressaltou que essas declarações geram medo nas famílias e aumentam a ansiedade na comunidade. "Tive constituintes que tiveram que conversar com os filhos antes de irem para a escola. As pessoas estão com medo de ir ao trabalho", explicou Desulme.
Refletindo sobre o histórico de comentários depreciativos de Trump sobre o Haiti, incluindo sua infame declaração de que o país era um "lugar de merda" durante sua presidência, Desulme argumentou que a retórica atual é ainda mais prejudicial. "O que ele disse antes foi ruim, mas agora isso coloca vidas inocentes em perigo", acrescentou.
Desulme também discutiu as razões subjacentes à escolha dos haitianos como alvo por Trump e seus apoiadores. Ele identificou uma combinação de preconceito racial e as crises contínuas no Haiti como fatores que contribuem para essa perseguição. "Eles escolhem aqueles que não podem se defender", afirmou, pedindo que tal bullying seja denunciado.
Sobre a representação mais ampla dos haitianos na política americana, Desulme notou que, embora tenha havido progresso — citando a criação da Rede Nacional de Funcionários Eleitos Haitiano-Americanos — ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar uma representação equitativa. "Somos uma comunidade pequena, mas poderosa, e fizemos avanços significativos, especialmente no sul da Flórida e além", disse.
A congressista Sheila Cherfilus-McCormick também condenou os comentários de Trump, descrevendo-os como uma tentativa "insultante" de incitar medo. Ela lembrou ao público as contribuições positivas que os haitianos fazem para a nação, enfatizando seu compromisso em construir vidas melhores para si mesmos e suas comunidades.
Para finalizar, Desulme lembrou os americanos da importância histórica do Haiti, afirmando: "Se não fosse pelo Haiti, não haveria a Compra da Louisiana. Nós fazemos parte integrante do tecido americano." Ele convocou todos a se unirem contra a retórica divisiva, encorajando o reconhecimento e a celebração das contribuições dos imigrantes haitianos.