Texas oferece terreno para centros de detenção de imigrantes em apoio aos planos de Trump

As autoridades do Texas propuseram uma medida polêmica para apoiar a agenda de imigração do presidente eleito Donald Trump, oferecendo 1.400 acres (567 hectares) de terras na fronteira entre os Estados Unidos e o México para a construção de centros de detenção. O Escritório Geral de Terras do Texas sugeriu que o local fosse utilizado para processar e deter imigrantes indocumentados, como parte do que chamaram de “a maior deportação de criminosos violentos da história do país.”

A proposta surge após reiteradas promessas de Trump durante sua campanha de deportar milhões de imigrantes indocumentados e mobilizar a Guarda Nacional para facilitar o processo. A comissária de Terras do Texas, Dawn Buckingham, manifestou total apoio à iniciativa, descrevendo o terreno como “plano, fácil de construir e ideal para esse tipo de instalação.” No entanto, o plano já enfrenta resistência significativa.

Desafios e Resistências

Apesar do forte apoio de autoridades texanas, os planos de Trump encontram barreiras significativas, incluindo desafios financeiros, logísticos e legais, além da oposição de grupos de direitos humanos. Governadores democratas de estados fronteiriços como Califórnia, Arizona e Novo México já declararam que não colaborarão com deportações em massa.

Recentemente, Los Angeles aprovou uma medida que torna a cidade um “santuário,” proibindo o uso de recursos locais para auxiliar as autoridades federais de imigração. Essa resistência reflete um padrão mais amplo entre estados liderados por democratas.

Kathleen Bush-Joseph, analista do Migration Policy Institute, alertou para o surgimento de um “mosaico de proteções” que pode aprofundar a divisão entre estados republicanos e democratas. Ela observou que novos centros de detenção no Texas podem levar à transferência de migrantes detidos em estados azuis para estados vermelhos.

Estrutura Atual e Planos Futuros

Atualmente, o Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos EUA (ICE) opera diversos tipos de instalações, que variam desde estruturas temporárias até prédios permanentes. Dados recentes mostram que o ICE abriga mais de 38 mil detidos, sendo o Texas o estado com o maior número — pouco mais de 12 mil.

Stephen Miller, principal conselheiro de imigração de Trump e futuro vice-chefe de gabinete para políticas, já havia sugerido a construção de grandes centros para servir como bases de deportação em massa. Segundo ele, essas instalações provavelmente seriam construídas em terrenos abertos próximos à fronteira do Texas com o México, em linha com a oferta feita pelo estado.

Implicações Mais Amplas

O apoio do Texas reflete sua postura em favor de medidas mais rígidas de segurança na fronteira. O estado já havia iniciado uma operação unilateral de controle fronteiriço após a saída de Trump da presidência. No entanto, críticos apontam que tais iniciativas podem ampliar tensões entre governos locais e federais, além de sobrecarregar os recursos disponíveis.

Adam Isacson, especialista em migração do Washington Office on Latin America, destacou o desafio logístico dos planos de deportação em massa. Ele alertou que os atuais recursos destinados ao ICE, previstos para atender até 41.500 detidos por dia, seriam insuficientes caso o número de detenções aumente significativamente.

A proposta do Texas evidencia a polarização crescente em torno da política migratória dos EUA, indicando possíveis embates em tribunais, no Congresso e nas comunidades locais. Embora o sucesso da iniciativa de Trump ainda seja incerto, o apoio do Texas demonstra a disposição de estados republicanos em reforçar sua abordagem rigorosa contra a imigração indocumentada.