As deportações nos EUA durante o governo Biden ultrapassam o recorde de Trump

No ano passado, as autoridades de imigração dos EUA realizaram a maior quantidade de deportações de imigrantes indocumentados em quase uma década, superando o recorde estabelecido no primeiro mandato de Donald Trump. Segundo um relatório divulgado na quinta-feira pela agência de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE), mais de 271.000 imigrantes foram deportados durante o último ano fiscal.

Este relatório do ICE foi publicado poucas semanas antes de o presidente eleito Trump, que tem como uma de suas principais propostas de governo a deportação em massa, assumir o cargo.

Em 2021, o presidente Joe Biden havia prometido interromper as deportações, mas sua administração acabou ampliando essas ações devido ao aumento de cruzamentos irregulares na fronteira.

O ICE explicou que o aumento nas deportações do ano fiscal de 2024 foi, em parte, resultado de um processo mais eficiente. Mais voos de deportação foram enviados para destinos mais distantes, como África e Ásia, regiões que não aceitavam deportações dos EUA há anos.

A maior parte das deportações nesse ano fiscal envolveu migrantes apreendidos por agentes de fronteira, em vez de imigrantes presos pelo ICE no interior dos Estados Unidos. Cerca de 82% dos 271.000 imigrantes deportados foram capturados pelos agentes de fronteira.

Trump, ao assumir o cargo em 20 de janeiro, prometeu lançar a "maior operação de deportação da história". No entanto, tais promessas provavelmente enfrentarão enormes desafios logísticos e financeiros.

Durante sua vitória decisiva sobre Kamala Harris em novembro, Trump passou grande parte de sua campanha criticando as políticas de fronteira da administração Biden. A porta-voz da transição de Trump, Karoline Leavitt, afirmou à Reuters que as deportações realizadas por Biden foram insignificantes comparadas aos altos níveis de imigração ilegal durante sua presidência.

"No primeiro dia, o presidente Trump resolverá o pesadelo de imigração e segurança nacional que Joe Biden criou, lançando a maior operação de deportação de criminosos ilegais na história dos Estados Unidos", disse ela.

O número de encontros com migrantes na fronteira EUA-México atingiu um recorde em dezembro de 2023, mas diminuiu consideravelmente nos últimos meses, alcançando o nível mais baixo desde julho de 2020, segundo a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP).

A agência também atribuiu o aumento nas deportações aos esforços diplomáticos melhorados para convencer outros países a aceitar um número maior de deportados. As autoridades mexicanas têm, cada vez mais, dificultado o fluxo de migrantes em direção à fronteira dos EUA.

Em junho, o presidente Biden emitiu uma ordem executiva que restringiu severamente o asilo, o que, juntamente com a cooperação do México, contribuiu para a redução dos cruzamentos ilegais da fronteira. Desde então, o número de indivíduos liberados pela Patrulha de Fronteira dos EUA enquanto aguardam o processo nos tribunais de imigração caiu em 70%, informou a agência.