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Publicado em 25/12/2024 as 3:00pm

"Me sinto arrasada": Mãe recém-nascida do Texas é deportada por faltar a audiência de imigração após cesariana, afirma advogado da família

Fonte: Da redação


Uma mãe texana afirmou ter sido injustamente deportada para o México e forçada a deixar os Estados Unidos com seus quatro filhos após faltar a uma audiência de imigração. Ela explica que não compareceu ao tribunal porque estava se recuperando de uma cesariana de emergência feita para dar à luz gêmeos prematuros.

Ashley e Allison, as gêmeas nascidas em Houston e cidadãs americanas, têm enfrentado pneumonia e bronquite desde que chegaram ao México. Segundo Salazar-Hinojosa, em entrevista ao Noticias Telemundo, elas frequentemente precisam de máscaras de oxigênio para respirar.
"É devastador ver minhas filhas doentes", lamentou ela.

Os problemas começaram em 13 de setembro, quando as gêmeas nasceram prematuras, com 35 semanas de gestação.
"Tive uma cesariana de emergência. Meus bebês nasceram antes do tempo e eu estava muito debilitada devido a uma hemorragia grave", explicou Salazar-Hinojosa.

Federico Arellano, marido de Salazar-Hinojosa, entrou em contato com um número fornecido pelos serviços de imigração para informar sobre a condição de sua esposa, que estava programada para comparecer a uma audiência em 9 de outubro. De acordo com uma declaração escrita de Arellano, a família foi informada de que a audiência seria remarcada.

Durante uma coletiva de imprensa em Houston, Arellano afirmou que sua esposa não compareceu à audiência porque os médicos a orientaram a permanecer em repouso.

Arellano, de 24 anos, é cidadão americano nascido em Houston, enquanto Salazar-Hinojosa, de 23 anos, é mexicana. O casal, casado desde 2019, tem as gêmeas Ashley e Allison, além de um filho de 2 anos, Federico, nascido no México. Arellano também é padrasto de Yitzel, uma menina de 7 anos nascida no México.

No dia 6 de dezembro, a família recebeu uma ligação das autoridades de imigração pedindo que comparecessem a um escritório em Greenspoint, Texas, quatro dias depois, para discutir o caso de Salazar-Hinojosa.

Ao chegar à reunião com o marido e os filhos, Salazar-Hinojosa acreditava que seria apenas mais uma consulta rotineira. Contudo, foi presa pelas autoridades de imigração, que a deportaram junto com os quatro filhos, segundo o advogado da família, Isaias Torres. Na declaração de Arellano, consta que ele pediu para ficar com as gêmeas, mas as autoridades negaram, afirmando que elas eram muito pequenas e deveriam permanecer com a mãe.

"Não levamos nada conosco, nem roupas, nem fraldas. Tiraram meu telefone e não me deixaram ligar para minha família", relatou Salazar-Hinojosa ao Noticias Telemundo.

Arellano tentou interceder, implorando para que não separassem sua família. Segundo Salazar-Hinojosa, ele pediu tempo para consultar um advogado, mas as autoridades recusaram, insistindo para que ela assinasse os documentos de deportação.
"Eles disseram que, se eu não assinasse, prenderiam meu marido e aplicariam uma multa", afirmou ela, explicando que assinou os documentos por medo de que isso acontecesse.

Sem tempo para impedir a deportação, Salazar-Hinojosa decidiu levar os filhos consigo, preocupada com a dificuldade do marido em cuidar das crianças e trabalhar ao mesmo tempo.

Na quarta-feira, as autoridades confirmaram à NBC News que Salazar-Hinojosa foi deportada. Embora alguns veículos tenham informado que toda a família foi deportada, o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) afirmou que apenas ela foi formalmente deportada.
"O ICE não deporta cidadãos americanos. A decisão de menores cidadãos americanos deixarem o país com seus pais cabe exclusivamente aos pais", afirmou um porta-voz.

Segundo o ICE, Salazar-Hinojosa entrou nos EUA de forma irregular em 28 de junho pela região do Vale do Rio Grande, no Texas, e foi liberada no dia seguinte sob o programa Alternativas à Detenção. No entanto, como não compareceu à audiência de 9 de outubro, um juiz ordenou sua deportação.

O advogado Isaias Torres argumentou que "o caso não deveria ter chegado a esse ponto, pois havia opções legais disponíveis que não foram consideradas". Silvia Mintz, outra advogada da família, afirmou que os agentes do ICE abusaram de sua autoridade, já que Salazar-Hinojosa não tem antecedentes criminais e os bebês são recém-nascidos.

Os advogados anunciaram planos de apresentar uma queixa ao Escritório do Inspetor Geral e protocolar petições de imigração para tentar trazer Salazar-Hinojosa e seus filhos de volta aos EUA sob liberdade condicional. Esse processo pode levar meses.

Enquanto isso, o governo Biden enfrenta críticas de republicanos, que o acusam de manter uma política de fronteiras abertas. Apesar disso, um relatório do Instituto de Política Migratória indicou que as deportações sob Biden superariam as do primeiro mandato de Donald Trump.

Trump, eleito em novembro, prometeu uma operação de deportação em massa. Recentemente, ele declarou em entrevista que deseja revogar a garantia constitucional de cidadania para pessoas nascidas nos EUA, exceto em casos específicos, como filhos de diplomatas estrangeiros.

Um relatório de 2021 do Escritório de Responsabilidade Governamental revelou que, em cinco anos, o ICE prendeu 674 pessoas, deteve 121 e deportou 70 que eram possivelmente cidadãs americanas. Segundo o relatório, o ICE não mantinha dados suficientes sobre essas deportações na época.

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