Advogada do DOE de NY pede doações para migrantes após reunião de Adams com aliado de Trump

Uma importante funcionária do Departamento de Educação da cidade está pedindo doações para uma organização sem fins lucrativos que auxilia migrantes a enfrentarem processos de deportação, gerando questionamentos sobre um possível desacordo com o prefeito em sua tentativa de colaborar com o presidente eleito Donald Trump.

Elizabeth Vladeck, conselheira jurídica do DOE, publicou em 31 de dezembro um pedido na plataforma X, solicitando contribuições para o Florence Immigration & Refugee Rights Project.

“Seu apoio é fundamental para avançar nossa missão de oferecer serviços jurídicos e sociais gratuitos a adultos detidos e crianças desacompanhadas que enfrentam processos de deportação”, escreveu Vladeck. “Faça uma doação ao Florence Project hoje!”

A publicação veio logo após o prefeito Adams ter um encontro “cordial” com o novo responsável pela fronteira, Tom Homan, e endurecer sua posição em relação à deportação de migrantes acusados de crimes violentos, levantando algumas preocupações.

“É uma situação em que uma figura sênior da administração, a principal advogada da maior agência da cidade, está essencialmente desafiando o prefeito de maneira indireta”, disse uma fonte ligada ao DOE ao The Post.

Nos últimos meses, após uma série de crimes supostamente cometidos por migrantes, Adams defendeu, em fevereiro, uma mudança na política de cidade-santuário, que limita severamente a comunicação com agentes federais, e pediu maior colaboração com o ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA).

Depois que migrantes feriram policiais durante uma prisão por furto, Adams declarou no mês passado estar aberto à ideia de deportar acusados de crimes violentos antes mesmo de suas condenações.

Recentemente, ele orientou o NYPD a trabalhar com o Departamento de Segurança Interna para apresentar acusações federais contra o migrante guatemalteco suspeito de incendiar uma mulher até a morte no metrô.

“Não vou entrar em ‘guerra’ com este presidente. Vou trabalhar junto com ele”, afirmou Adams.

O Florence Project, que arrecadou US$ 32,6 milhões em 2022, segundo seus registros fiscais mais recentes, já ajudou milhares de migrantes que cruzam a fronteira do Arizona com o México, fornecendo informações sobre seus direitos legais caso sejam detidos pelo ICE.

O projeto “Open Arms” do DOE foi criado para apoiar crianças migrantes. Em resposta às ameaças de deportações em massa feitas por Trump, a chanceler Melissa Aviles-Ramos reforçou recentemente a orientação para que diretores de escolas não permitam a entrada de agentes do ICE ou do FBI, instruindo-os a acionar imediatamente o departamento jurídico.

De acordo com a política do DOE, agentes federais de aplicação da lei só poderão entrar nas escolas com um mandado ou intimação judicial válida.

David Bloomfield, professor de educação do Brooklyn College e do CUNY Grad Center, afirmou que não vê nenhum conflito na iniciativa de Vladeck em apoiar o Florence Project.

“O apelo dela para apoiar a organização está alinhado com as políticas do DOE, que defendem os direitos dos estudantes imigrantes e garantem que as autoridades de imigração cumpram suas obrigações legais”, explicou ele.

O DOE garantiu que Vladeck seguiu os protocolos de uso de redes sociais para funcionários da cidade, destacando que ela fez a postagem na véspera de Ano Novo, quando as escolas estavam fechadas, e “no seu tempo livre”.

Vladeck não respondeu às perguntas feitas pela reportagem. Uma mensagem automática em seu e-mail do DOE informava: “Atualmente, estou trabalhando em regime de meio período.”

A prefeitura preferiu não comentar o caso.