Publicado em 5/01/2025 as 11:00am
Trump mantém posição sobre os vistos H-1B enquanto debate cresce na coalizão MAGA
Fonte: Da redação
O presidente eleito Donald Trump declarou nesta semana que não mudou sua opinião sobre o controverso programa de vistos H-1B, destacando que os Estados Unidos precisam de "pessoas inteligentes" entrando no país, em meio a um acalorado debate dentro do Partido Republicano sobre o assunto.
"Minha opinião continua a mesma. Sempre acreditei que precisamos das pessoas mais competentes no nosso país, e isso inclui trazer pessoas qualificadas", afirmou Trump na noite de terça-feira em Mar-a-Lago. "Precisamos de pessoas inteligentes vindo para cá. Precisamos de muitas pessoas entrando. Teremos oportunidades de emprego como nunca antes."
O programa de vistos H-1B permite que empresas americanas contratem trabalhadores estrangeiros para ocupações especializadas, sendo amplamente utilizado pela indústria de tecnologia. Contudo, o programa é alvo de críticas de alguns conservadores, que alegam que ele é explorado por empresas para contratar mão de obra barata, principalmente da Índia, em substituição a trabalhadores americanos.
O tema voltou às manchetes na semana passada, quando Elon Musk e Vivek Ramaswamy, escolhidos por Trump para liderar o Departamento de Eficiência Governamental, defenderam a importância dos trabalhadores estrangeiros para a área de tecnologia.
"Eu estou nos EUA, assim como muitas pessoas que foram essenciais para a criação da SpaceX, Tesla e diversas outras empresas que fortaleceram o país, graças ao H-1B", disse Musk na plataforma X.
Isso reacendeu o debate entre os conservadores sobre se o programa é usado para atrair os melhores talentos ou apenas para contratar mão de obra barata, com trabalhadores vinculados ao empregador pelo visto.
O senador Eric Schmitt, de Missouri, criticou o programa no Fox News Sunday, dizendo que ele tem sido "abusado".
"Os abusos do H-1B são evidentes. Temos histórias de filhos de trabalhadores que perderam empregos em fábricas, conseguiram posições administrativas e depois tiveram que treinar seus substitutos estrangeiros, que aceitam salários mais baixos", declarou.
Durante sua campanha de 2016, Trump já havia expressado ceticismo em relação ao H-1B, prometendo combater abusos e citando casos em que americanos foram forçados a treinar trabalhadores estrangeiros que assumiram seus cargos por salários reduzidos.
"O H-1B não é sobre alta qualificação ou imigração: são trabalhadores temporários trazidos de fora para substituir americanos por salários mais baixos. Estou completamente comprometido em eliminar os abusos generalizados desse programa e acabar com práticas absurdas, como as ocorridas na Disney, na Flórida, onde americanos tiveram que treinar seus substitutos estrangeiros", afirmou Trump na época.
Ele também prometeu reformar o programa, dizendo: "Vou acabar de vez com o uso do H-1B como ferramenta de mão de obra barata e estabelecer uma regra absoluta de que trabalhadores americanos sejam contratados primeiro em qualquer programa de visto ou imigração. Sem exceções."
Embora tenha reconhecido que suas próprias empresas utilizam o H-1B, Trump afirmou: "Não deveria ser permitido que eu o usasse."
Seu governo iniciou reformas no programa, incluindo uma proposta em 2020 para priorizar candidatos com salários mais altos entre os 85.000 vistos concedidos anualmente. Essa regra previa que os registros nos níveis salariais mais altos teriam prioridade na alocação dos vistos, seguida pelos níveis subsequentes até o preenchimento das vagas.
"Como a demanda por vistos H-1B excede a oferta anual há mais de uma década, o DHS prefere que os vistos disponíveis sejam destinados a beneficiários com os maiores salários relativos às suas ocupações e áreas de trabalho previstas", explicou a proposta.
No entanto, essa regra não foi implementada devido ao governo Biden, que a descartou e apresentou outra proposta. Apesar disso, a ideia foi bem recebida por defensores de restrições à imigração. Outras medidas propostas por Trump incluíam restringir a definição de "ocupação especializada" e ajustar os critérios de "salário prevalente" para evitar que salários americanos fossem prejudicados.
Ainda não está claro se a nova administração Trump retomará esses esforços. Elon Musk sugeriu "aumentar significativamente o salário mínimo para trabalhadores do H-1B e implementar um custo anual para manter o visto, tornando mais caro contratar do exterior do que nacionalmente."
"Acredito que o programa está falido e precisa de reformas profundas", afirmou Musk no sábado.
Por outro lado, Trump disse ao New York Post que considera o programa "excelente".
"Sempre fui favorável aos vistos, e é por isso que eles existem", declarou.
"Uso muitos vistos H-1B em minhas propriedades. Sempre fui um defensor do programa. É uma ferramenta incrível."