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Publicado em 7/01/2025 as 7:00pm

México mantém imigrantes em resort problemático enquanto os distribui longe da fronteira com os EUA

Fonte: Da redação


Cerca de 100 imigrantes de diferentes países perambularam desorientados pelas ruas do tumultuado resort de Acapulco, na costa do Pacífico. Após semanas caminhando pelo sul do México com centenas de outros imigrantes, aceitaram uma oferta dos funcionários de imigração para seguir para Acapulco, acreditando que poderiam continuar sua jornada rumo à fronteira com os EUA. Porém, na segunda-feira (6), ficaram presos.

Poucas semanas antes da posse do presidente eleito Donald Trump, o México continua a dispersar caravanas de imigrantes para evitar que se acumulem perto da fronteira dos EUA, enquanto os distribui pelo país. A política de "dispersão e exaustão" se tornou central na estratégia de imigração do governo mexicano nos últimos anos, conseguindo reduzir significativamente a quantidade de imigrantes que chegam à fronteira, conforme explicou Tonatiuh Guillén, ex-chefe da agência de imigração do México.

A atual administração mexicana acredita que a redução no número de imigrantes ajuda a mitigar as pressões de Trump, disse Guillén, que deixou o governo de Andrés Manuel López Obrador após as ameaças de tarifas sobre a imigração durante a presidência de Trump.

Acapulco, que já foi um destino turístico popular, hoje enfrenta o controle do crime organizado e ainda se recupera dos danos causados pelo furacão Otis, em 2023. Na segunda-feira, enquanto turistas mexicanos aproveitavam seus últimos momentos de férias na praia, os imigrantes dormiam nas ruas ou buscavam formas de continuar sua jornada para o norte.

Ender Antonio Castañeda, um venezuelano de 28 anos, disse: "Os funcionários da imigração nos prometeram uma autorização para circular livremente pelo país por 10 a 15 dias, mas não foi o que aconteceu. Nos deixaram aqui sem opções. Não vendem passagens de ônibus, nem nada."

Castañeda, como muitos outros imigrantes, partiu de Tapachula, no sul, perto da fronteira com a Guatemala. Nos últimos dias, várias caravanas com cerca de 1.500 imigrantes cada uma partiram de Tapachula, mas nenhuma conseguiu avançar muito. As autoridades os deixam caminhar até ficarem exaustos e depois oferecem transporte para várias cidades onde, alegam, seus status migratórios serão revisados.

Alguns acabaram em Acapulco, onde um grupo de imigrantes dormia em uma igreja católica próxima aos escritórios da agência de imigração. Muitos se reuniram na segunda-feira fora do prédio, mas não receberam informações. Castañeda, desesperado, escolheu um motorista de van confiável para levá-lo à Cidade do México, pagando até cinco vezes o preço normal.

Em alguns casos, as autorizações concedidas permitem que os imigrantes viajem apenas dentro do estado de Guerrero, onde Acapulco está localizado. No domingo (5), a última caravana se desfez quando centenas de imigrantes receberam permissões temporárias para viajar por algumas regiões do México.

Dayani Sánchez, uma cubana de 33 anos, estava entre os imigrantes que receberam permissão para viajar. Ela expressou preocupação com a segurança e a possibilidade de ser parada. Os cartéis de drogas frequentemente visam imigrantes para rapto e extorsão, e muitos imigrantes alegam também serem extorquidos pelas autoridades.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, defende que sua estratégia migratória é "humanitária" e ajudou a tirar imigrantes do extremo sul do México. No entanto, defensores dos direitos dos imigrantes alertam que muitos estão sendo enviados para áreas violentas. O reverendo Leopoldo Morales, da igreja católica de Acapulco, expressou preocupação com a situação, ressaltando que muitos imigrantes chegam sem dinheiro e em situações de extrema necessidade.

Em Acapulco, muitos imigrantes enfrentam dificuldades para encontrar trabalho. A cidade, devastada pelo furacão Otis, ainda lida com altos índices de violência, e a extorsão por parte de criminosos é um problema crescente. Jorge Neftalí Alvarenga, um imigrante hondurenho, expressou frustração: "Até certo ponto, mentiram para nós. Pedimos para ir para a Cidade do México ou Monterrey, mas agora não sei o que fazer."

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