Publicado em 15/01/2025 as 4:00pm
Polêmicos cartazes do Texas buscam dissuadir imigrantes com imagens de violência e tráfico humano
Fonte: Da redação
Em uma tentativa controversa de desencorajar a migração ilegal para os Estados Unidos, o governador republicano do Texas, Greg Abbott, ordenou a instalação de 40 outdoors em El Salvador, Guatemala, Honduras, México e ao longo da fronteira entre o Texas e os Estados mexicanos vizinhos. Os cartazes, que apresentam mensagens impactantes e imagens perturbadoras, visam alertar potenciais imigrantes sobre os perigos que enfrentam durante a jornada.
Um dos cartazes exibe a frase “Quanto você pagou para sua filha ser estuprada?”, acompanhada da imagem de uma boneca abandonada no chão. Outro cartaz proclama: “Sua esposa e filha vão pagar a viagem com seus corpos. Os coiotes mentem. Não coloque sua família em risco”, sobreposto à imagem de uma mulher grávida. Essas mensagens são parte de uma campanha que, segundo Abbott, busca oferecer uma “imagem realista do que acontecerá com eles no caminho ou se atravessarem ilegalmente (a fronteira) para o Texas”.
Durante uma coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira (19/12) em Eagle Pass, uma cidade fronteiriça com Piedras Negras, no México, o governador explicou que a iniciativa pretende "contar as histórias de terror do tráfico humano" e alertar os migrantes sobre as realidades violentas que podem encontrar. “Estes cartazes imploram às pessoas na América Central que considerem as realidades violentas e terríveis do que acontecerá com as mulheres e crianças que trazem consigo”, afirmou Abbott.
A campanha de Abbott surge em meio a um aumento significativo no número de migrantes tentando atravessar a fronteira sul dos Estados Unidos. Segundo dados recentes, milhares de pessoas, muitas vezes famílias inteiras, enfrentam jornadas perigosas em busca de melhores condições de vida e segurança. No entanto, o método adotado pelo governador tem gerado intensos debates e críticas.
Organizações de direitos humanos e defensores dos imigrantes condenaram os cartazes como desumanizantes e intimidantes. “Essas mensagens são uma tentativa de assustar pessoas vulneráveis que já estão em situações desesperadoras”, afirmou Maria Gonzalez, representante da ONG Human Rights First. “Em vez de oferecer apoio, o governo do Texas está perpetuando o medo e a violência”.
Por outro lado, apoiadores da medida defendem que a campanha é uma forma necessária de conter o fluxo migratório ilegal e proteger os cidadãos americanos de possíveis ameaças. “Não estamos tentando impedir a busca por uma vida melhor, mas sim alertar sobre os perigos reais que essas pessoas enfrentam”, disse John Ramirez, analista político e defensor das políticas de controle de fronteira.
A iniciativa de Abbott também reflete uma tendência mais ampla adotada por alguns estados e o governo federal para reforçar a segurança nas fronteiras e desencorajar a migração ilegal. No entanto, a eficácia desses métodos é amplamente debatida, com especialistas questionando se campanhas de medo realmente resolvem os problemas subjacentes que levam as pessoas a migrarem.
Enquanto a controvérsia em torno dos cartazes continua, a fronteira entre o Texas e o México permanece como um dos pontos mais sensíveis nas discussões sobre imigração nos Estados Unidos. Com a proximidade de futuras eleições e a contínua crise humanitária na América Central, as ações de Abbott provavelmente influenciarão tanto a opinião pública quanto as políticas futuras sobre imigração no país