Publicado em 30/01/2025 as 8:00am
Plano conservador propõe uso militar para combater imigração na fronteira sul dos EUA
Intitulado "Como o Presidente Pode Usar as Forças Armadas dos EUA para Confrontar a Ameaça Catastrófica na Fronteira com o México", o documento argumenta que o crescimento desenfreado de cartéis mexicanos, aliado ao aumento da imigração irregular e do tráfico de drogas, representa uma ameaça significativa à estabilidade norte-americana.
Um relatório recente da Heritage Foundation, divulgado inicialmente pelo Fox News Digital, detalha como o ex-presidente Donald Trump poderia mobilizar recursos militares para reforçar a segurança na fronteira sul dos Estados Unidos.
Intitulado "Como o Presidente Pode Usar as Forças Armadas dos EUA para Confrontar a Ameaça Catastrófica na Fronteira com o México", o documento argumenta que o crescimento desenfreado de cartéis mexicanos, aliado ao aumento da imigração irregular e do tráfico de drogas, representa uma ameaça significativa à estabilidade norte-americana.
Os autores do relatório — Robert Greenway, Andres Martinez-Fernandez e Wilson Beaver — destacam que há "substancial precedente histórico" para o uso do Exército em crises de migração e segurança fronteiriça. Eles propõem medidas abrangentes, incluindo o fortalecimento das capacidades da Patrulha de Fronteira (CBP), restrições mais rigorosas a travessias formais e informais, combate a fluxos financeiros ilícitos ligados aos cartéis e sanções contra autoridades mexicanas corruptas.
Contexto de Ameaça e Cooperação Frágil
O relatório aponta uma "rápida deterioração" na cooperação entre EUA e México em questões de segurança e critica a falta de operações eficazes contra cartéis pelo governo mexicano. Com a eleição da presidente Claudia Sheinbaum, os autores indicam que é improvável uma mudança substancial na postura do México em relação ao combate às organizações criminosas.
Dados apresentados no relatório revelam que os cartéis mexicanos empregam entre 160 mil e 185 mil pessoas e possuem armamentos de nível militar, incluindo drones e sistemas de bloqueio de sinais. Essa realidade, segundo os autores, demanda uma resposta robusta dos EUA.
Uso Militar: Última Opção ou Necessidade?
Embora enfatizem que a ação militar unilateral contra os cartéis deve ser uma "última opção", os autores sugerem que ela pode ser empregada para interromper as operações criminosas e pressionar o governo mexicano a cooperar. O relatório também recomenda que as Forças Armadas dos EUA sejam utilizadas em diversas funções, como a construção de barreiras físicas, o apoio à Patrulha de Fronteira e o uso de instalações militares para detenção e deportação de imigrantes.
Entre as sugestões mais controversas está a utilização de veículos e instalações militares para deportações em grande escala, inclusive para países considerados de alto risco ou fora do hemisfério ocidental. Essa estratégia exigiria financiamento adicional do Congresso e planejamento cuidadoso para não comprometer outras missões militares.
Implantação de Tropas na Fronteira
Como parte das ações já em curso, a administração Trump destacou tropas adicionais para as áreas mais críticas da fronteira. Na última quinta-feira, cerca de 1.500 militares, incluindo 1.000 soldados do Exército e 500 fuzileiros navais, chegaram a El Paso, Texas, e San Diego, Califórnia. Esse reforço representa um aumento de 60% no contingente militar ativo desde que Trump reassumiu a presidência.
Atualmente, há 2.500 militares na fronteira sul, auxiliando nos esforços para conter a imigração irregular e o tráfico de drogas. O então secretário interino de Defesa, Robert Salesses, afirmou que essa mobilização reflete a seriedade com que a administração encara a crise.
Implicações e Debate
A proposta de mobilizar as Forças Armadas para enfrentar ameaças na fronteira gera debates intensos. Críticos argumentam que o uso do Exército para questões domésticas pode ultrapassar limites constitucionais, enquanto apoiadores defendem que a gravidade da situação exige medidas excepcionais. O relatório da Heritage Foundation reforça o papel estratégico do poder militar como ferramenta para proteger a integridade territorial dos EUA diante de uma ameaça considerada catastrófica.
O impacto das recomendações dependerá de decisões políticas e do apoio do Congresso para financiar e implementar as medidas sugeridas.