Família fica desestruturada após imigrante, pai de cinco, ser preso pelo ICE

No dia 26 de janeiro, a vida da família de José Luis, um trabalhador imigrante de 32 anos, mudou drasticamente. Durante uma abordagem de rotina no trânsito no Texas, agentes do Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês) pararam José, pediram documentos e, ao constatarem que ele não os possuía, o levaram algemado. O caso, que poderia ser mais um entre milhares de deportações sob o governo Trump, ganhou contornos dramáticos ao revelar o impacto humano por trás das políticas migratórias.

José Luis chegou aos Estados Unidos em 2010, aos 19 anos, em busca de uma vida melhor. Hoje, é pai de cinco filhos — dois meninos de 11 e 2 anos, e três meninas de 9, 5 e 4 anos — todos nascidos em solo americano. A esposa, Rosa, também mexicana, mas criada no Texas desde os 4 anos, descreve o marido como um homem trabalhador e dedicado à família. “Ele era o único que trazia dinheiro e comida para casa”, disse Rosa em entrevista à imprensa americana.

Com a prisão de José, a família enfrenta uma crise financeira e emocional. Rosa, que agora é a única provedora do lar, já vendeu duas caminhonetes da empresa do marido para cobrir as despesas diárias. A situação ficou tão crítica que a família precisou deixar a casa onde morava e se mudar para a residência dos pais de Rosa. “Todas as contas de casa, as necessidades das crianças... Tanta coisa passou pela minha cabeça quando soube da prisão dele”, desabafou.

Enquanto tenta manter a estabilidade financeira, Rosa também precisa lidar com o impacto emocional da ausência do pai sobre os filhos. A filha mais nova, de apenas 4 anos, não para de perguntar: “Onde está o papai? Quando ele volta pra casa?”. Para não magoar a criança, Rosa responde que “o papai está trabalhando”, mas a incerteza sobre o futuro da família pesa sobre todos.

Cidadania em risco e o medo na comunidade

O caso de José Luis ganhou ainda mais complexidade quando o governo Trump anunciou planos para revogar a cidadania de crianças nascidas nos EUA de pais imigrantes indocumentados. A medida, que afetaria diretamente os cinco filhos do casal, foi suspensa por um tribunal, mas deixou a família em alerta. “Eu sempre me vi como uma menina do Texas. Meus filhos também são americanos. Não é justo que eles sejam punidos por algo que não têm controle”, lamentou Rosa.

A prisão de José Luis não é um caso isolado. Rosa relata que as batidas do ICE têm causado terror na comunidade imigrante do Texas. Comércios estão vazios e algumas ruas, antes movimentadas, estão ficando desertas. “Eu não esperava por isso. Tudo que a gente vê nas notícias é o Texas correndo atrás dos latinos, fazendo todos imigrantes de alvos, e isso é muito triste para nós”, desabafou.

Um amor construído no Texas

José e Rosa se conheceram em uma corrida de carros no Texas e logo se apaixonaram. Rosa já tinha dois filhos de um casamento anterior, e juntos tiveram mais três. A família, que parecia estar construindo uma vida estável, viu seus planos desmoronarem com a prisão de José. Agora, Rosa luta para manter a esperança de que o marido possa voltar para casa e reconstruir a vida que um dia sonharam juntos.

Enquanto isso, a comunidade imigrante do Texas segue em alerta, vivendo sob o medo constante de que a próxima batida do ICE possa separar mais famílias. O caso de José Luis é um retrato doloroso do custo humano das políticas migratórias atuais e um lembrete de que, por trás de cada estatística, há histórias reais de luta, amor e resistência.