Publicado em 28/02/2025 as 12:30pm
Em conferência Governador e xerifes da Flórida reforçam aplicação de leis de imigração
Fonte: Da redação
Xerifes de diversos condados da Flórida, incluindo o xerife do condado de Brevard, Wayne Ivey, declararam-se prontos para colaborar com a administração Trump no reforço das deportações de imigrantes indocumentados. A mensagem foi transmitida em uma conferência de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira pelo xerife do condado de Polk, Grady Judd, que contou com a presença de cerca de 20 outros xerifes de regiões que vão desde Jackson, no Panhandle, até Lee, no sudoeste do estado. Ivey, que tem trabalhado de perto com o governador Ron DeSantis no tema, não compareceu devido a compromissos prévios.
“O Escritório do Xerife do Condado de Brevard está totalmente comprometido com o esforço estadual para combater a imigração ilegal. O xerife Ivey tem estado profundamente envolvido na facilitação dessa iniciativa”, afirmou Tod Goodyear, porta-voz do escritório. “Nas últimas semanas, ele trabalhou em estreita colaboração com o governador, sua equipe e a liderança legislativa no desenvolvimento da recente legislação sobre imigração aprovada durante a sessão especial.”
A nova lei, sancionada por DeSantis após aprovação na Legislatura controlada pelos republicanos, cria um Conselho Estadual de Fiscalização de Imigração, aumenta as penalidades para imigrantes indocumentados que cometem crimes e destina mais de US$ 200 milhões em subsídios para agências de aplicação da lei. Além disso, a legislação exige que todas as agências locais participem do programa federal 287(g), que permite a detenção de suspeitos até que agentes da Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) possam assumir o caso.
Foco em criminosos e deportações
Durante a conferência, os xerifes reiteraram seu compromisso em combater a imigração ilegal, tema que dominou os debates políticos durante as eleições presidenciais de 2024. Bob Gualtieri, xerife do condado de Pinellas, destacou que, embora haja discussões sobre como tratar imigrantes indocumentados que trabalham e não cometem crimes, não há espaço para debate quando se trata de remover aqueles que “vitimam nossos cidadãos”.
“Essas pessoas precisam ser retiradas, e precisam ser retiradas hoje”, afirmou Gualtieri, que também preside o comitê legislativo da Associação de Xerifes da Flórida (FSA). Ele criticou duramente o ex-presidente Joe Biden por ações que, segundo ele, enfraqueceram a capacidade das agências locais de colaborar com o ICE.
Bill Prummell, xerife do condado de Charlotte e presidente da FSA, anunciou que as cadeias dos 67 condados do estado — das quais 57 são operadas por escritórios de xerifes — assinaram acordos com o ICE para auxiliar nos esforços de deportação. Prummell também detalhou que o programa federal oferecerá treinamento em três áreas: serviço de mandados de deportação, prisões com base em causa provável relacionada a procedimentos de deportação e participação em forças-tarefa lideradas por agências federais.
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Críticas e preocupações
Gualtieri rejeitou veementemente qualquer sugestão de que a aplicação da lei na Flórida possa ser baseada no perfil racial ou étnico dos suspeitos, referindo-se a críticas que surgiram em 2012, quando o então presidente Barack Obama encerrou um programa de forças-tarefa após investigações apontarem casos de discriminação racial. “Nós não fazemos perfis raciais. Os policiais farão a coisa certa”, afirmou.
No entanto, ativistas pró-imigração têm protestado contra as ações do governador DeSantis, argumentando que as novas medidas podem levar a abusos e aumentar o medo entre comunidades de imigrantes. Estudos mostram que imigrantes cometem crimes em taxas menores do que cidadãos nascidos nos EUA, mas Gualtieri destacou os 1,4 milhão de pessoas com ordens de deportação definitivas que ainda estão no país.
Capacidade e colaboração federal
Judd enfatizou a necessidade de maior capacidade nas cadeias locais para lidar com o volume de deportações. Desde que Trump assumiu o cargo em 20 de janeiro, agências federais emitiram 700 mil mandados de deportação, mas as cadeias da Flórida não têm espaço para todos. “Precisamos de capacidade, e isso tem que vir do governo federal”, disse Judd.
Enquanto isso, Prummell explicou que os detalhes sobre como as forças-tarefa locais operarão ainda estão sendo definidos. Ele garantiu, no entanto, que os policiais locais terão poderes semelhantes aos do ICE ao lidar com suspeitos de imigração ilegal durante suas atividades rotineiras.
Autodeportação e prioridades
Em um momento emblemático da conferência, Judd usou um par de tênis autografados pelo governador DeSantis para ilustrar sua sugestão de “autodeportação”. Ele também reiterou que a prioridade é deportar imigrantes indocumentados que cometem crimes, seguidos por aqueles com ordens de deportação definitivas. “Se você está aqui ilegalmente e está preocupado, é mais fácil ir para casa do que viver com medo todos os dias”, disse Judd.
A administração Trump revogou recentemente uma política da era Obama que impedia ações de imigração em locais como escolas, igrejas e hospitais. Gualtieri descartou como “hiperbole” e “absurdo” a ideia de que operações ocorrerão nesses locais, mas ressaltou que as autoridades precisam de permissão para entrar quando necessário.