Grande operação da ICE resulta na prisão de quase 400 imigrantes ilegais em cidades santuário de Massachusetts neste fim de semana

Agentes de deportação realizaram uma grande operação em Massachusetts, resultando na captura de quase 400 imigrantes ilegais em apenas alguns dias. A ação, conduzida pelo Immigration and Customs Enforcement (ICE), ocorreu entre 18 e 23 de março e levou à prisão de 370 pessoas no estado. Segundo a agência, 205 dos detidos tinham antecedentes criminais significativos.

A operação teve como foco o combate ao crime organizado, gangues e indivíduos considerados de alta periculosidade. Massachusetts, que historicamente tem entrado em conflito com o governo federal por sua recusa em colaborar com o ICE, tornou-se o cenário dessa ofensiva. De acordo com Patricia Hyde, diretora interina do escritório do ICE em Boston, o objetivo foi retirar das ruas os criminosos estrangeiros mais perigosos, especialmente em áreas de alto índice de criminalidade na cidade e arredores.

O ICE reforçou seu compromisso com a segurança nacional ao atuar em parceria com outras agências federais, incluindo o FBI, a Drug Enforcement Administration e a Customs and Border Protection. Durante a operação, as autoridades prenderam membros de gangues como Tren de Aragua, MS-13, 18th Street e Trinitarios, conhecidos por envolvimento em crimes violentos, incluindo homicídios e tráfico de drogas.

Entre os 205 detidos com antecedentes criminais, seis enfrentam acusações graves, como assassinato, lavagem de dinheiro e crimes relacionados ao tráfico de drogas. A operação também resultou na prisão de dois brasileiros procurados por homicídio, um dominicano acusado de tráfico de fentanil e um hondurenho condenado por estupro infantil e por não se registrar como criminoso sexual.

A procuradora dos EUA para o Distrito de Massachusetts, Leah Foley, reforçou que a imigração ilegal não pode ser tolerada quando está associada a crimes que colocam as comunidades em risco. “Todos devem concordar que não podemos permitir que indivíduos violem nossas leis de imigração e, ao mesmo tempo, cometam crimes graves”, afirmou.

Essa operação em Massachusetts ocorre pouco depois de uma ação similar do ICE em Houston, Texas, que resultou na captura de 646 imigrantes ilegais, dos quais 543 tinham antecedentes criminais. Sob a administração Trump, a fiscalização de fronteiras voltou a ser uma prioridade, com mais de 30.000 prisões de imigrantes ilegais já registradas desde o início de seu mandato.

Massachusetts é amplamente reconhecido como um estado santuário, especialmente após uma decisão judicial de 2017 que limitou a cooperação das autoridades locais com detenções do ICE. Boston, que reforçou sua postura de cidade santuário após a reeleição de Trump, tem sido alvo de críticas. A prefeita Michelle Wu chegou a ser convocada para depor no Congresso sobre a política de não colaboração com o ICE.

Uma investigação local revelou casos preocupantes, como fianças baixas concedidas a não cidadãos acusados de crimes graves, permitindo que fossem liberados antes que o ICE pudesse detê-los. Um caso emblemático foi o de Lucio Tomar, um imigrante ilegal de Cabo Verde, preso diversas vezes por se masturbar em público em Boston ao longo de duas décadas e liberado até ser finalmente capturado pelo ICE em 2024.

Durante um discurso na Conferência de Ação Política Conservadora, Tom Homan, encarregado das deportações no governo Trump, criticou duramente o comissário de polícia de Boston por apoiar as políticas de santuário. “Estou indo para Boston e estou trazendo o inferno comigo”, declarou Homan, desafiando diretamente as autoridades locais.