Justiça dos EUA autoriza governo Trump deportar estudante com green card após protesto pró-Palestina

A Justiça de imigração dos Estados Unidos autorizou na sexta-feira (11) a deportação de Mahmoud Khalil, estudante da Universidade de Columbia e ativista pró-Palestina. Ele possui residência legal permanente no país, mas foi considerado uma ameaça à segurança nacional após participar de protestos contra a guerra em Gaza.

A decisão foi proferida pelo juiz de imigração Jamee Comans, que concluiu que o governo federal apresentou justificativas suficientes para declarar Khalil deportável, mesmo sendo casado com uma cidadã americana. Desde março, o estudante está detido em um centro de detenção na Louisiana.

Segundo a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), que acompanha o caso, a medida representa um grave retrocesso para os direitos civis no país. “É um ataque direto ao direito de se manifestar pacificamente, especialmente em um ambiente acadêmico que deveria preservar a liberdade de expressão”, afirmou a organização em nota.

A justificativa oficial do governo se baseia na alegação de que os protestos liderados por Khalil teriam potencial para comprometer a segurança nacional. No entanto, a defesa aponta ausência de provas concretas que sustentem a acusação.

O caso ocorre em meio a uma onda de repressão contra manifestações universitárias nos EUA, especialmente após a retomada do governo por Donald Trump. O ex-presidente tem classificado protestos pró-Palestina como antissemitas e vem pressionando por ações mais rígidas contra estudantes estrangeiros envolvidos nessas mobilizações.

Além de Khalil, outros estudantes estrangeiros também têm enfrentado medidas semelhantes. Em março, a doutoranda turca Rumeysa Ozturk foi detida por agentes federais em Massachusetts. Seu visto foi cancelado após o Departamento de Segurança Interna alegar – sem apresentar evidências públicas – que ela teria vínculos com o Hamas. Ozturk permanece detida e também corre risco de deportação.

Para entidades de direitos humanos, as ações do governo sinalizam uma escalada preocupante de censura e criminalização da dissidência política. Especialistas alertam que a retórica de segurança nacional está sendo utilizada para reprimir opositores políticos e limitar liberdades fundamentais garantidas pela Constituição americana.

O caso Mahmoud Khalil ainda pode ser levado a instâncias superiores. A equipe jurídica do estudante avalia recorrer da decisão, alegando violações constitucionais e ausência de base legal clara para a deportação. Enquanto isso, a comunidade acadêmica e ativistas de direitos civis seguem mobilizados, denunciando o que consideram uma grave ameaça à democracia e à liberdade de expressão nos Estados Unidos.