Publicado em 20/04/2025 as 4:00pm
Cidadão dos EUA é preso injustamente por Patrulha de Fronteira no Arizona e fica detido por quase 10 dias
Da redação Um cidadão dos Estados Unidos de 19 anos ficou detido por quase 10 dias por...
Da redação
Um cidadão dos Estados Unidos de 19 anos ficou detido por quase 10 dias por agentes da Patrulha de Fronteira no Arizona, mesmo após afirmar diversas vezes que era natural dos EUA. José Hermosillo, residente do estado do Novo México, foi preso em 8 de abril em Nogales, cidade na fronteira com o México, durante uma visita à região de Tucson.
De acordo com documentos judiciais e reportagens da emissora Arizona Public Media (AZPM), os agentes alegaram que Hermosillo estava “sem documentos migratórios apropriados” e que ele teria confessado ter entrado ilegalmente no país vindo do México. Dois dias depois, no entanto, Hermosillo reafirmou em audiência ser cidadão americano. O caso só foi encerrado em 17 de abril, quando um juiz federal finalmente arquivou a acusação.
Durante o tempo em que esteve desaparecido, familiares da namorada de Hermosillo fizeram inúmeras ligações tentando localizá-lo. Ele foi encontrado no Florence Correctional Center, um centro de detenção gerido por uma empresa privada sob contrato com o Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE). A detenção do jovem americano gerou indignação entre defensores de direitos civis e especialistas em direito constitucional.
“Ele disse que era cidadão dos EUA, mas não acreditaram”, contou à AZPM a tia da namorada de Hermosillo. “Acredito que, se não tivessem conseguido levar os documentos ao tribunal a tempo, ele já teria sido deportado para o México.”
A família apresentou sua certidão de nascimento e número de seguro social, o que comprovou sua cidadania e forçou a libertação. Até o momento, o ICE, a Patrulha de Fronteira, o Departamento de Segurança Interna e o advogado de Hermosillo não se manifestaram.
O episódio ocorre em meio a uma onda de endurecimento das políticas de imigração sob o governo Trump. Desde que assumiu o cargo, o presidente autorizou ações agressivas por parte das autoridades imigratórias, incluindo detenções errôneas de turistas, estudantes estrangeiros com vistos cancelados e até a ativação de leis do século XVIII para justificar deportações.
Para o analista jurídico Mark Joseph Stern, a detenção de Hermosillo é um exemplo alarmante do desrespeito ao devido processo legal. “Sob essa teoria de governo, um cidadão americano poderia ser enviado a uma prisão em El Salvador e o governo se recusaria a trazê-lo de volta”, escreveu Stern na plataforma Bluesky. “É exatamente por isso que a Constituição garante o devido processo legal. Poderia ser mais óbvio?”
O caso de José Hermosillo levanta sérias questões sobre o funcionamento e os critérios das agências federais encarregadas de aplicar a lei de imigração – e sobre os riscos enfrentados até mesmo por cidadãos americanos sob políticas cada vez mais radicais.