Publicado em 10/07/2011 as 12:00am
Magnata Murdoch vai a Londres para lidar com escândalo de grampos
O magnata de origem australiana Rupert Murdoch, proprietário do conglomerado de mída News Corporation (News Corp.), chegou a Londres neste domingo para lidar com a profunda crise decorrente do escândalo de grampos ilegais feitos pelo jornal News of The Wo
O magnata de origem australiana Rupert Murdoch, proprietário do conglomerado de mída News Corporation (News Corp.), chegou a Londres neste domingo para lidar com a profunda crise decorrente do escândalo de grampos ilegais feitos pelo jornal News of The World, pertencente ao grupo.
O escândalo, que vem causando comoção no país, levou a News Corp.a decidir fechar as portas do jornal, que circulou por 168 anos. Com 2,6 milhões de cópias, o tabloide era o jornal mais vendido aos domingos na Grã-Bretanha.
O jornal é acusado de ter interceptado milhares de ligações telefônicas de celebridades, políticos, soldados britânicos e pessoas de interesse mídiático, como crianças desaparecidas e seus familiares.
A expectativa é de que a edição final do News of The World bata recordes de vendas: a tiragem deste domingo foi de de quase 5 milhões de cópias neste domingo. Cientes dos danos causados à imagem da corporação, a News Corp. disse que os lucros gerados pela venda serão doados para entidades de caridade.
O escândalo poderá ameaçar os interesses comerciais de Murdoch. Além de controlar alguns dos principais jornais britânicos, o magnata vinha negociando a compra de 100% das ações da BSKyB, a subsidiária britânica da operadora de TV por assinatura Sky, da qual já é acionista minoritário.
O líder da oposição trabalhista, Ed Milliband, pediu que Murdoch desista da empreitada e disse que pretende propor uma votação na Câmara dos Comuns a fim de garantir que a aquisição da operadora de TV por assinatura seja adiada até a conclusão das investigações sobre os grampos ilegais.
Escândalo
O escândalo envolvendo o News of The World veio à tona pela primeira vez em 2006, mas ganhou proporção nos últimos dias, com a denúncia de que um detetive que trabalhava para o tabloide teria grampeado o telefone celular de Milly Dowler, uma menina de 13 anos que desapareceu em 2002.
A manipulação das mensagens, ainda em 2002, fez a polícia e a família da adolescente de 13 anos acreditarem que ela ainda estaria viva, já que sua caixa postal continuava em atividade. O corpo foi encontrado depois.
Logo após a revelação do caso, os jornais britânicos noticiaram que, em busca de histórias exclusivas, o News of the World teria feito escuta nos celulares de parentes de vítimas dos atentados de 7 de julho de 2005, em Londres, e de familiares de soldados britânicos mortos no Afeganistão e no Iraque.
O escândalo fez com que Rupert Murdoch, dono do conglomerado que publica o News of the World, anunciasse o fechamento do jornal. O magnata deve chegar a Londres neste fim de semana, para lidar com os desdobramentos da crise.
Ex-porta-voz
Outro desdobramento foi a prisão, na última sexta-feira, do ex-porta-voz do primeiro-ministro britânico e ex-editor do jornal britânico News of the World, Andy Coulson.
Coulson é suspeito de ter avalizado as escutas telefônicas realizadas por repórteres do jornal e por detetives a serviço do News of The World.
O jornalista foi libertado ainda nesta sexta-feira, sob fiança, após nove horas de interrogatório, em que negou ter conhecimento dos grampos.
Coulson editou o tabloide entre 2003 e 2007 e renunciou ao comando da publicação no mesmo ano, após um de seus repórteres e um detetive terem sido condenados por grampear telefones de integrantes da família real britânica.
No início deste ano, ele renunciou ao cargo de porta-voz de David Cameron, após terem surgido novas denúncias de várias outras invasões de telefones de políticos e celebridades envolvendo jornalistas do News of The World.
Em discurso na sexta-feira, o premiê britânico, David Cameron, chamou para si a responsabilidade pela contratação de Coulson.
"Havia decidido lhe dar uma segunda chance, mas não funcionou. A decisão de contratá-lo foi exclusivamente minha", declarou o premiê, que também criticou os políticos por "fazer vista grossa" a más práticas jornalísticas. Ele já havia pedido uma investigação sobre o escândalo de grampos.
Demissões
O News of The World conta com uma equipe de cerca de 200 profissionais, que provavelmente perderão seus empregos.
Na noite de sábado, todos saíram juntos do prédio do jornal - cada um carregando uma cópia da edição final - ao encontro da imprensa. O editor do periódico, Colin Myler, fez um "tributo a essa equipe maravilhosa", em referência a seus funcionários.
A expectativa é de que a edição final do News of The World bata recordes de vendas: a tiragem deste domingo foi de de quase 5 milhões de cópias. A News Corp. disse que os lucros gerados pela venda serão doados para entidades de caridade.
O Sindicato dos Jornalistas Britânicos protestou contra o fechamento do jornal, afirmando que a medida é de um ''oportunismo cínico'' e que prejudica somente jornalistas profissionais e free lancers, poupando os altos executivos do conglomerado responsável pelo tabloide.
De acordo com o sindicato, quem deveria ser demitida é Rebekah Brooks, executiva-sênior do grupo News International - o braço de jornais britânicos da News Corp - e ex-editora do News of The World entre 2000 e 2003.
A executiva conta com a confiança de Rupert Murdoch, que já disse que pretende mantê-la no cargo.
O primeiro-ministro David Cameron e o liíder da oposição, Ed Milliband, defenderam a demissão de Rebekah Brooks.
Fonte: UOL.COM.BR