Publicado em 13/03/2012 as 12:00am
Agência usa sem-teto como ponto de acesso à internet e causa polêmica
Qual produto recebeu mais atenção do que os outros durante as conferências de tecnologia
Uma agência de publicidade recebeu uma onda de críticas e causou grandes debates após contratar sem-teto locais para andar pelo evento carregando aparelhos com Wi-Fi móvel, oferecendo aos usuários internet em troca de doações.
A BBH Labs, unidade de inovação da agência de marketing internacional BBH, vestiu 13 voluntários sem-teto com os aparelhos, cartões de visita e camisetas indicando seus nomes: "Eu sou Clarence, um hotspot 4G." Eles foram enviados às áreas mais populosas das conferências.
Com a enorme quantidade de pessoas que estão sempre ao celular e nas redes sociais, às vezes a rede celular para de funcionar, o que criaria mercado para um serviço como o "hotspot sem-teto", esperava a BBH, que chama o projeto de "experimento de caridade". Ela paga US$ 20 por dia para cada participante, e eles também podem ficar com qualquer coisa que os usuários doem em troca do serviço de internet.
Mas, assim que foi visto no local e nas redes sociais, o projeto atingiu o nervo de diversas pessoas, que argumentam que transformar pessoas em torres de internet sem fio é exploratório e desconcertante.
Tim Carmody, blogueiro da revista "Wired", descreveu o projeto como "completamente problemático" e que soa como "algo saído de uma ficção científica satírica bem sombria".
Saneel Radia, diretor de inovação da BBH Labs e que comandou o projeto, disse que a agência não quis tirar vantagem dos voluntários sem-teto. Ele argumenta que a empresa já teve sucesso com outros tipos de experimentos, incluindo um em que eles distribuíram celulares aos sem-teto de Nova York, com contas de Twitter criadas, para chamar a atenção de outras pessoas sobre suas condições.
Mitchell Gibbs, diretor de desenvolvimento da Front Steps, o abrigo que acolhe os voluntários do projeto, disse que aconselhou Radia para deixar o programa no formato ideal. Ele diz ter ficado surpreso com todas as críticas ao projeto que, segundo ele, inspirou o "espírito empresarial" entre os sem-teto participantes.
"É uma oportunidade de emprego, independente de quem esteja oferecendo", disse Gibbs.
Os sem-teto voluntários também pareciam não estar preocupados com a questão. Um voluntário, Clarence Jones, 54, contou que era de Nova Orleans e ficou sem casa após o furacão Katrina.
"Todo o mundo pensa que eu cheguei ao fundo do poço com isso, mas eu não me sinto assim", disse Jones. "Eu adoro falar com pessoas, e isso é um trabalho. Um dia honesto de trabalho e de pagamento."
Fonte: (DA UOL)