Publicado em 29/05/2013 as 12:00am
Hizbullah desafia rebeldes e envia reforços para cidade na Síria
Desafiando o ultimato dado pelo Exército Livre da Síria, o grupo extremista libanês Hizbullah enviou reforços à cidade de Qusayr, onde as forças de Bashar al-Assad travam batalha estratégica há mais de uma semana.
O chefe militar da oposição síria havia dado na terça (28) prazo de 24 horas para que o Hizbullah interrompesse suas atividades na Síria, dizendo que perseguiria os militantes "ate o inferno".
Ativistas, no entanto, relatavam nesta quarta-feira que tanto o regime de Assad quanto o grupo Hizbullah enviaram mais combatentes a Qusayr, uma cidade de 25 mil habitantes que serve de rota para a transferência de armamentos para os insurgentes sírios.
O regime de Assad tem interesse especial na cidade por ser a ligação entre sua fortaleza, Damasco, e a costa do Mediterrâneo --região base da população alauita, minoria que compõe o governo.
Segundo um ativista ouvido pela rede de televisão Al Jazeera, houve seis bombardeios a Qusayr durante esta manhã. Dezenas de tanques e de veículos armados foram vistos a caminho dessa cidade, também.
Insurgentes avaliam que o regime de Assad está preparando uma nova ofensiva a Qusayr. A cidade, que permaneceu por meses nas mãos de rebeldes, agora tem grandes porções sob o domínio do ditador. Há controvérsia sobre o quanto resta sob o controle da insurgência.
Para Jaber Zaien, porta-voz da organização síria Comitês Locais de Coordenação, de oposição, a chegada do Hizbullah à cidade de Qusayr transformou o conflito então geográfico em político.
"A importância de Qusayr é pela própria presença do Hizbullah", afirma. "Depois de defender o regime sírio nas sombras, eles agora fazem isso publicamente."
O Hizbullah, que a princípio havia dito só estar interessado em proteger vilas xiitas na região de fronteira, enviou centenas de guerreiros à Síria há mais de uma semana. Segundo a agência de notícias France Presse, foram 1.700 militantes.
É um desenvolvimento importante dentro da organização, que construiu sua imagem em torno da ideia de resistência a Israel. Cruzar as fronteiras ao país vizinho marca o esforço em garantir a permanência do regime de Assad, que serve de trânsito para armas enviadas do Irã.
"O Hizbullah recebe ordens do Irã, e só está lutando por isso", afirma o porta-voz Zaien. "Esse conflito é internacional, e quem está sangrando é o povo sírio."
O gabinete de Assad anunciou que o ditador participará hoje de entrevista no canal Al-Manar, controlado pelo Hizbullah. Imagens serão transmitidas simultaneamente pela TV estatal síria.
O conflito na Síria foi iniciado em março de 2011, com manifestações pacíficas. A ONU estima que mais de 80 mil pessoas já tenham sido mortas em enfrentamentos.
Fonte: www.folha.com.br