Publicado em 18/11/2016 as 12:00pm
Prefeito de Nova York diz a Trump que protegerá imigrantes
De Blasio pediu que prática do 'stop and frisk', defendida pelo magnata, não seja retomada
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, se reuniram por cerca de uma hora na tarde desta quarta-feira na Trump Tower, residência do magnata em Manhattan. De Blasio advertiu Trump que fará "tudo o que for possível" para defender os imigrantes em situação ilegal dos planos do republicano, que anunciou a intenção de deportar três milhões de pessoas.
De Blasio chegou a afirmar, após a vitória de Trump, que poderia eliminar a base de dados dos imigrantes em situação irregular que receberam cartões de identificação da prefeitura. A medida teria o objetivo de evitar que o próximo presidente tivesse acesso a pessoas em situação ilegal no país para eventualmente deportá-las.
O prefeito lembrou que Nova York é considerada uma das "cidades santuário" para imigrantes nos EUA:
- Nova York é a cidade dos imigrantes. É um lugar que teve êxito porque sempre esteve aberto a todos, e foi construído por gerações e gerações de imigrantes. Não vamos sacrificar meio milhão de pessoas que vivem entre nós e são parte da nossa comunidade - declarou De Blasio após a reunião com Trump.
Outro ponto delicado da reunião esteve relacionado à possível indicação de Steve Bannon para o posto de estrategista-chefe na gestão de Trump. Bannon é o presidente do site “Breitbart”, portal conhecido por veicular conteúdo anti-imigração e nacionalista, além de defender o protecionismo econômico, tecla muito reforçada por Trump durante a campanha.
TEMOR DO 'STOP AND FRISK'
Um dos assuntos na pauta do encontro, segundo o próprio De Blasio, foi a polêmica prática do “stop and frisk” (“parar e revistar”), adotada durante a gestão do ex-prefeito Rudolph Giuliani, um dos principais assessores da equipe de transição escolhida por Trump.
Durante a campanha, Trump chegou a incentivar a retomada da prática, considerada inconstitucional em Nova York e combatida pelo democrata De Blasio. O atual prefeito disse ter conversado com Trump sobre “jamais retomar” a prática na cidade. De Blasio afirmou ainda, após a reunião, que conversou com o magnata sobre temores envolvendo seu futuro mandato na presidência dos EUA, devido à retórica adotada contra imigrantes e minorias étnicas.
— Eu queria começar o relacionamento sendo bastante claro e franco. Tentei expressar a ele quanto medo existe. Comuniquei a Trump que muitos nova-iorquinos estão temerosos — declarou De Blasio.
A prática do “stop and frisk” ganhou fôlego na década de 90 durante a gestão de Giuliani, que deu início a um conjunto de medidas de combate à violência e desordem urbana que ficou conhecida como “tolerância zero”. Após uma enxurrada de críticas à eficácia do método e a seu modo de operação, que tinha como alvos principalmente negros e latinos, a juíza Shira Scheindlin considerou que a forma do “stop and frisk” em Nova York representava violações à constituição dos EUA.
O prefeito de Nova York também conversou com Trump sobre medidas de segurança envolvendo o prédio do magnata, onde ele continuará morando até a posse oficial na Casa Branca, em janeiro.
Fonte: Da redação