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Publicado em 14/08/2018 as 8:03am

ANÁLISE: Como a prisão de um pastor evangélico americano ajudou a derreter a lira turca

Andrew Brunson é o pivô da crise que faz a lira turca despencar, resultado de sanções sem precedentes impostas pelos EUA a um aliado da Otan, e colocando a Turquia no mesmo patamar de países rotulados pelos americanos como violadores de direitos humanos.

ANÁLISE: Como a prisão de um pastor evangélico americano ajudou a derreter a lira turca Andrew Craig Brunson, pastor evangélico da Carolina do Norte chega nesta quarta-feira (26) a sua casa em Izmir, na Turquia (Foto: Emre Tazegul/AP Photo)

Um pastor evangélico americano é o pivô da crise que faz a lira turca despencar, resultado de sanções sem precedentes impostas pelos EUA a um aliado da Otan, colocando a Turquia no mesmo patamar de países rotulados pelos EUA como violadores de direitos humanos.

Líder da pequena Igreja da Ressurreição de Izmir, Andrew Brunson, de 50 anos, viveu as últimas duas décadas na Turquia. Foi preso em 2016, na esteira da onda repressora que varreu o país após a tentativa de golpe contra o governo de Recep Tayyip Erdogan.

Ele engrossava a extensa lista de desafetos perseguidos pelo então premier e atual presidente: são juízes, jornalistas, acadêmicos e também cidadãos turcos que têm nacionalidade americana. Brunson é acusado de espionagem e de ligações com dois arqui-inimigos de Erdogan: o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e o clérigo muçulmano Fethullah Gulen, radicado nos EUA, a quem o presidente responsabiliza por orquestrar o golpe.

Atualmente está em prisão domiciliar à espera de julgamento. Se condenado, pode ser sentenciado a 35 anos. Os EUA tacham como farsa as acusações contra o pastor e posicionam o presidente, Donald Trump, e o vice, Mike Pence, na linha de frente de sua defesa, com o argumento de perseguição à fé cristã.

Desde o fracasso do golpe, Erdogan insiste na extradição de Gulen. Tentou usar o pastor como moeda e chegou a cogitar a troca dos dois religiosos, totalmente descartada pelo governo americano. Ao contrário, deflagrou uma onda de sanções, em retaliação à prisão de Brunson, azedando de vez a relação entre os dois países.

Presidente dos EUA, Donald Trump, participa de coletiva de imprensa após participar de cúpula da Otan, em Bruxelas: a tentativa do governio turco de trocar o pastor Brunson pelo clérigo Gulen azedou de vez a relação entre Washington e Ancara (Foto: Yves Herman/ Reuters)

Os EUA incluíram dois ministros turcos, o do Interior e o da Justiça, como alvo de punições, proibindo, entre outras medidas, sua entrada em território americano. A Casa Branca não fez objeções quando o Congresso bloqueou a venda de 100 aviões de combate F-35 para a Turquia. E, por fim, Trump autorizou a duplicação de tarifas sobre o aço e o alumínio da Turquia, colocando a lira em queda livre e arrastando, por tabela, os mercados emergentes.

Para Trump, a disputa com um parceiro da Otan também oferece riscos. De imediato, o de que a Turquia, uma espécie de amortecedor entre o Ocidente e o Oriente e que atualmente abriga milhares de refugiados da Síria, se volte contra a Europa.

Em artigo publicado neste domingo, no “New York Times”, Erdogan ameaçou sair em busca de novos amigos. Também alvos de sanções americanas, Irã, Síria e Rússia assistem ao impasse, prontos para socorrer a Turquia. Este cenário recomenda prudência a Trump: ainda é melhor manter Erdogan em seu clube do que fora dele.

Fonte: Por Sandra Cohen , G1

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